A Bruxa
O que é ser Bruxa? Que misterioso significado carrega essa tão fascinante palavra? Ser Bruxa é é necessariamente ser adepta do new age? É ter um caldeirão? É fazer feitiços? Andar de preto? Pendurar um pentagrama no pescoço? É carregar títulos, ter iniciação, prever o futuro, ter poderes paranormais, jogar pragas? O que é ser Bruxa volto a perguntar...
(...)
Em primeiro lugar, quero dizer que uma Bruxa não segue necessariamente a Bruxaria (Tradicional, Wicca e qualquer outra tradição), ela pode ser a humilde benzedeira, ela pode ser a católica, a camponesa, a cozinheira, a parteira e etc, etc... A verdade é que todos nós temos um poder guardado,e que foi se atrofiando com o tempo, e que podemos despertar e utilizar independente do caminho que decidimos tomar e isso prova que as Bruxas não são nem diferentes nem mais especiais que ninguém.
Ser Bruxa é colocar toda essa energia atrofiada para funcionar em nosso favor e ao favor do próximo, é praticar a filantropia, é ser universal, é entender e manipular o microcosmo¹ em junção do macrocosmo² para promover a cura, o amor e entendimento da alma. Quando sentimos o poder flui(não o poder egocêntrico), temos um olhar muito mais aguçado e muito mais poético, pois entendemos o mundo; muitas religiões gostam de afirmar que não somos desse mundo, pois ele é de pecado', não, não se enganem, não é o mundo que é mal, mas sim as pessoas que o tornam cruel, devemos fazer do mundo a nossa agradável morada, pois ele em si é uma manifestação de Deus/Deusa (ou como preferir ver a Divindade).
A verdadeira Bruxa quando observa o por do sol, fecha os olhos e sente a alma expandir, ela sente que é tudo, e que entende tudo e consegue traduzir o canto universal, esse misterioso chamado que nos proporciona tão grande bem estar e plenitude de ser. Quando a Bruxa vê a lua, sente que entre elas existe uma ligação muito intima, pois ambas possuem ciclos, fases, ser Bruxa também é isso, é identificar as analogias entre a natureza e o 'Eu' e ver que o que está em cima é o que está embaixo. A Bruxa possui a sabedoria conseguida através da maturidade e das muitas experiências, sem contudo perder o coração doce da criança que descobre o
mundo. De suas mãos brotam a Arte em todos os sentidos, ela tem amor por tudo que faz, tem o toque delicado que acaricia as flores, que tenta tocar as estrelas, que tenta tocar o infinito. Todas sabem que a natureza é uma Mãe sábia, ela nos dá, mas também tira, e que devemos ser sagazes, sermos fortes, e que um dia todos sem exceção, voltaremos para ela, para o grande Útero Universal.
Autor: Moon's tears
(Recebido através da Artémis)
O SORRISO DE PANDORA
“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja.
Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto.
Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado
Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “
In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam
domingo, outubro 31, 2004
sexta-feira, outubro 29, 2004
A COLONIZAÇÃO CRISTÃ EM ÁFRICA
"Vocês, do sul, ainda não são mulheres, são crianças.
Seres reprodutores apenas".
Ou o que a religião cristã fez das mulheres...
“Vocês, do sul, não se preocupam com coisas importantes - a Maua volta à carga . -Fazem amor à moda da Europa. Concentram toda a energia no beijo na boca, como se o beijo valesse alguma coisa. Dizem que pensamos apenas no sexo? Quantos homens do sul abandonaram os lares para sempre? Chamam-nos atrasadas. Vocês só têm livros na cabeça. Têm dinheiro e brilho. Mas não têm essência. Têm boas escolas, empregos, casas de luxo. De que vale tudo isso se não conhecem a cor do amor? De que vale viajar para a lua para quem ainda não viajou para dentro de si próprio? Já fizeste uma viagem para dentro de ti própria, Rami? Nunca, vê-se pela amargura que tens no rosto. O paraíso está dentro de nós, Rami. A felicidade está dentro de nós. Vocês, do sul, ainda não são mulheres, são crianças. Seres reprodutores apenas. Por isso os homens vos abandonam a torto e a direito. A vossa vida a dois não tem encantos. Por isso, mal declararam a independência gritaram: abaixo os ritos de iniciação. O que julgavam que faziam?
(...)
- Não tens culpa - comenta Saly. - Vocês do sul deixaram-se colonizar por essa gente da Europa e os seus padres que combatiam as nossas práticas. Mas que valor tem esse beijo comparado com o que temos dentro de nós? Depois trouxeram a pornografia, essa estupidez só para enganar os incompetentes e entreter os tolos”
(...)
OS SEGREDOS DAS MÃES...
Sofrimento e dor...
- Porque nunca me falou dos feitiços de amor, mãe?
- Foi por causa da religião, filha. Por causa da cidade. O teu pai é um homem de cidade e pouco ligou às tradições. Tinha os seus princípios e só falava português.
- Ensina-me alguns segredos, mãe.
Ela entra num choro silencioso. Um choro de lua e de seda, que me toca, que me fere, que me inspira. Um espectro de luz se abre, tão claro como um espelho, onde a minha linguagem se reflecte. Vejo a tristeza desta mulher à minha frente. Uma mulher triste como eu. Esta imagem de tristeza terão as minhas filhas, temos nós, mulheres de todas as gerações, de todo o universo.
Paro de falar para poupar-lhe mais dores no velho coração e estabeleço com ela um diálogo surdo.
Apetece-me dizer-te, mãe, que o teu problema ainda é mais leve do que o meu. Tens um carrasco como marido. Eu tenho um carrasco e um polígamo.
(...)
Por isso não te digo nada para não aumentar a tua dor, mãe. Mas, mãe, se tu sabias que era assim porque me trouxeste a este mundo, mãe? Será pela mesma razão que não me contaste as causas da morte da tua irmã querida, mãe?”
In NIKETCHE - Uma História de Poligamia
Paulina Chiziane
quinta-feira, outubro 28, 2004
A Mulher e o seu Mistério não é mais do que a dupla natureza da mulher, diferente da dicotomia estabelecida pelo preconceito religioso que reside em dividir a mulher justamente nos aspectos que a tormam integra: sensualidade e doçura, maternidade e erotismo, numa alteridade desses mesmos aspectos e nunca numa sisão da sua natureza que foi o que as religiões patriarcais fizeram ao longo dos séculos.
Separar a mulher da sua sensualidade em função de uma quase casta ou forçada maternidade cria um fosso e uma enorme divisão nas opções das mulheres que são obrigadas a corresponder aos esteriótipos que lhes preconizaram: ser a esposa fiel e frígida só para procriar ou a prostituta suculenta...só para vampirizar!
No ocidente o homem casa com uma só mulher "sem sexo" apenas como procriadora a mãe dos filhos e depois tem a prostituta para conspurcar com o seu desejo de macho sórdido ou pornográfico e que corresponde ao seu imaginário.... No Oriente os homens têm logo à partida várias mulheres, a primeira esposa e as concubinas...todas elas fechadas em casa; enquanto que os ocidentais têm as prostitutas no Bordel ou na rua à deriva ...
Há alguma diferença?
Há, as mulheres ocidentais ganham dinheiro... e as orientais talvez só pancada...mas todas são inferiorizadas e maltratadas. Depois há os filhos não legítimos e há os filhos da puta...e esses são a grande maioria dos homens que neste mundo usam a violência e fazem as guerras. São esses os fanáticos de todos os géneros, fruto dessa divisão de que a primeira vítima é a mulher... Paradoxalmente o homem é o grande mutilado dessa grandeza da mulher como ser Total de que foi privado como filho e amante pois é filho e amante de só metades de mulheres...cada uma para o seu lado.
O RETORNO DA GRANDE DEUSA
(...) mas a antiga detentora da soberania sobre o universo, a causa primeira de toda a existência, e isto muito antes da manifestação do Verbo que, segundo o Evangelho gnóstico de João, era no princípio (e não no começo) do mundo das relatividades concretas.
A arte da Idade Média é o reflexo de um pensamento e esse pensamento, apesar do peso do dogmatismo romano, está longe de ser unívoco. Mesmo que ela não cesse de ser consoladora, e mesmo lenitiva, a virgem medieval transmite mais do que uma mensagem, que remonta à aurora dos tempos e que se manifesta por vezes através de especulações ditas heréticas ou mesmo por meio das aberrações fantasmaticas, a saber: o conceito de uma criação permanente que não pode ser senão de natureza feminina.
Se Maria foi realmente a geradora do divino enquanto “mãe portadora”, ela apenas podia ser a incarnação de um conceito preexistente que se tornou incompreensível, incomunicável e indizível, que aparece através dos diferentes mitos referentes à criação do mundo.
(...) É o que emana da própria tradição cristã, no que ela vai haurir ao Antigo Testamento. “Eu fui criada desde o início e antes dos séculos”, segundo o Eclesiastes.
In A GRANDE DEUSA de Jean Markale
Separar a mulher da sua sensualidade em função de uma quase casta ou forçada maternidade cria um fosso e uma enorme divisão nas opções das mulheres que são obrigadas a corresponder aos esteriótipos que lhes preconizaram: ser a esposa fiel e frígida só para procriar ou a prostituta suculenta...só para vampirizar!
No ocidente o homem casa com uma só mulher "sem sexo" apenas como procriadora a mãe dos filhos e depois tem a prostituta para conspurcar com o seu desejo de macho sórdido ou pornográfico e que corresponde ao seu imaginário.... No Oriente os homens têm logo à partida várias mulheres, a primeira esposa e as concubinas...todas elas fechadas em casa; enquanto que os ocidentais têm as prostitutas no Bordel ou na rua à deriva ...
Há alguma diferença?
Há, as mulheres ocidentais ganham dinheiro... e as orientais talvez só pancada...mas todas são inferiorizadas e maltratadas. Depois há os filhos não legítimos e há os filhos da puta...e esses são a grande maioria dos homens que neste mundo usam a violência e fazem as guerras. São esses os fanáticos de todos os géneros, fruto dessa divisão de que a primeira vítima é a mulher... Paradoxalmente o homem é o grande mutilado dessa grandeza da mulher como ser Total de que foi privado como filho e amante pois é filho e amante de só metades de mulheres...cada uma para o seu lado.
O RETORNO DA GRANDE DEUSA
(...) mas a antiga detentora da soberania sobre o universo, a causa primeira de toda a existência, e isto muito antes da manifestação do Verbo que, segundo o Evangelho gnóstico de João, era no princípio (e não no começo) do mundo das relatividades concretas.
A arte da Idade Média é o reflexo de um pensamento e esse pensamento, apesar do peso do dogmatismo romano, está longe de ser unívoco. Mesmo que ela não cesse de ser consoladora, e mesmo lenitiva, a virgem medieval transmite mais do que uma mensagem, que remonta à aurora dos tempos e que se manifesta por vezes através de especulações ditas heréticas ou mesmo por meio das aberrações fantasmaticas, a saber: o conceito de uma criação permanente que não pode ser senão de natureza feminina.
Se Maria foi realmente a geradora do divino enquanto “mãe portadora”, ela apenas podia ser a incarnação de um conceito preexistente que se tornou incompreensível, incomunicável e indizível, que aparece através dos diferentes mitos referentes à criação do mundo.
(...) É o que emana da própria tradição cristã, no que ela vai haurir ao Antigo Testamento. “Eu fui criada desde o início e antes dos séculos”, segundo o Eclesiastes.
In A GRANDE DEUSA de Jean Markale
quarta-feira, outubro 27, 2004
O FOGO FEMININO
"Enquanto o Fogo da Mulher não for desejado pela consciência do homem, essa consciência será orfã de uma metade de si-mesma. Os profetas dos tempos antigos do nosso povo não tinham Mãe porque eles não a deixavam expressar-se através deles...Mas eis que a partir de agora, tem de ser diferente. Sou eu que apelo ao Fogo Feminino a encontrar o seu lugar e à Mulher a se revelar em toda a humanidade."
"O Coração em chamas, ou o fogo do coração é a metáfora, a forma de que se revestiu nas suas aparências históricas. Mas na terminologia popular, nessa vida que o "coração" levou em seus territórios, o coração não é fogo, mas parece apresentar-se em símbolos espaciais: é como um espaço que dentro da pessoa se abre para acolher certas realidades. Lugar onde se albergam os sentimentos indecifráveis, que saltam por cima dos juízes e daquilo que pode ser explicado.
(...)
Separado da loucura da carne, do engano das sombras, o filósofo retoma a sua natureza, a verdadeira natureza humana. Natureza que não possui sem esforço nem violência.
Aquilo de que a alma é parente está na outra margem do rio da vida.
A filosofia é um exercitar-se em morrer, e a estada de um filósofo entre os homens é muito semelhante à de alguém que já morreu e que, por privilégio especial, obteve a graça de voltar para junto dos homens como mensageiro da violência que faz falta para para que se realize a conversão; como uma chamada do que do outro lado é parente da alterada natureza humana. "
(...)
in A METÁFORA DO CORAÇÃO
MARIA ZAMBRANO
"O ORGASMO É UM PAROXISMO; O DESESPERO TAMBÉM.
UM DURA UM INSTANTE; O OUTRO UMA VIDA "
EMIL CIORAM
"Enquanto o Fogo da Mulher não for desejado pela consciência do homem, essa consciência será orfã de uma metade de si-mesma. Os profetas dos tempos antigos do nosso povo não tinham Mãe porque eles não a deixavam expressar-se através deles...Mas eis que a partir de agora, tem de ser diferente. Sou eu que apelo ao Fogo Feminino a encontrar o seu lugar e à Mulher a se revelar em toda a humanidade."
"O Coração em chamas, ou o fogo do coração é a metáfora, a forma de que se revestiu nas suas aparências históricas. Mas na terminologia popular, nessa vida que o "coração" levou em seus territórios, o coração não é fogo, mas parece apresentar-se em símbolos espaciais: é como um espaço que dentro da pessoa se abre para acolher certas realidades. Lugar onde se albergam os sentimentos indecifráveis, que saltam por cima dos juízes e daquilo que pode ser explicado.
(...)
Separado da loucura da carne, do engano das sombras, o filósofo retoma a sua natureza, a verdadeira natureza humana. Natureza que não possui sem esforço nem violência.
Aquilo de que a alma é parente está na outra margem do rio da vida.
A filosofia é um exercitar-se em morrer, e a estada de um filósofo entre os homens é muito semelhante à de alguém que já morreu e que, por privilégio especial, obteve a graça de voltar para junto dos homens como mensageiro da violência que faz falta para para que se realize a conversão; como uma chamada do que do outro lado é parente da alterada natureza humana. "
(...)
in A METÁFORA DO CORAÇÃO
MARIA ZAMBRANO
"O ORGASMO É UM PAROXISMO; O DESESPERO TAMBÉM.
UM DURA UM INSTANTE; O OUTRO UMA VIDA "
EMIL CIORAM
segunda-feira, outubro 25, 2004
O QUE EU PENSO...
TODOS BUSCAMOS O AMOR DE ALGUÉM
ou o AMOR DE UM/A DEUS/A?
Sowing Seeds of Peace - Eric Drooker
O desejo do amor exclusivo de alguém é talvez um sintoma de doença na humanidade, um estigma que nos marca à nascença neste mundo.UMA ESPÉCIE DE AMPUTAÇÃO DE UMA PARTE OCULTA DE NÓS...
Por mais que tenhamos consciência dessa quase anomalia ela continua como um registo inconsciente, celular, impossível de descartar por vontade própria, assim só porque disso temos consciência ou intuição...Pode levar uma vida inteira a superar este anseio ou sonho, ou quem sabe muitas vidas... À partida, a busca da mãe ou do pai, no amante, a necessidade do consolo ou do abrigo, da protecção...de defesa, seja pois do amante, quer na mulher quer no homem, é sinal da nossa separabilidade e incompletude, por isso todos queremos voltar aos braços de uma Mãe Maior ou ao seu útero, ou simplesmente à origem - que no fundo é o AMOR que todos procuramos - e essa é certamente a grande dor e a grande caminhada na terra e a razão porque nascemos presos por um fio, um cordão umbilical e procuramos toda a vida o prolongamento desse fio no Fio de Ariana, ainda a Mãe, a mulher-deusa deus-amor...que nos faça sair do Labirinto, ou da nossa cegueira congénita...
A ALMA E O ESPÍRITO
Atingir a plenitude do SER EM SI essa seria a grande realização e fim último de cada ser humano...a BUSCA DE UM DUPLO, EM NÓS MESMOS REFLECTIDO NO OUTRO, ESSE É O MISTÉRIO OU TALVEZ A INICIAÇÃO...
Mas, O GRANDE apego à matéria e ao corpo com a qual nos identificamos e de que nos temos de “desapegar” para voltar a Origem, à ESSÊNCIA, impede-nos de ver mais além dela! Sentir mais e para além dos limites dos nossos sentidos, e da razão claro, abarcar novos “sentidos” através da intuição - do coração inteligente - e estabelecer a ligação interior – porque o que está em cima é igual ao que está em baixo - com o Cosmos, ligar a nossa Alma do corpo à alma do Espírito, a Chave que nos abre o nosso potencial enquanto Energia que nos liga à Essência e à Consciência Superior do Cosmos em nós. Isso é o mais difícil e afinal nascer é como que uma armadilha ou de facto uma crucificação...Carregamos uma cruz e sofremos a flagelação...na carne, na mente e nas emoções. É o apego a posse a ganância a gula o desejo...que mais nos faz sofrer sobre a terra - assim diziam os Mestres - e por causa dessa ânsia de ter e possuir, agarrar à força, destruímos tudo quando não temos ou que queremos, logo em criança ao destruir um brinquedo por raiva e frustração...
Adultos, matamos depois outro ser humano se ele nos impede de ter o petróleo ou o ouro que queremos só nosso... ou só porque ele tem e nós não...
Somos assim todos do mais baixo grau ao mais alto, todos queremos conservar o que é “nosso” e assim se estabeleceram leis e propriedades privadas...defendemos sempre o que julgamos nosso do perigo alheio e de quem nos quer roubar seja o afecto seja o dinheiro seja a mulher o carro ou a carteira! Afinal não possuímos nada e acabamos por morrer tal como nascemos: de mãos vazias, reis, ricos, pobres, estúpidos ou inteligentes...
Nada neste Mundo é nosso...e no entanto, dividimos o mundo e odiamo-nos e matamos por isso...
Tudo começa em crianças...
AMAR A NATUREZA E A VIDA
Tudo depende do Amor da Mãe, do respeito que se tem pela Vida e pela Natureza e isso não pode acontecer sem o respeito pela nossa mãe e pelas mulheres em geral...porque é aí que está a primeira desigualdade e o primeiro trauma para as crianças nas sociedades quer no oriente quer no ocidente. Temos de compreender que o mundo dividido inicialmente pelos homens em beneficio próprio, com exclusão e exploração da mulher, não trouxe nada de bom para o mundo. Por mais simplista que isto possa parecer deriva daí a meu ver toda a violência e miséria do mundo. Quando a Mulher atingir o patamar de dignidade em todo o mundo e em paridade com o Homem criar uma nova sociedade equalitária, então sim poderemos ter paz e liberdade. Antes disso as democracias não passam de mentiras elaboradas e em decadência . As revoluções revolveram leis e instituições, mudaram os nomes das coisas mas não mudaram nada em essência, nem nas consciências.
Tudo depende da Consciência Universal (o Uno+Diversos) do Ser humano. Creio que quando os dois princípios do universo - feminino e masculino - se unirem de novo a Humanidade terá paz .
Yin e Yang, luz e sombra...Sol e Lua, Mulher e Homem na plenitude do SER Superior.
Só esse pode ser o caminho!
UM NOVO RUMO PARA TODA A HUMANIDADE
Rosa Leonor Pedro
TODOS BUSCAMOS O AMOR DE ALGUÉM
ou o AMOR DE UM/A DEUS/A?
Sowing Seeds of Peace - Eric Drooker
O desejo do amor exclusivo de alguém é talvez um sintoma de doença na humanidade, um estigma que nos marca à nascença neste mundo.UMA ESPÉCIE DE AMPUTAÇÃO DE UMA PARTE OCULTA DE NÓS...
Por mais que tenhamos consciência dessa quase anomalia ela continua como um registo inconsciente, celular, impossível de descartar por vontade própria, assim só porque disso temos consciência ou intuição...Pode levar uma vida inteira a superar este anseio ou sonho, ou quem sabe muitas vidas... À partida, a busca da mãe ou do pai, no amante, a necessidade do consolo ou do abrigo, da protecção...de defesa, seja pois do amante, quer na mulher quer no homem, é sinal da nossa separabilidade e incompletude, por isso todos queremos voltar aos braços de uma Mãe Maior ou ao seu útero, ou simplesmente à origem - que no fundo é o AMOR que todos procuramos - e essa é certamente a grande dor e a grande caminhada na terra e a razão porque nascemos presos por um fio, um cordão umbilical e procuramos toda a vida o prolongamento desse fio no Fio de Ariana, ainda a Mãe, a mulher-deusa deus-amor...que nos faça sair do Labirinto, ou da nossa cegueira congénita...
A ALMA E O ESPÍRITO
Atingir a plenitude do SER EM SI essa seria a grande realização e fim último de cada ser humano...a BUSCA DE UM DUPLO, EM NÓS MESMOS REFLECTIDO NO OUTRO, ESSE É O MISTÉRIO OU TALVEZ A INICIAÇÃO...
Mas, O GRANDE apego à matéria e ao corpo com a qual nos identificamos e de que nos temos de “desapegar” para voltar a Origem, à ESSÊNCIA, impede-nos de ver mais além dela! Sentir mais e para além dos limites dos nossos sentidos, e da razão claro, abarcar novos “sentidos” através da intuição - do coração inteligente - e estabelecer a ligação interior – porque o que está em cima é igual ao que está em baixo - com o Cosmos, ligar a nossa Alma do corpo à alma do Espírito, a Chave que nos abre o nosso potencial enquanto Energia que nos liga à Essência e à Consciência Superior do Cosmos em nós. Isso é o mais difícil e afinal nascer é como que uma armadilha ou de facto uma crucificação...Carregamos uma cruz e sofremos a flagelação...na carne, na mente e nas emoções. É o apego a posse a ganância a gula o desejo...que mais nos faz sofrer sobre a terra - assim diziam os Mestres - e por causa dessa ânsia de ter e possuir, agarrar à força, destruímos tudo quando não temos ou que queremos, logo em criança ao destruir um brinquedo por raiva e frustração...
Adultos, matamos depois outro ser humano se ele nos impede de ter o petróleo ou o ouro que queremos só nosso... ou só porque ele tem e nós não...
Somos assim todos do mais baixo grau ao mais alto, todos queremos conservar o que é “nosso” e assim se estabeleceram leis e propriedades privadas...defendemos sempre o que julgamos nosso do perigo alheio e de quem nos quer roubar seja o afecto seja o dinheiro seja a mulher o carro ou a carteira! Afinal não possuímos nada e acabamos por morrer tal como nascemos: de mãos vazias, reis, ricos, pobres, estúpidos ou inteligentes...
Nada neste Mundo é nosso...e no entanto, dividimos o mundo e odiamo-nos e matamos por isso...
Tudo começa em crianças...
AMAR A NATUREZA E A VIDA
Tudo depende do Amor da Mãe, do respeito que se tem pela Vida e pela Natureza e isso não pode acontecer sem o respeito pela nossa mãe e pelas mulheres em geral...porque é aí que está a primeira desigualdade e o primeiro trauma para as crianças nas sociedades quer no oriente quer no ocidente. Temos de compreender que o mundo dividido inicialmente pelos homens em beneficio próprio, com exclusão e exploração da mulher, não trouxe nada de bom para o mundo. Por mais simplista que isto possa parecer deriva daí a meu ver toda a violência e miséria do mundo. Quando a Mulher atingir o patamar de dignidade em todo o mundo e em paridade com o Homem criar uma nova sociedade equalitária, então sim poderemos ter paz e liberdade. Antes disso as democracias não passam de mentiras elaboradas e em decadência . As revoluções revolveram leis e instituições, mudaram os nomes das coisas mas não mudaram nada em essência, nem nas consciências.
Tudo depende da Consciência Universal (o Uno+Diversos) do Ser humano. Creio que quando os dois princípios do universo - feminino e masculino - se unirem de novo a Humanidade terá paz .
Yin e Yang, luz e sombra...Sol e Lua, Mulher e Homem na plenitude do SER Superior.
Só esse pode ser o caminho!
UM NOVO RUMO PARA TODA A HUMANIDADE
Rosa Leonor Pedro
domingo, outubro 24, 2004
“Apetece-me dizer a todas estas mulheres : a beleza não está nas cores da tua roupa. Nem na macieza do teu cabelo. Muito menos nas linhas harmoniosas do teu corpo.
A beleza sente-se de olhos fechados. Quando emigras para a lua, no voo da serpente.”
eric drooker
“Respiro um ar amargo. A corda rebenta sempre do lado do mais fraco. O branco diz ao preto: a culpa é tua. O rico diz ao pobre: a culpa é tua. O homem diz à mulher: a culpa é tua. A mulher diz ao filho : a culpa é tua. O filho diz ao cão: a culpa é tua. O cão furioso morde o branco e este furioso, grita de novo para o preto: a culpa é tua. E a roda continua por séclos e séculos.
Penso. Quem inventou a moda feminina foi o homem, só pode ser. Inventou sapato de salto alto para que a mulher não corra, e não fuja ao seu controlo. Se pensasse nela, teria inventado umas botas e mocassinos, sapatos do tamanho do chão, para ela poder caminhar, correr e caçar o sustento, como as amazonas. Inventou as suas saias apertadas para obrigar a mulher a manter as pernas fechadas, coladas. Se pensasse nela, teria inventado umas saias bem rodadas, para andar à vontade e refrescar os interiores, nos dias de verão. No lugar disso, inventou as roupas coladas, atrevidas, para poder deliciar a vista na paisagem ondulada de qualquer uma e masturbar-se com o simples olhar.
Em pleno século vinte e um, os homens vestem-nos do tempo de D. Quixote e dizem que estamos belas. Calcinha . Cinta. Soutien. Meia de vidro. Meia saia. Combinação. Saia, blusa, um casaco ligeirinho para acentuar o ar de senhora. Lenço. Cachecol. Colares. Brincos. Pulseiras. Anéis. Puxinhos de cabelo. Rolos. Ganchos, travessões, bandoletes, e a flor dos campos no canto da orelha. Cinto de castidade. Licaho. E os homens? Só cuecas, calças e camisa. Livres para saltar, correr e caçar. Que diferença, meu Deus!
Apetece-me dizer a todas estas mulheres : a beleza não está nas cores da tua roupa. Nem na macieza do teu cabelo. Muito menos nas linhas harmoniosas do teu corpo. A beleza sente-se de olhos fechados. Quando emigras para a lua, no voo da serpente.”
NIKETCHE
UMA HISTÓRIA DE POLIGAMIA
PAULINA CHIZIANE
NOTA À MARGEM:
Dirão que estou "apaixonada" pela escrita desta mulher africana, e estou. Verdadeiramente fascinada pela VOZ e Consciência de uma Mulher e escritora que fala na sua própria Voz e em harmonia e sintonia com a verdade das mulheres no mund, especialmente em África e não fala no tom que a sociedade patriarcal impôs às mulheres "intelectuais e escritoras em geral, com os seus enredos e teorias de amor e liberdade sem verem que são dominadas e usadas nessas mesmas sociedades e que não têm voz própria, a sua voz original.
O que eu admiro nesta escritora é a Voz ancestral e a consciência do mundo em que vivemos, a nossa prisão nas religiões e filosofias falocráticas e o modo como fomos usadas e exploradas até AOS NOSSOS DIAS e no mais pequeno pormenor das nossas vidas íntimas, massacradas e infelizes em todos os continentes.
ACORDAR em si mesma e denunciar a nossa escravidão aos valores e conceitos do mundo patriarcal e das religiões opressoras da mulher, que ainda hoje nos aprisionam no mundo inteiro não é tarefa fácil...mas esta MUlher fá-lo com naturalidade e beleza. Do fundo do coração, com alma e garra. Como não amá-la?
A beleza sente-se de olhos fechados. Quando emigras para a lua, no voo da serpente.”
eric drooker
“Respiro um ar amargo. A corda rebenta sempre do lado do mais fraco. O branco diz ao preto: a culpa é tua. O rico diz ao pobre: a culpa é tua. O homem diz à mulher: a culpa é tua. A mulher diz ao filho : a culpa é tua. O filho diz ao cão: a culpa é tua. O cão furioso morde o branco e este furioso, grita de novo para o preto: a culpa é tua. E a roda continua por séclos e séculos.
Penso. Quem inventou a moda feminina foi o homem, só pode ser. Inventou sapato de salto alto para que a mulher não corra, e não fuja ao seu controlo. Se pensasse nela, teria inventado umas botas e mocassinos, sapatos do tamanho do chão, para ela poder caminhar, correr e caçar o sustento, como as amazonas. Inventou as suas saias apertadas para obrigar a mulher a manter as pernas fechadas, coladas. Se pensasse nela, teria inventado umas saias bem rodadas, para andar à vontade e refrescar os interiores, nos dias de verão. No lugar disso, inventou as roupas coladas, atrevidas, para poder deliciar a vista na paisagem ondulada de qualquer uma e masturbar-se com o simples olhar.
Em pleno século vinte e um, os homens vestem-nos do tempo de D. Quixote e dizem que estamos belas. Calcinha . Cinta. Soutien. Meia de vidro. Meia saia. Combinação. Saia, blusa, um casaco ligeirinho para acentuar o ar de senhora. Lenço. Cachecol. Colares. Brincos. Pulseiras. Anéis. Puxinhos de cabelo. Rolos. Ganchos, travessões, bandoletes, e a flor dos campos no canto da orelha. Cinto de castidade. Licaho. E os homens? Só cuecas, calças e camisa. Livres para saltar, correr e caçar. Que diferença, meu Deus!
Apetece-me dizer a todas estas mulheres : a beleza não está nas cores da tua roupa. Nem na macieza do teu cabelo. Muito menos nas linhas harmoniosas do teu corpo. A beleza sente-se de olhos fechados. Quando emigras para a lua, no voo da serpente.”
NIKETCHE
UMA HISTÓRIA DE POLIGAMIA
PAULINA CHIZIANE
NOTA À MARGEM:
Dirão que estou "apaixonada" pela escrita desta mulher africana, e estou. Verdadeiramente fascinada pela VOZ e Consciência de uma Mulher e escritora que fala na sua própria Voz e em harmonia e sintonia com a verdade das mulheres no mund, especialmente em África e não fala no tom que a sociedade patriarcal impôs às mulheres "intelectuais e escritoras em geral, com os seus enredos e teorias de amor e liberdade sem verem que são dominadas e usadas nessas mesmas sociedades e que não têm voz própria, a sua voz original.
O que eu admiro nesta escritora é a Voz ancestral e a consciência do mundo em que vivemos, a nossa prisão nas religiões e filosofias falocráticas e o modo como fomos usadas e exploradas até AOS NOSSOS DIAS e no mais pequeno pormenor das nossas vidas íntimas, massacradas e infelizes em todos os continentes.
ACORDAR em si mesma e denunciar a nossa escravidão aos valores e conceitos do mundo patriarcal e das religiões opressoras da mulher, que ainda hoje nos aprisionam no mundo inteiro não é tarefa fácil...mas esta MUlher fá-lo com naturalidade e beleza. Do fundo do coração, com alma e garra. Como não amá-la?
sexta-feira, outubro 22, 2004
UM ESPANTOSO NOVO CREDO NA VOZ DE ÁFRICA...
QUE DEVIA SER UM GRITO ALARMANTE PARA O MUNDO
Madre nossa que estais no céu, santificado seja o vosso nome. Venha a nós o vosso reino - das mulheres, claro -, venha a nós a sua benevolência, não queremos mais violência. Sejam ouvidos os nossos apelos, assim na terra como no céu.
...A Paz nossa de cada dia nos daí hoje e perdoai as nossas ofensas
in NIKETCHE - uma história de poligamia de Paulina Chiziane:
UMA GRANDE E FECUNDÍSSIMA ESCRITORA AFRICANA
UMA VOZ AUTÊNTICA QUE ACORDA DE UM SONO SECULAR...
"Até na Bíblia a mulher não presta. Os santos, nas suas pregações antigas, dizem que a mulher nada vale, a mulher é um animal nutridor de maldade, fonte de todas as discussões, querelas e injustiças. É verdade. Se podemos ser trocadas, vendidas, torturadas, mortas, escravizadas, encurraladas em haréns como gado, é porque não fazemos falta nenhuma. Mas se não fazemos falta nenhuma, porque é que deus nos colocou no mundo? E essa deus, se existe, porque nos deixa sofrer assim? O pior de tudo é que deus parece não Ter mulher nenhuma. Se ele fosse casado, a deusa -sua esposa - intercederia por nós. Através dela pediríamos a benção de uma vida de harmonia. Mas a deusa deve existir, penso. Deve ser tão invisível como todas nós. O seu espaço é de certeza a cozinha celestial.
Se ela existisse teríamos a quem dirigir as nossas preces e diríamos:
>Madre nossa que estais no céu, santificado seja o vosso nome. Venha a nós o vosso reino - das mulheres, claro -, venha a nós a sua benevolência, não queremos mais violência. Sejam ouvidos os nossos apelos, assim na terra como no céu. A Paz nossa de cada dia nos daí hoje e perdoai as nossas ofensas - fofocas, má-lingua, bisbilhotices, vaidade, inveja - assim como nós perdoamos a tirania, traição, imoralidades, bebedeiras, insultos, dos nossos maridos, amantes, namorados, companheiros e outras relações que nem sei nomear...Não nos deixeis cair na tentação de imitar a loucura deles - beber, maltratar, roubar, expulsar, casar e divorciar, violar, escravizar, comprar, usar, abusar e nem nos deixeis morrer nas mãos desses tiranos - mas livrai-nos do mal, Amén.
Uma mãe celestial nos dava muito jeito, sem dúvida nenhuma."
NIKETCHE - uma história de poligamia
Paulina Chiziane
(...)
Vem soleníssima
Soleníssima e cheia
De uma oculta vontade de soluçar,
Talvez porque a alma é grande e a vida pequena,
E todos os gestos não saem do nosso corpo
E só alcançamos onde o nosso braço chega,
E só vemos até onde chega o nosso olhar.
Vem, dolorosa,
Mater-Dolorosa das Angústias dos Tímidos,
Turris-Erbúrnea das Tristezas dos Desesperados,
Mão fresca sobre a testa em febre dos Humildes,
Sabor de água sobre os lábios secos dos Cansados.
Vem, lá do fundo
Do horizonte lívido
Vem sobre os mares,
Sobre os mares maiores,
Sobre os mares sem horizontes precisos,
Vem e passa a mão pelo dorso da fera,
E acalma-o misteriosamente,
O domadora hipnótica das coisas que se agitam muito!
(...)
Fernando Pessoa
QUE DEVIA SER UM GRITO ALARMANTE PARA O MUNDO
Madre nossa que estais no céu, santificado seja o vosso nome. Venha a nós o vosso reino - das mulheres, claro -, venha a nós a sua benevolência, não queremos mais violência. Sejam ouvidos os nossos apelos, assim na terra como no céu.
...A Paz nossa de cada dia nos daí hoje e perdoai as nossas ofensas
in NIKETCHE - uma história de poligamia de Paulina Chiziane:
UMA GRANDE E FECUNDÍSSIMA ESCRITORA AFRICANA
UMA VOZ AUTÊNTICA QUE ACORDA DE UM SONO SECULAR...
"Até na Bíblia a mulher não presta. Os santos, nas suas pregações antigas, dizem que a mulher nada vale, a mulher é um animal nutridor de maldade, fonte de todas as discussões, querelas e injustiças. É verdade. Se podemos ser trocadas, vendidas, torturadas, mortas, escravizadas, encurraladas em haréns como gado, é porque não fazemos falta nenhuma. Mas se não fazemos falta nenhuma, porque é que deus nos colocou no mundo? E essa deus, se existe, porque nos deixa sofrer assim? O pior de tudo é que deus parece não Ter mulher nenhuma. Se ele fosse casado, a deusa -sua esposa - intercederia por nós. Através dela pediríamos a benção de uma vida de harmonia. Mas a deusa deve existir, penso. Deve ser tão invisível como todas nós. O seu espaço é de certeza a cozinha celestial.
Se ela existisse teríamos a quem dirigir as nossas preces e diríamos:
>Madre nossa que estais no céu, santificado seja o vosso nome. Venha a nós o vosso reino - das mulheres, claro -, venha a nós a sua benevolência, não queremos mais violência. Sejam ouvidos os nossos apelos, assim na terra como no céu. A Paz nossa de cada dia nos daí hoje e perdoai as nossas ofensas - fofocas, má-lingua, bisbilhotices, vaidade, inveja - assim como nós perdoamos a tirania, traição, imoralidades, bebedeiras, insultos, dos nossos maridos, amantes, namorados, companheiros e outras relações que nem sei nomear...Não nos deixeis cair na tentação de imitar a loucura deles - beber, maltratar, roubar, expulsar, casar e divorciar, violar, escravizar, comprar, usar, abusar e nem nos deixeis morrer nas mãos desses tiranos - mas livrai-nos do mal, Amén.
Uma mãe celestial nos dava muito jeito, sem dúvida nenhuma."
NIKETCHE - uma história de poligamia
Paulina Chiziane
(...)
Vem soleníssima
Soleníssima e cheia
De uma oculta vontade de soluçar,
Talvez porque a alma é grande e a vida pequena,
E todos os gestos não saem do nosso corpo
E só alcançamos onde o nosso braço chega,
E só vemos até onde chega o nosso olhar.
Vem, dolorosa,
Mater-Dolorosa das Angústias dos Tímidos,
Turris-Erbúrnea das Tristezas dos Desesperados,
Mão fresca sobre a testa em febre dos Humildes,
Sabor de água sobre os lábios secos dos Cansados.
Vem, lá do fundo
Do horizonte lívido
Vem sobre os mares,
Sobre os mares maiores,
Sobre os mares sem horizontes precisos,
Vem e passa a mão pelo dorso da fera,
E acalma-o misteriosamente,
O domadora hipnótica das coisas que se agitam muito!
(...)
Fernando Pessoa
quarta-feira, outubro 20, 2004
"É no paradigma da Grande Mãe
que vejo a fonte cultural da mulher;
por isso lhe chamo matrismo e não feminismo".
A mulher deve seguir as suas próprias tendências culturais, que estão intimamente ligadas ao paradigma da Grande Mãe, que é a grande reserva, a eterna reserva da Natureza, precisamente para os impôr ao mundo ou pelo menos para os introduzir no ritmo das sociedades como uma saída indispensável para os graves problemas que temos e que foram criados pelas racionalidades masculinas.
NATÁLIA CORREIA
HOJE A SAUDADE NO OUTRO LADO DE MIM:
MELUSINE
que vejo a fonte cultural da mulher;
por isso lhe chamo matrismo e não feminismo".
A mulher deve seguir as suas próprias tendências culturais, que estão intimamente ligadas ao paradigma da Grande Mãe, que é a grande reserva, a eterna reserva da Natureza, precisamente para os impôr ao mundo ou pelo menos para os introduzir no ritmo das sociedades como uma saída indispensável para os graves problemas que temos e que foram criados pelas racionalidades masculinas.
NATÁLIA CORREIA
HOJE A SAUDADE NO OUTRO LADO DE MIM:
MELUSINE
terça-feira, outubro 19, 2004
EM GERAL, "As mulheres são duras com as mulheres.
As mulheres não gostam das mulheres."
Quando vasculho minha própria mente, não encontro sentimentos nobres sobre sermos companheiras e iguais e influenciarmos o mundo para fins mais elevados. Descubro-me dizendo, breve e prosaicamente, que é muito mais importante se ser o que se é do que qualquer outra coisa. Não sonhem influenciar outras pessoas, eu diria, se soubesse fazê-lo de forma mais brilhante. Pensem nas coisas como são.
E mais uma vez vem-me à lembrança, mergulhando em jornais e romances e biografias, que, quando uma mulher fala com mulheres, deve ter algo muito desagradável escondido na manga. As mulheres são duras com as mulheres. As mulheres não gostam das mulheres.
As mulheres - mas será que voces não estão completamente fartas da palavra? Garanto-lhes que eu estou. Concordemos, então, em que um artigo lido por uma mulher para mulheres deve terminar com algo particularmente desagradável.
Mas como é isso? Em que posso pensar? A verdade é que freqüentemente gosto das mulheres. Gosto de sua informalidade. Gosto de sua inteireza. Gosto de seu anonimato. Gosto... Mas não devo prosseguir desta maneira. Aquele armário lá... Vocês dizem que ele contém apenas guardanapos limpos, mas e se Sir Archibald Bodkin estiver escondido entre eles? Permitam...
(...)
VIRGINIA WOLF
As mulheres não gostam das mulheres."
Quando vasculho minha própria mente, não encontro sentimentos nobres sobre sermos companheiras e iguais e influenciarmos o mundo para fins mais elevados. Descubro-me dizendo, breve e prosaicamente, que é muito mais importante se ser o que se é do que qualquer outra coisa. Não sonhem influenciar outras pessoas, eu diria, se soubesse fazê-lo de forma mais brilhante. Pensem nas coisas como são.
E mais uma vez vem-me à lembrança, mergulhando em jornais e romances e biografias, que, quando uma mulher fala com mulheres, deve ter algo muito desagradável escondido na manga. As mulheres são duras com as mulheres. As mulheres não gostam das mulheres.
As mulheres - mas será que voces não estão completamente fartas da palavra? Garanto-lhes que eu estou. Concordemos, então, em que um artigo lido por uma mulher para mulheres deve terminar com algo particularmente desagradável.
Mas como é isso? Em que posso pensar? A verdade é que freqüentemente gosto das mulheres. Gosto de sua informalidade. Gosto de sua inteireza. Gosto de seu anonimato. Gosto... Mas não devo prosseguir desta maneira. Aquele armário lá... Vocês dizem que ele contém apenas guardanapos limpos, mas e se Sir Archibald Bodkin estiver escondido entre eles? Permitam...
(...)
VIRGINIA WOLF
segunda-feira, outubro 18, 2004
PAULINA CHIZIANE A ESCRITA NO FEMININO
UMA LIÇÃO PARA AS INTELECTUAIS OCIDENTAIS...
DA INICIAÇÃO MASCULINA:
“- A primeira filosofia é: tratar a mulher como tua própria mãe. No momento em que fechares os olhos e mergulhares no seu voo, ela se transforma na tua criadora, a verdadeira mãe de todo o universo. Toda a mulher é a personificação da mãe, quer seja a esposa, a concubina, até mesmo uma mulher de programa. O homem deve agradecer a Deus toda a cor e luz que a mulher lhe dá, porque sem ela ela a vida não existiria. Um homem de verdade não bate na sua mãe, na sua deusa, na sua criadora.”
(...)
DA INICIAÇÃO DA MULHER
“Não ter amor não é sina, é desastre. Aprende bem esta minha lição. O amor é um investimento. Nasce, morre, renasce, como o ciclo do sol. Olha, não diz que não te ensinei. O amor é o pavio aceso, cabe a ti manter a chama. Tudo o resto são truques, minha linda. Técnicas. Artimanhas. Tudo na vida é mortal, tudo se apaga. Se a tua chama se apaga é em ti que está a falta. Faz o que te digo e magia nenhuma te derrubará nesta vida. Tu és feitiço por excelência e não deves procurar mais magia nenhuma. Força. Fraqueza. Salvação. Poerdição. O universo inteiro cabe nas curvas de uma mulher.”
In NIKETCHE uma história de poligamia
De PAULINA CHIZIANE
A beleza da verdade inicial nas palavras de uma africana na sua pureza máxima, longe dos conceitos redutores da sociedade ocidental e a sua “arte e literatura” masculina, em que a mulher é reduzida a um instrumento de alienação e desprezada...
Eis um excerto de uma entrevista da escritora moçambicana:
(...)
>A Inocência Mata descreveu-o como um livro femininista. Concorda?
Quando pronuncio a palavra femininista, faço-o entre aspas, porque não quero associar-me às loucuras do mundo. É um livro feminino porque nele exponho a mulher e o seu mundo, embora não seja uma obra onde desafie o estatuto da própria mulher. Isso ajuda a reflectir e a reconhecer afinal quem é a "mulher" com que nós vivemos. É a minha forma de contribuir para a compreensão dessa realidade e, quem sabe, ajudar a definir novos caminhos. Também é uma paixão. Gosto de escrever sobre mulheres. Vou escrever sobre o quê, se não sobre o que sei?! Não sou capaz de ter uma visão assexuada da vida.
>A Paulina escreve no feminino?
-Sou uma mulher e sinto as coisas como mulher que sou. Como é que não hei-de ver as coisas como uma mulher, como é que não hei-de usar as palavras que as mulheres usam? As mulheres quando se juntam têm a sua linguagem própria, a sua visão e a sua maneira singular de expressar as coisas. Por exemplo, numa ilha no sul de Moçambique as mulheres quando se cruzam com outras mulheres, saúdam-se de forma quase ritual e ficam ali uns bons quinze minutos a fazê-lo. O homem, normalmente pescador, quando encontra um amigo diz "bom dia" e o outro responde "Yhaaa". E acabou. Cada um vai para o seu lado. As palavras e as expressões dum e doutro mundo (masculino e feminino) são efectivamente diferentes.
(...)
Todas as mulheres do livro que tentaram demonstrar a sua insatisfação perante a vida que levavam acabaram por ser punidas. Passa-se o mesmo na vida real?
Toda a mulher que luta por uma mudança é sempre punida e esse é, efectivamente, o mundo real que descrevo.
(...)
>A sociedade moçambicana reprime as mulheres?
Digamos que sim, mas não podemos olhar para o país como um todo nesta matéria. Temos as regiões do sul e do centro, que são regiões patriarcais por excelência. O norte já tem características diferentes. É uma região matriarcal, onde as mulheres têm outras liberdades. Acho que Gaza, província de onde sou oriunda, é a região mais machista de Moçambique. Uma mulher, além de cozinhar e lavar, para servir uma refeição ao marido tem de o fazer de joelhos. Quando o marido a chama, ela não pode responder de pé. Tem que largar tudo o que está a fazer, chegar diante do marido e dizer "estou aqui". Há pouco tempo um jornalista denunciou um professor de Gaza. Nas aulas quando fazia uma pergunta os rapazes respondiam de pé, mas obrigava as meninas a responderem de joelhos. Quando as alunas íam ao quadro, tinham que caminhar de joelhos e só quando lá chegavam é que se punham de pé. O professor foi criticado e prometeu mudar. Mas para a comunidade ele estava a agir correctamente.
domingo, outubro 17, 2004
“NIKETCHE
UMA HISTÓRIA DE POLIGAMIA”
(...)
Entro em pânico. Enquanto eu soluço a imagem dança. Paro do soluçar e fico em silêncio para escutar a canção mágica desta dança. É o meu silêncio que escuto. E o meu silêncio dança, fazendo dançar o meu ciúme, a minha solidão, a minha mágoa. A minha cabeça também entra na dança, sinto vertigens. Estarei eu a enlouquecer?
- Porque danças tu, espelho meu?
- Celebro o amor e a vida. Danço sobre a vida e a morte. Danço sobre a tristeza e a solidão. Piso para o fundo da terra todos os males que me torturam. A dança liberta a mente das preocupações do momento. A dança é uma prece. Na dança celebro a vida enquanto aguardo a morte. Porque é que não danças?
(...)
De PAULINA CHIZIANE
Paulina Chiziane, escritora moçambicana de 46 anos, é uma das mais recentes descobertas da literatura lusófona. Há um mês esteve em Portugal num encontro que juntou escritores da língua portuguesa e espanhola. Antes de regressar a Maputo de malas e bagagens - «sempre que venho a Portugal levo 15 kg de livros para mim e para os meus filhos» - o JL entrevistou-a
(...)
JL - A Paulina escreve no feminino?
P.C. - Às vezes é um bocado difícil lidar com essas expressões. Mas pronto, eu escrevo no feminino sim senhor. Porque o mundo afinal é todo feminino ou masculino, até as palavras... Eu à minha maneira tento colocar a visão da mulher nos espaços literários.
JL - Como as protagonistas dos seus livros?
P.C. - Sim, as personagens preferidas dos meus três livros são heroínas. Mulheres que vivem em conflito com o mundo de repressão que as envolve. E eu tento desmistificar que essa repressão não deriva de um sistema colonial ou do imperialismo, mas que afinal de contas é dentro da família que se geram todos os pequenos e grandes mecanismos que reprimem a mulher. Contudo, outro elemento comum aos meus livros e à temática da repressão da mulher é que as personagens femininas não rompem com o espaço vivencial onde vivem, ou seja por mais que sofram com a turbulência do mundo que as oprime, elas não rompem com a sociedade. Ao contrário do feminismo radical que considera que a mulher deve encontrar um espaço de independência em relação à sociedade, nos meus livros a mulher luta por um espaço de liberdade dentro de uma relação de interdependência e complementaridade com o mundo masculino.
(...)
sábado, outubro 16, 2004
MARIA DE MAGDALA
SACERDOTISA DO TEMPLO DA DEUSA
"Com toda a objectividade, apenas podemos constatar a eliminação quase total de uma mulher discípula de Jesus, aquela a quem pudicamente costumamos chamar a “Madalena” e à qual é preferível restituir o seu nome de origem: Maria de Magdala.
Os comentadores, prudentes e desconfiados, fazem dela uma prostituta arrependida conquistada pelo amor de Jesus e convertida à sua vista. A realidade deve ser totalmente diferente. Primeiramente para os hebreus, a prostituição não tem o sentido que lhe atribuímos actualmente: prostituir-se, e , nos antigos templos bíblicos, “sacrificar à Deusa”, coisa imperdoável, visto que os hebreus apenas tinham a devoção para com um deus masculino único e por quem eles lutaram durante séculos para estabelecer a sua autoridade apesar dos desvios, referidos na Bíblia em favor da Deusa do Médio Oriente, essa Istar babilónica cujos templo eram lugares de prostituição, dito de outra forma, de culto erótico que consistia na união de um homem com a sacerdotisa, incarnação transitória da Deusa. Trata-se de um ritual sagrado, religioso e não comércio, trata-se de união com a divindade e não simples satisfação carnal."
"Ora sabe-se que Magdala era um lugar consagrada à Grande Deusa. É provável que a enigmática Maria de Magdala, tão cuidadosamente posta de lado, seja a grande sacerdotisa do templo dessa Deusa. Donde o qualificativo de “prostituta” que acompanha, mesmo que, como primeira testemunha da ressurreição de Cristo, se lhe perdoe todo o seu passado “demoníaco”."
(...)
in A Grande Deusa de JEAN MARKALE
SACERDOTISA DO TEMPLO DA DEUSA
"Com toda a objectividade, apenas podemos constatar a eliminação quase total de uma mulher discípula de Jesus, aquela a quem pudicamente costumamos chamar a “Madalena” e à qual é preferível restituir o seu nome de origem: Maria de Magdala.
Os comentadores, prudentes e desconfiados, fazem dela uma prostituta arrependida conquistada pelo amor de Jesus e convertida à sua vista. A realidade deve ser totalmente diferente. Primeiramente para os hebreus, a prostituição não tem o sentido que lhe atribuímos actualmente: prostituir-se, e , nos antigos templos bíblicos, “sacrificar à Deusa”, coisa imperdoável, visto que os hebreus apenas tinham a devoção para com um deus masculino único e por quem eles lutaram durante séculos para estabelecer a sua autoridade apesar dos desvios, referidos na Bíblia em favor da Deusa do Médio Oriente, essa Istar babilónica cujos templo eram lugares de prostituição, dito de outra forma, de culto erótico que consistia na união de um homem com a sacerdotisa, incarnação transitória da Deusa. Trata-se de um ritual sagrado, religioso e não comércio, trata-se de união com a divindade e não simples satisfação carnal."
"Ora sabe-se que Magdala era um lugar consagrada à Grande Deusa. É provável que a enigmática Maria de Magdala, tão cuidadosamente posta de lado, seja a grande sacerdotisa do templo dessa Deusa. Donde o qualificativo de “prostituta” que acompanha, mesmo que, como primeira testemunha da ressurreição de Cristo, se lhe perdoe todo o seu passado “demoníaco”."
(...)
in A Grande Deusa de JEAN MARKALE
quarta-feira, outubro 13, 2004
O PODER DA MULHER
"Os homens que se crêem os dominadores do mundo e os reguladores da ordem estabelecida não imaginam nem por um instante que o seu poder não é senão passividade e que o poder da mulher, que eles desprezam (mas de quem também duvidam e invejam), é o poder activo. Assim se explica que em certas línguas que conservaram a memória das épocas anteriores, a germânica, a celta e a semítica, para só falar dessas, o sol seja feminino e a lua masculina.
É neste espírito que inúmeros cultos atestam uma certa feminização do padre. Ele veste, sobretudo para as cerimónias, um hábito claramente feminino, com adereços que o não são menos.
(...)
Descuramos bastante este travestiamento fazendo dele uma componente homossexual. O ritual dessas religiões teria comportado um certo número de actos relacionados ou não com a homossexualidade, sendo os homossexuais considerados como seres intermediários, assim como os loucos e as pessoas “alucinadas”(bêbadas), e portanto dotados de poderes sobrenaturais. Não parece que esta seja uma explicação satisfatória. No entanto não podemos negar que a homossexualidade tenha sido expandida em todo o lado desde a mais alta antiguidade, e que fazia parte de certos rituais, embora sem esquecer antes de mais que se tratavam de religiões de culto da Grande Deusa.
(...)
