O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, outubro 14, 2023

NÓS NÃO SABEMOS QUEM SOMOS ...

 

 


 

 O EGO É UM MERO MECANISMO DE SOBREVIVÊNCIA

 

Um homem só, uma mulher,

assim escolhidos, de um em um,

são como pó, não são nada,

não são nada.

 

J.A. GOYTISOLO

 

"Ronald Laing diz que a verdadeira saúde mental implica, de um modo ou outro, na dissolução do ego normal.  Nesse sentido o ego é uma perversa impostura (que todos vivemos sem saber).

 Na realidade, como la Polla Records diz, não somos nada.

 Até agora fizemos um pequeno e superficial percurso pelo processo de formação do ego. O ego é um dispositivo que fabricamos para adaptar-nos a esse mundo; porque, de outro modo, psiquicamente não poderíamos suportar nem aguentar o viver nele. A manipulação sistemática das reacções de sobrevivência, junto com as imagens, os conceitos e outras formas de representação, formam, numa parte de nossa psique, o ego.

 O ego é uma imagem falaciosa de nossos sentimentos e emoções; uma determinada perceção de nós mesmos e de como devem ser as relações com os outros. Um introjeção da sociedade em nosso corpo que nos converte em agentes da realização do Poder, como ativo ou como passivo.

 O ego origina-se como mecanismo de sobrevivência para viver com os nossos desejos anulados, e num circuito devastado onde ergueram um mundo que funciona ao contrario da vida, como uma  luta fratricida, em competição, em luta pela posse. O ego é tão patológico para a criatura humana como o é o fratricídio para uma sociedade fraterna.

 Ao longo das nossas vidas experimentamos situações de conflito, de sentimentos e emoções contraditórias, surpreendentes, desestabilizadoras e desestruturadoras. Algumas vezes não conseguimos perceber o que se passa connosco, porque não sabemos aquilo que verdadeiramente somos; não sabemos que a pessoa que se desenvolveu em nós  é uma anomalia psicossomática. Não sabemos que somos criaturas com carências. Não sabemos da nossa ferida nem da nossa carência Básica. Acreditamos que somos uma pessoa com uma personalidade, com um ego mais ou menos isto ou aquilo.   Uma pessoa mais ou menos importante, triunfador@ ou perdedor@; masculina ou feminina. Porém não sabemos que continuamos sendo e apesar de tudo isso uma criatura carente e desejos profundos, que se escondem por debaixo do ego e dessa blindagem social que sofremos, e que o mundo fratricida onde sobrevivemos é um circuito venenoso para essa criatura (sedenta de amor que em nós ignoramos).

 LIVRO: O ASSALTO AO HADES DE CACILDA R. BUSTUS

PAG 271

2 comentários:

Vânia disse...

É mesmo isto. Não sei quem sou. Já o tinha dito antes, na verdade, tirando as frases feitas, sou o que me aconteceu e ajo consoante as experiências. Mecanismos de defesa para sobreviver apenas. Estou em depressão profunda, agora sim isto é que é depressão. E não, não voltei a sorrir perdi o interesse e vontade de tudo. Sinto que morri depois do que me aconteceu. A Vânia que conheceu não existe mais.. Perdi tudo. D que mais dói é a questão Mãe.
E continuo sem saber me definir. Não pretendo rótulos títulos ou status. Pretendo ser aceite acreditada e recuperar a minha dignidade perante tudo e todos. A verdade está apurada pelas autoridades e eu tenho uma mágoa tremenda pela família que me chamou de mentirosa todos estes anos.. creio que por mais que tente seja impulsiva perante os acontecimentos. Mantenho me sóbria até o pesadelo terminar.. depois anseio uma bebedeira de não conseguir subir um degrau. É o meu sentir perante tudo. Sinto falta de Amizades que nunca tive. Sinto falta de chorar no colo de uma Mulher. Normalmente sou eu que lhes dou colo mas até aqui nunca manifestei este desejo antes nem por escrito. Estou arrasada dilacerada com muita febre e suores frios noturnos. Vou na terceira caixa de antibiótico...
Entretanto a Mimi recuperou e está de saúde novamente. Adoro apagar as luzes deitar me e senti lá a entrar debaixo do lençol e dorme toda agarrada a mim. É o melhor que levo da vida é a gatinha Mimi. Perdi tudo Rosa. Perdi TUDO..Ganhei a confiança e a credibilidade das autoridades e perdi tudo o resto. "Família" " amigos."
Pedem me calma paciência para chegarmos a bom porto mas eu estou completamente arrasada com a VERDADE que esteve sempre na minha frente. Não aguento muito mais Rosa. Lamento.

rosaleonor disse...

Nunca o mundo esteve tão mal que me lembre e naturalmente todos sofremos esse impacto a nivel social e psicologico e emocional. Nenhum ser humano pode estar bem ou em paz nesta situação - sim, estamos a perder tudo e a unica coisa que podemos fazer é manter alguma lucidez e equilibrio neste caos...
Sei que nada é fácil nas nossas vidas. E de alguma maneira quase toda a gente está a enfrentar desafios terriveis na vida.
Um abraço
rlp