O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, outubro 12, 2023

A ANULAÇÃO PELO PARADIGMA PATRIARCAL

A ANULAÇÃO DA MULHER NO PARADIGMA PATRIARCAL 
Paradigma - padrão, modelo, exemplo, protótipo, referência, regra, norma, arquétipo...

"E assim vivemos actualmente num sistema falocrático em que o imperativo do falo domina toda a sociedade e anula a mulher da sua própria natureza erógena e sensual. Assim vimos que "O amor romântico, tanto como na pornografia ou na vida, (este paradigma) constitui a celebração mítica da anulação da mulher. Para uma mulher, o amor é definido como o desejo a submeter-se à sua própria aniquilação. A prova do amor é que ela está disposta a ser destruída por aquele que ama, para o bem dele. Para a mulher, o amor sempre envolve o autossacrifício, o sacrifício de sua identidade, da sua vontade e da integridade do seu corpo a fim de satisfazer e redimir a masculinidade de sua amante." 
(?)

O QUE É O FALOCRATISMO.


"Falocentrismo significa que o falo é o centro da sexualidade; que toda a sexualidade se orienta e gira em torno do falo, que é o objeto de todas as pulsões, de todo o desejo, capaz de atrair e absorver o conjunto da energia erótica da mulher. Esta mensagem está sendo interiorizada desde que nascemos, desde o momento em que, como diz Lea Melandri, nossa mãe não está lá como mulher com seu corpo de mulher em gestação extrauterina, mas como mulher do homem para o homem. Ao negar seu corpo, nega todo o fluxo de energia erótica e toda a sexualidade não falocêntrica da mulher. E aprendemos a nos ver através do olhar do homem, e a desvalorizar nosso corpo. Este é o núcleo básico, o germe inicial de uma socialização que será devastadora dos nossos corpos e da nossa energia sexual; não só porque de meninas e adolescentes nós 'perdemos' todo um desenvolvimento - não falocêntrico - da nossa sexualidade, mas também e acima de tudo, porque nosso corpo adulto somatizou toda essa repressão, fez-se um corpo couraçado e duro com um útero imobilizado, sem ter desenvolvido nosso sistema erógênio, e além disso interiorizou a desvalorização e o desprezo do próprio corpo, origem de toda a misoginia, o caudal de emoção envenenada que a sociedade patriarcal encoraja.

À medida que vamos crescendo, já com toda a pressão social, se assenta em nossas mentes uma percepção que subestima e deforma nossos corpos e seu potencial erótico, aceitando que é normal que a regra nos doa todos os meses, que estar grávida é um peso e uma lata por isso que é preciso passar para ter um @ filho @, e que o parto é um mau trago que só graças à epidural e à medicina se palia um pouco. Nos roubaram nossa capacidade erótica, ficando além de nossa consciência e imaginação, o que de fato é nosso corpo e seu sistema erógênico, com todo seu enorme potencial de prazer e sexualidade, que ficou para trás no paraíso matricêntrico de onde fomos expulsas, banido em o Hades ou condenado ao inferno. Não é um eufemismo dizer que somos seres castrados, especialmente referindo-se à mulher ocidental moderna da aldeia global e formada na mídia audiovisual, que estão acabando com os vestígios de sexualidade e sabedoria popular feminina que era transmitida de mães para filhas.

(...)

O assalto ao Hades. - A rebelião de Édipo 1a PARTE

de Casilda Rodrigá ñez Bustos



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