Com efeito, o homem primitivo invejava à Mulher o seu mistério, a sua ambiguidade fundamental, o seu poder de dar a vida, o homem moderno porém esqueceu, pela sua educação completamente masculinizada, este desejo metafísico da Mulher Divina. Esse desejo encontra-se no estado inconsciente em todos os indivíduos. Os poetas e os artistas os traduzem nas suas obras, os outros nos seus comportamentos aparentemente inexplicáveis ou simplesmente aberrantes como é o caso da imitação fisiológica e do fetichismo do vestuário.
(...)
O padre que oficia nos seus trajes de cerimónia, todos de origem feminina, e o travesti, castrado ou não, obedecem a um mesmo desejo. Destapar uma ponta do véu , descobrir o famoso véu de Ìsis.
(...)
Á força de rejeitar o que a Feminilidade traz como solução à angústia do homem, cria-se em todo o caso uma humanidade perfeitamente neurótica.
(...)
Suprimindo a noção de Mãe-Divina, ou submetendo à autoridade de um deus-pai, desarticulou-se o mecanismo instintivo que fazia o equilíbrio inicial: daí advém todas as neuroses e outros dramas que sacodem estas sociedades paternalistas.
(...)
Esta querela entre o natural-instintivo e a razão, nunca passou de uma falsa questão, sendo responsável pela cegueira desta sociedade que, querendo corrigir o instintivo, castrou o ser humano do que era a sua profunda natureza.
(...)
In LA FEMME CELTE - de Jean Markale
(Excertos traduzidos directamente do francês)
"Os homens que se crêem os dominadores do mundo e os reguladores da ordem estabelecida não imaginam nem por um instante que o seu poder não é senão passividade e que o poder da mulher, que eles desprezam (mas de quem também duvidam e invejam), é o poder activo. Assim se explica que em certas línguas que conservaram a memória das épocas anteriores, a germânica, a celta e a semítica, para só falar dessas, o sol seja feminino e a lua masculina.
É neste espírito que inúmeros cultos atestam uma certa feminização do padre. Ele veste, sobretudo para as cerimónias, um hábito claramente feminino, com adereços que o não são menos.
(...)
Descuramos bastante este travestiamento fazendo dele uma componente homossexual. O ritual dessas religiões teria comportado um certo número de actos relacionados ou não com a homossexualidade, sendo os homossexuais considerados como seres intermediários, assim como os loucos e as pessoas “alucinadas”(bêbadas), e portanto dotados de poderes sobrenaturais. Não parece que esta seja uma explicação satisfatória. No entanto não podemos negar que a homossexualidade tenha sido expandida em todo o lado desde a mais alta antiguidade, e que fazia parte de certos rituais, embora sem esquecer antes de mais que se tratavam de religiões de culto da Grande Deusa.
(...)
Com efeito, o homem primitivo invejava à Mulher o seu mistério, a sua ambiguidade fundamental, o seu poder de dar a vida, o homem moderno porém esqueceu, pela sua educação completamente masculinizada, este desejo metafísico da Mulher Divina. Esse desejo encontra-se no estado inconsciente em todos os indivíduos. Os poetas e os artistas os traduzem nas suas obras, os outros nos seus comportamentos aparentemente inexplicáveis ou simplesmente aberrantes como é o caso da imitação fisiológica e do fetichismo do vestuário.
(...)
O padre que oficia nos seus trajes de cerimónia, todos de origem feminina, e o travesti, castrado ou não, obedecem a um mesmo desejo. Destapar uma ponta do véu , descobrir o famoso véu de Ìsis.
(...)
Á força de rejeitar o que a Feminilidade traz como solução à angústia do homem, cria-se em todo o caso uma humanidade perfeitamente neurótica.
(...)
Suprimindo a noção de Mãe-Divina, ou submetendo à autoridade de um deus-pai, desarticulou-se o mecanismo instintivo que fazia o equilíbrio inicial: daí advém todas as neuroses e outros dramas que sacodem estas sociedades paternalistas.
(...)
Esta querela entre o natural-instintivo e a razão, nunca passou de uma falsa questão, sendo responsável pela cegueira desta sociedade que, querendo corrigir o instintivo, castrou o ser humano do que era a sua profunda natureza.
(...)
In LA FEMME CELTE - de Jean Markale
(Excertos traduzidos directamente do francês)
Hoje, vi na televisão, por acaso, enquanto esperava que o dentista me atendesse, a Missa a Nossa Senhora, em Fátima, na maior manifestação de devoção à DEUSA MÃE na Terra, mas ainda e desde sempre acompanhada e seguida dos seus usurpadores, os padres abutres, com vestes e paramentos de mulher e que rejeitam o Princípio Feminino e a mulher nos seus cultos de misoginia e a relegaram para as celas dos seus mosteiros e sacristias de capelas obscuras, em trabalhos subalternos para remissão dos seus pecados.
Para mim o seu credo em deus pai todo poderoso criador do céu e da terra e seu único filho é uma traição a Cristo, à Mãe, à Mulher e à Humanidade. Por essa razão sou agnóstica e pagã . A seguir outro caminho que não o da Deusa Mãe, seria sem dúvida Budista.
“sem mãe não se pode amar, sem mãe não se pode morrer”
- Deste trecho salienta-se sem dúvida a importância da Mãe iniciadora, da Mãe que dá a vida e a morte...Quando se conclui que sem Mãe não se pode amar nem morrer, está-se a dizer mesmo sem querer que a sociedade patriarcal ao matar a Mãe como princípio de vida e anular a Mulher no seu potencial mediúnico e curador enquanto sacerdotisa por direito, está a impedir todos os seres de amar e de saber morrer, porque só se pode saber morrer amando a vida o nosso corpo e a natureza e quem nos dá a vida e representa as forças da própria Terra. Quem não ama a Mãe e a Deusa, não respeita as mulheres, não pode respeitar a natureza. É por isso que o mundo se encontra neste estado de desequilíbrio e guerra onde os filhos sem mãe ou os filhos da ”puta” que os homens criaram ao dividir a mulher em duas, só sabem odiar e matar e ver no próximo um inimigo a abater, sem ver que o verdadeiro inimigo está dentro deles próprios!
Sem a Grande Mãe, sem a Deusa e sem o Princípio Feminino, o Mundo caminha inexoràvelmente para o caos que é já visível em que as sociedades belicosas e falocráticas se armam e recorrem aos exércitos, dizendo para defesa, mas apenas para atacar aqueles que não estão sob o seu jugo ou domínio, em vez de se darem e amarem uns aos outros como pregam os seus dogmas!
Vivemos num mundo às avessas...em que as mulheres se tornam soldados e lutam umas contra as outras em vez de se unirem...
Este foi o legado que o patriarcalismo e as sociedades falocráticas nos imposeram a fim de melhor dominar metade da humanidade, destruindo o equilíbrio de todo o Planeta.
Só pelo Acordar do Fogo Feminino, e o seu Princípio, tanto no homem como na mulher, e a união dos dois, esse equíbrio será restabelecido assim como a paz na Terra.
Para mim o seu credo em deus pai todo poderoso criador do céu e da terra e seu único filho é uma traição a Cristo, à Mãe, à Mulher e à Humanidade. Por essa razão sou agnóstica e pagã . A seguir outro caminho que não o da Deusa Mãe, seria sem dúvida Budista.
“sem mãe não se pode amar, sem mãe não se pode morrer”
- Deste trecho salienta-se sem dúvida a importância da Mãe iniciadora, da Mãe que dá a vida e a morte...Quando se conclui que sem Mãe não se pode amar nem morrer, está-se a dizer mesmo sem querer que a sociedade patriarcal ao matar a Mãe como princípio de vida e anular a Mulher no seu potencial mediúnico e curador enquanto sacerdotisa por direito, está a impedir todos os seres de amar e de saber morrer, porque só se pode saber morrer amando a vida o nosso corpo e a natureza e quem nos dá a vida e representa as forças da própria Terra. Quem não ama a Mãe e a Deusa, não respeita as mulheres, não pode respeitar a natureza. É por isso que o mundo se encontra neste estado de desequilíbrio e guerra onde os filhos sem mãe ou os filhos da ”puta” que os homens criaram ao dividir a mulher em duas, só sabem odiar e matar e ver no próximo um inimigo a abater, sem ver que o verdadeiro inimigo está dentro deles próprios!
Sem a Grande Mãe, sem a Deusa e sem o Princípio Feminino, o Mundo caminha inexoràvelmente para o caos que é já visível em que as sociedades belicosas e falocráticas se armam e recorrem aos exércitos, dizendo para defesa, mas apenas para atacar aqueles que não estão sob o seu jugo ou domínio, em vez de se darem e amarem uns aos outros como pregam os seus dogmas!
Vivemos num mundo às avessas...em que as mulheres se tornam soldados e lutam umas contra as outras em vez de se unirem...
Este foi o legado que o patriarcalismo e as sociedades falocráticas nos imposeram a fim de melhor dominar metade da humanidade, destruindo o equilíbrio de todo o Planeta.
Só pelo Acordar do Fogo Feminino, e o seu Princípio, tanto no homem como na mulher, e a união dos dois, esse equíbrio será restabelecido assim como a paz na Terra.
terça-feira, outubro 12, 2004
“O FEMININO DO SER
Para acabar de vez com a costela de Adão”
OU PARA ACABAR COM A DEFORMAÇÃO DAS MULHERES...
“A mulher realmente mulher, iniciada nos mistérios do amor e da maternidade, nos da sua “carne” seja qual for o grau do Eros verdadeiro onde eles são vividos, engendra em si mesma os espaços alados do Espírito Santo! Pelo seu hemisfério direito aberto na aurora da sua vida, ela não parece perder totalmente o contacto; mantém-se tão sensível ao outro lado das coisas, tão rebelde ao seu encerramento nas prisões do racional, tão prostrada quando se sente amarrada pelas algemas da lei! Quando a masculinização das escolas a não deformou...Mas a verdade é que ela hoje está tão deformada!
A carruagem da masculinização, que trouxe a mesma braçada o racionalismo religioso e o positivismo científico, provocou a dessacralização da sexualidade e a redução do Eros ao mero festim corporal - se é que ainda é festim! Confusão, perda total de referências, anarquia...”
(...)
"Com efeito, reina tanta ou maior confusão quanto mais a clivagem se cava no coração da humanidade...”
“O amor-sexualidade e o amor-espiritualidade são a emergência de uma mesma seiva da árvore humana, a dois níveis diferentes mas indissociáveis: o Eros.”
Annike de Souzenelle
(Excertos do Livro)
domingo, outubro 10, 2004
WANGARI MAATHAI e ELFRIEDE JELINEK
PRÉMIOS NOBEL DA PAZ E DA LITERATURA.
NATÁLIA CORREIA
Direi aqui, como Natália Correia, até agora a única escritora portuguesa consciente dessa Mariz que eu conheça em Portugal disse:
“ACHO que não vale a pena a mulher libertar-se para imitar os padrões patristas que nos têm regido até hoje. Ou valerá a pena, no aspecto da realização pessoal, mas não é isso que vem modificar o mundo, que vem dar um novo rumo às sociedades, que vem revitalizar a vida.
A mulher deve seguir as suas próprias tendências culturais, que estão intimamente ligadas ao paradigma da Grande Mãe, que é a grande reserva, a eterna reserva da Natureza, precisamente para os impôr ao mundo ou pelo menos para os introduzir no ritmo das sociedades como uma saída indispensável para os graves problemas que temos e que foram criados pelas racionalidades masculinas.
>É no paradigma da Grande Mãe que vejo a fonte cultural da mulher; por isso lhe chamo matrismo e não feminismo.
É aquilo a que eu chamo o cansaço do poder masculino que desemboca no impasse temível do tal equilíbrio nuclear que criou uma situação propícia a que os valores femininos possam emergir, transportando a sua mensagem.”*
Se existe pois esperança para este mundo ela reside nas mulheres. Não apenas porque são “mulheres”, pois poucas mulheres ainda ACORDARAM para a essência do Princípio Feminino ou fazem justiça à dimensão do seu verdadeiro ser - à Matriz desse feminino que encarnam e de que estão afastadas há milénios - mas porque têm o potencial de o vir a ser em toda a acepção da palavra.
WANGARI MAATHAI
Será pois como representates fiéis do Princípio Feminino, princípio pacificador e revolucionário, e o seu Fogo regenerador, oculto e dissipado pela força de dominação do Princípio Masculino que poderá fazer a diferença e restabelecer o Equilíbrio das sociedades, tirando a venda da cegueira da Justiça e restabelecer a verdade do Amor humano, na sua igualdade e liberade.
Será a Sabedoria inata do feminino, esmagado há séculos pelo poder “patrista” ou patriarcal de todas as igrejas e as suas crenças religiosoas ideológicas ou políticas, que dominam o mundo há milénios, pela opressão e ignorância (nomeadamente das mulheres) e as suas “guerras santas”, (quer sejam as cruzadas quer sejam as económicas) a sobrepor-se à violência cega da vontade do princípio masculino que desde então governa sem rédeas, sózinho, o nosso mundo e destrói o Planeta.
Por estas razões acho um bom augúrio que os Prémios Nobel da Literatura e da Paz, tenham sido entregues a duas mulheres, de pontos tão distantes do Globo e que de forma diferente lutam por expressar essa capacidade do Feminino, uma denunciando, na velha Europa, as desigualdades e violência contra as mulheres numa sociedade fálica e outra, em África, lutando pela sobrevivência da Mãe Natureza e pela liberdade das mulheres, ambas indissociáveis.
Cabe à Mulher agora acordar nela esse Fogo interior, e dar voz à sua natureza profunda, sem medo, nem disfarces, para poder varrer do planeta toda injustiça e a violência gratuita. Tal como estas duas mulheres o fazem já, uma plantando 25 milhões de árvores em três décadas – que os Governos desvastam pela sua “economia de guerra” - e outra escrevendo palavras de denúncia de uma sociedade falocrática em que todos os valores se medem pela imposição da força e a mulher é sempre sujeita à dependência dos machos, quer na ecomnomia quer na cultura.
ELFRIEDE JELINEK
Claro que os “doutos” académicos e intelectuais patristas (e mais papistas que o papa) da nossa sociedade de cultura machista e misógina, em geral, não concordaram com a atribuição dos prémios sobretudo a uma escritora supostamente “feminista” - embora a escritora não aceite esse epíteto - que reage e denuncia “o machismo quotidiano e a tradicional e provinciana violência masculinas”, e se diz contra “as estruturas patriarcais, o fálico na cultura, o domínio dos homens” que são um dos temas mais importantes para ela.
“É ostracisada no seu próprio país onde viva reclusa e é atacada pela direita populista” (...) Os “temas recorrentes da sua obra são a violência e o poder na sociedade de consumo, a expressão feminina e a sexualidade”(...)
“ numa denúncia eloquente e crua da exploração do ser humano. Jelinek é uma espécie de “anjo vingador barroco”, segundo a sua própria expressão.
Regozijo-me porém que homens mais evoluídos – na Suécia - estejam a reconhecer o Valor da Mulher em si (e não na imitação da escrita masculina) a necessidade imperiosa desse feminino no mundo,e a sua Voz, mesmo que não sejam disso conscientes à partida, mas que o seu lado feminino emergente já é...
É necessário e imperioso dar Voz às Mulheres que têm a coragem e a liberdade de o serem e se afirmarem, não como ecos amorfos dos seus líderes, políticos, professores e papas, e que são meros instrumentos do poder patriarcal, como acontece em Portugal, mas como arautos de um mundo novo onde o Princípio Feminino se afirma na sua essência e é fiel à sua Matriz.
*NATÁLIA CORREIA, in Diário de Notícias, 11-09-1983
(excerto de entrevista concedida a Antónia de Sousa)
PRÉMIOS NOBEL DA PAZ E DA LITERATURA.
NATÁLIA CORREIA
Direi aqui, como Natália Correia, até agora a única escritora portuguesa consciente dessa Mariz que eu conheça em Portugal disse:
“ACHO que não vale a pena a mulher libertar-se para imitar os padrões patristas que nos têm regido até hoje. Ou valerá a pena, no aspecto da realização pessoal, mas não é isso que vem modificar o mundo, que vem dar um novo rumo às sociedades, que vem revitalizar a vida.
A mulher deve seguir as suas próprias tendências culturais, que estão intimamente ligadas ao paradigma da Grande Mãe, que é a grande reserva, a eterna reserva da Natureza, precisamente para os impôr ao mundo ou pelo menos para os introduzir no ritmo das sociedades como uma saída indispensável para os graves problemas que temos e que foram criados pelas racionalidades masculinas.
>É no paradigma da Grande Mãe que vejo a fonte cultural da mulher; por isso lhe chamo matrismo e não feminismo.
É aquilo a que eu chamo o cansaço do poder masculino que desemboca no impasse temível do tal equilíbrio nuclear que criou uma situação propícia a que os valores femininos possam emergir, transportando a sua mensagem.”*
Se existe pois esperança para este mundo ela reside nas mulheres. Não apenas porque são “mulheres”, pois poucas mulheres ainda ACORDARAM para a essência do Princípio Feminino ou fazem justiça à dimensão do seu verdadeiro ser - à Matriz desse feminino que encarnam e de que estão afastadas há milénios - mas porque têm o potencial de o vir a ser em toda a acepção da palavra.
WANGARI MAATHAI
Será pois como representates fiéis do Princípio Feminino, princípio pacificador e revolucionário, e o seu Fogo regenerador, oculto e dissipado pela força de dominação do Princípio Masculino que poderá fazer a diferença e restabelecer o Equilíbrio das sociedades, tirando a venda da cegueira da Justiça e restabelecer a verdade do Amor humano, na sua igualdade e liberade.
Será a Sabedoria inata do feminino, esmagado há séculos pelo poder “patrista” ou patriarcal de todas as igrejas e as suas crenças religiosoas ideológicas ou políticas, que dominam o mundo há milénios, pela opressão e ignorância (nomeadamente das mulheres) e as suas “guerras santas”, (quer sejam as cruzadas quer sejam as económicas) a sobrepor-se à violência cega da vontade do princípio masculino que desde então governa sem rédeas, sózinho, o nosso mundo e destrói o Planeta.
Por estas razões acho um bom augúrio que os Prémios Nobel da Literatura e da Paz, tenham sido entregues a duas mulheres, de pontos tão distantes do Globo e que de forma diferente lutam por expressar essa capacidade do Feminino, uma denunciando, na velha Europa, as desigualdades e violência contra as mulheres numa sociedade fálica e outra, em África, lutando pela sobrevivência da Mãe Natureza e pela liberdade das mulheres, ambas indissociáveis.
Cabe à Mulher agora acordar nela esse Fogo interior, e dar voz à sua natureza profunda, sem medo, nem disfarces, para poder varrer do planeta toda injustiça e a violência gratuita. Tal como estas duas mulheres o fazem já, uma plantando 25 milhões de árvores em três décadas – que os Governos desvastam pela sua “economia de guerra” - e outra escrevendo palavras de denúncia de uma sociedade falocrática em que todos os valores se medem pela imposição da força e a mulher é sempre sujeita à dependência dos machos, quer na ecomnomia quer na cultura.
ELFRIEDE JELINEK
Claro que os “doutos” académicos e intelectuais patristas (e mais papistas que o papa) da nossa sociedade de cultura machista e misógina, em geral, não concordaram com a atribuição dos prémios sobretudo a uma escritora supostamente “feminista” - embora a escritora não aceite esse epíteto - que reage e denuncia “o machismo quotidiano e a tradicional e provinciana violência masculinas”, e se diz contra “as estruturas patriarcais, o fálico na cultura, o domínio dos homens” que são um dos temas mais importantes para ela.
“É ostracisada no seu próprio país onde viva reclusa e é atacada pela direita populista” (...) Os “temas recorrentes da sua obra são a violência e o poder na sociedade de consumo, a expressão feminina e a sexualidade”(...)
“ numa denúncia eloquente e crua da exploração do ser humano. Jelinek é uma espécie de “anjo vingador barroco”, segundo a sua própria expressão.
Regozijo-me porém que homens mais evoluídos – na Suécia - estejam a reconhecer o Valor da Mulher em si (e não na imitação da escrita masculina) a necessidade imperiosa desse feminino no mundo,e a sua Voz, mesmo que não sejam disso conscientes à partida, mas que o seu lado feminino emergente já é...
É necessário e imperioso dar Voz às Mulheres que têm a coragem e a liberdade de o serem e se afirmarem, não como ecos amorfos dos seus líderes, políticos, professores e papas, e que são meros instrumentos do poder patriarcal, como acontece em Portugal, mas como arautos de um mundo novo onde o Princípio Feminino se afirma na sua essência e é fiel à sua Matriz.
*NATÁLIA CORREIA, in Diário de Notícias, 11-09-1983
(excerto de entrevista concedida a Antónia de Sousa)
sábado, outubro 09, 2004
PORQUE HOJE É SÁBADO...
Ter de estar aqui escrevendo isto,
por me ser preciso à alma fazê-lo, e...
"Ergo a cabeça de sobre o papel em que escrevo... É cedo ainda. Mal passa o meio-dia e é domingo. O mal da vida, a doença de ser consciente, entra com o meu próprio corpo e perturba-me. Não haver ilhas para os inconfortáveis, alamedas vetustas, inencontráveis de antes, para os isolados no sonhar! Ter de viver e, por pouco que seja, de agir; ter de roçar pelo facto de haver outra gente, real também, na vida! Ter de estar aqui escrevendo isto, por me ser preciso à alma fazê-lo, e, mesmo isto, não poder sonhá-lo apenas; exprimi-lo sem palavras, sem consciência mesmo, por uma construção de mim próprio em música e esbatimento, de modo que me subissem as lágrimas aos olhos só de me sentir expressar-me, e eu fluísse, como um rio encantado, por lentos declives de mim próprio, cada vez mais para o inconsciente e o Distante, sem sentido nenhum excepto Deus."
Fernando Pessoa, O Livro do Desassossego
Ter de estar aqui escrevendo isto,
por me ser preciso à alma fazê-lo, e...
