O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, agosto 30, 2022

A MULHER...




"Não existe como ser humano: só a sua juventude, a sua "frescura" lhe conferem uma existência. É coisificada, definida apenas por esta característica volátil que é a sua idade."



EXCELENTE DESCRIÇÃO DESTA SOCIEDADE MACHISTA-CONSUMISTA


"A Juventude (das mulheres) foi, portanto, instituída pela nossa sociedade como um totem, e muito mais: um emblema da virilidade dos homens. Quanto mais jovem e bonita for a mulher com que se expõem, mais os homens se encontram confirmados na sua virilidade. Diz-se que ele " conseguiu o grande prémio ", ou melhor, um " Belo lote ", que ele se portou bem, que ele " conseguiu ".
E o felicitam pelo seu achado, com grandes reforços de bourrades amigáveis e reflexões colegial. A mulher jovem é o equivalente do coupe sport, do relógio de luxo, do cartão gold, tantas extensões visíveis de uma masculinidade que precisa parecer para existir.
Não existe como ser humano: só a sua juventude, a sua "frescura" lhe conferem uma existência. É coisificada, definida apenas por esta característica volátil que é a sua idade.
Mas não nos iludamos: não se trata apenas de uma questão de atracção física. Muitos homens também estão entusiasmados com as possibilidades de dominação oferecidas por este tipo de relação. Se todas as relações em que o homem é mais velho do que a mulher não são, evidentemente, abusivas nem fumados de paternalismo, este tipo de configuração pode rapidamente transformar-se num jogo de poder doentio. Com efeito, é fácil, quando se detém o poder económico e cultural no seu casal, abusar dele.
Como disse no meu anterior artigo, o patriarcado tem aos homens que a vulnerabilidade das mulheres era desejável, uma vez que lhes permite envergar as roupas do Salvador e, assim, pôr em evidência a sua "virilidade". porque eles têm. Cresceu em uma sociedade sexista, muitos homens têm dificuldade em conceber relações amorosas sem essa ideia de poder, de ascendência, sem este esquema binário e estereotipado do homem forte que vem ao socorro da mulher sem defesas. Isso não é necessariamente consciente; estes modelos de casal fazem parte da psique colectiva há séculos."


(Quem souber o nome do autor diga por favor...)

Sem comentários: