O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, outubro 03, 2023

O verdadeiro Artista é adverso ao rebanho



UMA MULHER NÃO SE DEFINE E A ARTE CRIAÇÃO TAMBÉM NÃO 


"A ARTE, não existe. Não existe nos termos racionais como a que queremos defini-la. A Arte, sub – entende que ela é filha de um tempo e de um espaço muito seu. É Eterna, menina, mulher e anciã. Ela, apenas vai nascendo e o artista moldando-se à sua expressão … sem nunca perder a sua força, a sua essência. A Arte é indissociável da Criação. Definir Criação é corromper a própria força da gestação. Sempre que começamos a querer definições, entramos no campo da falta de comunicação.
Criar e gerar é despertar e, nesse sentido não nos podemos ater a definições rígidas e racionais. Tudo o que é definido, não é Arte. O definito/definido está limitado, falta-lhe uma asa ou uma dimensão para além de...!! A arte para ser Arte, tem de ter obviamente as duas asas. Porque é o voo que permite fazer sobressair a sua expressão sem estigmatizá-la.
Uma linha num plano vazio, com uma determinada configuração pode despertar todo um sentido de nascimento que não estávamos à espera. E isso é Arte, provavelmente. Está ali e expressa-se e não se sabe como. Apenas acontece! Não é domável e não é parente do excesso de razão. É sabido que o academismo mata a Arte. Corta-se a fonte, embora não queira dizer que não ofereça uma grande bagagem intelectual cheia de ismos, nicas, éticas, logicas. Com certeza que a maioria dos artistas, os verdadeiros, cuja chama sopra mais alto, levaram uma vida para encontrarem a ‘’criança’’ dentro de si, aquela que permite criar por fora de tudo e contra tudo. Anseiam a morte do academismo, que é o excesso de razão e de automatismos e ‘formatismos’. Porque nele, há algo que falha redondamente, que é o respeito pela individualidade e capacidade de cada um. O verdadeiro Artista é adverso ao rebanho."

Para criarmos, temos de encontrar o nosso próprio espaço. Um espaço interno, ausente dos e de outros. Porque a Arte, implica ir a lugares onde não se vai. É um diálogo com a Vida, o Universo – Deus. Por isso muitas vezes criar, entrar em contacto com a própria essência é um desafio e que pode assustar em determinadas fases até ao surgir da Obra num todo que lhe é próprio. A Arte não tem regras, as regras que o homem estipula como faz com as Leis.



NãoSouEuéaOutra in ‘’ensaios sobre a Arte… uma mão no pensamento e o resto na emoção’’

« sobram os tempos da memória. megalíticos presos à vagina dos dias. línguas lambendo a planície do céu. dobram-se as linhas que fazem a tua vontade de amar; o arrepio das mil sedas invadem a retina e não sou mais dona de mim. sou a vida da viagem, o sentido da tua voltagem e a vertigem do teu desejo. 
Não me digas o teu nome. Apenas existo na solidão dos cheios de alma. Trago a memória naufragada de amores intensos. Hoje, sou apenas Eu, mais inteira e, contudo toda nua."

NãoSouEuéaOutra in '' a necessidade de morder a vertigem do desejo ''

«quando penso demais, desdobro-me. apenas uma finalidade, voltar para dentro outra vez.»
 

TEXTOS DE ANA MARIA FERNANDES - 1969 - 2017

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