O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, agosto 10, 2022

COMO PENSAM AS MULHERES, POR SI OU PELOS HOMENS?




REPETITIVO

Carla Sampaio:
Achei o livro muito repetitivo e sem coerência, como bem a autora declara no final do livro. Igualmente uma emotividade desnecessária nas palavras, transversais a outros temas, quando poderia existir uma neutralidade na apresentação do tema. Talvez usar de pragmatismo na exposição do tema seria benéfico. Estava muito interessada no tema e saí desiludida
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Este comentário ao meu livro Lilith A Mulher Primordial, de uma (não) leitora desconhecida, encontrado na WOOK, mostra-me realmente como as mulheres intelectuais ou pretensamente intelectuais pensam com um ego masculino, em nome da logica, da ordem, gramática, e que pede do livro, organização, neutralidade, pragmatismo e não emoção, tudo isto ao contrário da Mulher... Portanto, razão logica e programação... contra, intuição emoção e desordem ... sim, o sentir pensar da mulher é diametralmente oposto ao do homem.  


COMO PENSAM AS MULHERES? 
 
A mulher moderna, sobretudo as mais jovens,  manteve-se e mantem-se presa desde há décadas ao pensamento masculino, à escrita masculina, à sua filosofia, a sua psicologia, usando as mesmas ideias e conceitos, partindo da "base de dados" dos registos do patriarcado, sendo que ela é apenas uma mulher dividida entre  corpo-sexo e mente-intelecto (cérebro esquerdo), dicotómica, que não entendeu essa MULHER de dentro, (sem ligação ao Principio Feminino (cérebro direito) nem a ferida da sua Psique dividida, como um subproduto da sociedade e da cultura machista, patriarcal e falocrática - e negando certamente que se nasce mulher... 
Este comentário é excelente como exemplo de tudo o que a mulher não é...e encontra-se nos antípodas do que é a mensagem do livro. Para mulheres... não para mulheres-homens! 
E sim, cara Simone de Beauvoir, nasce-se mulher e o que falta à mulher moderna e que veio depois de si, é a ligação com a sua essência... com a sua alma-espírito, com o sentido do sagrado, que você não teve em conta. 
A Verdade irredutível para mim é que a Mulher nasce mulher tal como o homem nasce homem; essas são as coordenadas da Natureza biológica e anímica do homem e da mulher à partida e marca as diferenças entre si, seja do sentir seja do pensar, mas a mulher moderna ficou-se apenas no pensamento cartesiano e logico e pensa e logo julga que é o que pensa!...sem perceber sequer ou dar-se a hipotese de entender  que a sociedade machista e falocrática a modelou à sua maneira e como quer desde que nasce para obedecer ao dono ao pai e ao senhor, e assim anulando todas as características do ser feminino, (excepto o sexo)  relegado para o inconsciente e dai até chegarmos a esta deriva dos géneros foi um passo, para cairmos  precisamente numa construção fictícia social-cultural do que não é o feminino e o masculino, anulando ambos,  porque falta à mulher essa consciência de si como mulher-essência-emoção-intuição! 
Falta à mulher moderna  uma consciência psicológica e ontológica no sentido de uma existência superior para lá das ideias e da vida concreta, mente razão, reduzida ao palco do mundo consumista e materialista dentro da ordem patriarcal.

Sim, o que eu digo  e escrevo só pode ser entendido ao nível de uma visão muito mais alargada e que não pode ser só "positivista", nem marxista, nem logica, e por isso, apesar de concordar com algumas ideias das feministas, e até possa sentir grande afinidade com muito do seu trabalho sem duvida importante do ponto de vista social e economico, faltou-lhes o aprofundamento das raízes da mulher primordial!
A mulher tem de reescrever a sua história e a sua experiência a partir de uma nova consciência de si através  de uma nova linguagem, sim emocional, poética e visionária, a linguagem  da Mulher Integrada. A Mulher Primordial antes da queda... Lilith sim, tem uma palavra a dizer...
rlp


FALAR E ESCREVER MULHER

"Enquanto as mulheres permanecerem em silêncio, estarão excluídas do processo histórico. Mas, se começarem a falar e a escreverem como os homens, entrarão na história subjugadas e alienadas; trata-se de uma história que, logicamente falando, o seu discurso deveria desintegrar

Aquilo de que nós precisamos, tal como propôs Mary Jacobus, é uma escrita de mulher que funcione dentro do discurso "masculino", mas que trabalhe "ininterruptamente para o desconstruir: para escrever o que não pode ser escrito"; e, de acordo com Soshana Felman, " o desafio com o qual a mulher é hoje confrontada é nada menos do que o de "reinventar" a linguagem...o de falar, não só contra, como também fora da estrutura falocêntrica especular, o de estabelecer um discurso cujo estatuto não seja definido pela falácia do significado masculino"

in "GÉNERO, IDENTIDADE E DESEJO"

Antologia Crítica do Feminismo Contemporâneo

Organização de ANA GABRIELA MACEDO


1 comentário:

Luz de Luna disse...

Grata sempre pela sua visão Rosa!! eu estou percebendo está mente e forma de masculina em mim nos últimos anos, mas sempre senti um chamado profundo em mim para o feminino. Muitas vezes me pego escondendo o que tem de poético em mim pois não encontro espaço, pois como já ouvi de outras mulheres não é prático, funcional para se viver nos dias de hoje e acabei por me fechar. Minha própria dança onde expresso meu mundo também passou por isso. Não tinha a aparência que as mulheres queriam, muitas alunas só dançavam comigo em quatro paredes e mostravam para a sociedade outras atividades. Claro não todas, mas eu tenho essa característica de não me fazer entender ou ser reconhecida. Vou seguir buscando minha própria experiência como mulher...logo quero ler comprar seu livro, e sinto e sei o quanto é revelador para nós mulheres.