"Ergo a cabeça de sobre o papel em que escrevo... É cedo ainda. Mal passa o meio-dia e é domingo. O mal da vida, a doença de ser consciente, entra com o meu próprio corpo e perturba-me. Não haver ilhas para os inconfortáveis, alamedas vetustas, inencontráveis de antes, para os isolados no sonhar! Ter de viver e, por pouco que seja, de agir; ter de roçar pelo facto de haver outra gente, real também, na vida! Ter de estar aqui escrevendo isto, por me ser preciso à alma fazê-lo, e, mesmo isto, não poder sonhá-lo apenas; exprimi-lo sem palavras, sem consciência mesmo, por uma construção de mim próprio em música e esbatimento, de modo que me subissem as lágrimas aos olhos só de me sentir expressar-me, e eu fluísse, como um rio encantado, por lentos declives de mim próprio, cada vez mais para o inconsciente e o Distante, sem sentido nenhum excepto Deus."
Fernando Pessoa, O Livro do Desassossego
sexta-feira, outubro 08, 2004
O poeta superior diz o que efetivamente sente.
O poeta médio diz o que decide sentir. O poeta inferior diz o que julga deve sentir.
Nada disto tem a ver com sinceridade. Em primeiro lugar ninguém sabe o que verdadeiramente sente..."
Fernando Pessoa
SEM A MULHER COMO MUSA NÃO HÁ POETAS...
"Através da tradicional veneração da Deusa Branca ela torna-se uma com a mulher real, sua representante humana, sacerdotiza, profetiza ou rainha-mãe. Nenhum poeta que exalte a Musa pode experimentar conscientemente a existência senão na sua experiência da mulher pois temos de considerar que é na mulher que reside a Deusa seja em que grau for.(...) Um poeta que exalte a musa abandona-se absolutamente ao amor e a mulher que ele ama na vida real é para ele a encarnação da Musa.
(...)
Mas o verdadeiro poeta, perpetuamente obsediado pela Musa, faz a distinção entre a Deusa na qual ele reconhece o poder supremo, a glória da sabedoria no amor de uma mulher, e a mulher indivíduo que a Deusa pode tornar seu instrumento por um mês, um ano, sete anos ou mesmo mais. O que é próprio da Deusa fica; e talvez o seu poeta tenha de novo a possibilidade de a reconhecer através da experiência que possa vir a ter de uma outra mulher "
in "A DEUSA BRANCA "
de Robert Graves
O poeta médio diz o que decide sentir. O poeta inferior diz o que julga deve sentir.
Nada disto tem a ver com sinceridade. Em primeiro lugar ninguém sabe o que verdadeiramente sente..."
Fernando Pessoa
SEM A MULHER COMO MUSA NÃO HÁ POETAS...
"Através da tradicional veneração da Deusa Branca ela torna-se uma com a mulher real, sua representante humana, sacerdotiza, profetiza ou rainha-mãe. Nenhum poeta que exalte a Musa pode experimentar conscientemente a existência senão na sua experiência da mulher pois temos de considerar que é na mulher que reside a Deusa seja em que grau for.(...) Um poeta que exalte a musa abandona-se absolutamente ao amor e a mulher que ele ama na vida real é para ele a encarnação da Musa.
(...)
Mas o verdadeiro poeta, perpetuamente obsediado pela Musa, faz a distinção entre a Deusa na qual ele reconhece o poder supremo, a glória da sabedoria no amor de uma mulher, e a mulher indivíduo que a Deusa pode tornar seu instrumento por um mês, um ano, sete anos ou mesmo mais. O que é próprio da Deusa fica; e talvez o seu poeta tenha de novo a possibilidade de a reconhecer através da experiência que possa vir a ter de uma outra mulher "
in "A DEUSA BRANCA "
de Robert Graves
quinta-feira, outubro 07, 2004
"SOU PAGÃ E ANARQUISTA COMO NÃO PODERIA
DEIXAR DE SER UMA PANTERA QUE SE PRESA..."
FLORBELA ESPANCA
Amo as pedras, os astros e o luar
Que beija as ervas do atalho escuro,
Amo as águas de anil e o doce olhar
Dos animais, divinamente puro.
Amo a hera que entende a voz do muro
E dos sapos, o brando tilintar
De cristais que se afagam devagar,
E da minha charneca o rosto duro.
Amo todos os sonhos que se calam
De corações que sentem e não falam,
Tudo o que é Infinito e pequenino!
Asa que nos protege a todos nós!
Soluço imenso, eterno, que é a voz
Do nosso grande e mísero Destino!...
FLORBELA ESPANCA
DEIXAR DE SER UMA PANTERA QUE SE PRESA..."
FLORBELA ESPANCA
Amo as pedras, os astros e o luar
Que beija as ervas do atalho escuro,
Amo as águas de anil e o doce olhar
Dos animais, divinamente puro.
Amo a hera que entende a voz do muro
E dos sapos, o brando tilintar
De cristais que se afagam devagar,
E da minha charneca o rosto duro.
Amo todos os sonhos que se calam
De corações que sentem e não falam,
Tudo o que é Infinito e pequenino!
Asa que nos protege a todos nós!
Soluço imenso, eterno, que é a voz
Do nosso grande e mísero Destino!...
FLORBELA ESPANCA
quarta-feira, outubro 06, 2004
"Sou um cristão gnóstico,
inteiramente oposto a todas as igrejas organizadas
e, sobretudo, à Igreja de Roma."
oscar gagliano
Nada se passa connosco:
nós é que somos o que se passa
"Todo este mundo quotidiano e visível, toda esta gente que boia à superfície da vida, todas estas coisas que constituem os nomes e os feitos da história não são mais que erro e ilusão. Somos todos, não agentes, senão agidos-títeres de maiores que nós. Todo o nosso orgulho de conscientes e a nossa soberba de racionais são o títere que se orgulha de seus gestos. Na verdade o combate é aqui, mas não é nosso; não é connosco, somos nós. Não somos actores de um drama: somos o próprio drama – a ante-estreia, os gestos, os cenários. Nada se passa connosco: nós é que somos o que se passa."
FERNANDO PESSOA, Escritos Íntimos, Cartas e Páginas Autobiográficas,
Europa-América. 1986
VIVEMOS E MORREMOS
FECHADOS NO NOSSO PRÓPRIO SONHOY.K. Centeno
Ah! estas árvores! Estas árvores!
Cheiram a princípio do mundo.
Um mundo de seiva
Que não foi criado com lágrimas
Nem soluços de deuses,
Mas com espadas de fogo
fundas como terramotos
a fenderem o pasmo dos vulcões
E queres tu criar não sei o quê
Com o espírito que paira nas
lágrimas dos pobres
José Gomes Ferreira,
in «A morte de D. Quixote»,
FECHADOS NO NOSSO PRÓPRIO SONHOY.K. Centeno
Ah! estas árvores! Estas árvores!
Cheiram a princípio do mundo.
Um mundo de seiva
Que não foi criado com lágrimas
Nem soluços de deuses,
Mas com espadas de fogo
fundas como terramotos
a fenderem o pasmo dos vulcões
E queres tu criar não sei o quê
Com o espírito que paira nas
lágrimas dos pobres
José Gomes Ferreira,
in «A morte de D. Quixote»,
terça-feira, outubro 05, 2004
QUANDO A VERDADEIRA VOZ DAS MULHERES?
"As mulheres estão sempre a falar sobre as relações humanas porque estamos programadas nesse sentido. Quando vimos ao mundo, trazemos a memória na nossa alma que nos diz que essa é a nossa função aqui na terra. Não é a nossa fraqueza, a nossa neurose, a nossa dependência. É a nossa força. E quando o poder da nossa válida voz nos é negado, não somos nós apenas, mas o mundo todo que sofre."
in O VALOR DE UMA MULHER
de Marianne Williamson
"Agora, o diálogo das vozes é um novo e duro corpo a corpo: uma batalha que se desenha".
“A mulher afirma-se pela fala, tem uma capacidade de verbalização característica, tanto pela positiva, como pela negativa. Como o homem sabe disso, manda-a calar. O falar parece ser, às vezes, uma substituição do pensar, mas não: trata-se da expressão de um pensamento. Há um pensar que leva a agir, um pensar que leva a falar, um pensar que leva ao silêncio. Esse é o pensar profundo que se transforma em acto e obra. A tagarelice é o pensar que não assentou.
A tradição obrigou a mulher a ficar dentro de uma caixa de vidro na qual era visível, mas não audível. Então ela falou desesperadamente, mas sem qualquer efeito. Quando partiu essa prisão de vidro, a sua voz transformou-se num acto revolucionário. A mulher moderna é o efeito dessa explosão, da saída da clausura que é a casa, a família, a beleza obrigatória. Quando toma a palavra, rompe essa teia que a envolvia numa rede de silêncio e de idealização. A mulher não é a Eva, representativa da origem do mal da humanidade, nem a figura platónica que o petrarquismo elevou a ídolo.
“No tempo actual, a voz da mulher junta-se ao coro de vozes discordantes da humanidade, tendo outras raízes - é uma flor gritante que vai dar frutos, mas tem de se aperceber disso e pensar melhor na relação com o Outro. Já nenhuma parede de vidro a protege. Agora, o diálogo das vozes é um novo e duro corpo a corpo: uma batalha que se desenha. E no fundo, ela quer vencer, ser uma nova Amazona, mas não deseja perder um seio. Nem deve. Não deve perder a feminilidade, a singularidade do seu ser, a origem da sua criatividade específica. O seu contributo é o espírito. Mesmo quando se transforma em acto, a sua mão não deve esquece-se de que existe para colher e acolher. Essa é a capacidade específica da mulher: produzir, mas não reproduzir apenas. E o homem não pode ser o seu modelo”
O homem acusa a mulher de não pensar com a mesma estruturação que ele, como se isso fosse um defeito. Essa atitude masculina pressupõe que o sistema criado por ele próprio é o único válido. A mulher tem a capacidade de compreender no concreto, de relacionar. Tem aí uma palavra a dizer.
Não sou feminista. Sou antropologicamente lúcida.”
ANA HATHERLY
in DIÁRIO DE NOTÍCIAS
"As mulheres estão sempre a falar sobre as relações humanas porque estamos programadas nesse sentido. Quando vimos ao mundo, trazemos a memória na nossa alma que nos diz que essa é a nossa função aqui na terra. Não é a nossa fraqueza, a nossa neurose, a nossa dependência. É a nossa força. E quando o poder da nossa válida voz nos é negado, não somos nós apenas, mas o mundo todo que sofre."
in O VALOR DE UMA MULHER
de Marianne Williamson
"Agora, o diálogo das vozes é um novo e duro corpo a corpo: uma batalha que se desenha".
“A mulher afirma-se pela fala, tem uma capacidade de verbalização característica, tanto pela positiva, como pela negativa. Como o homem sabe disso, manda-a calar. O falar parece ser, às vezes, uma substituição do pensar, mas não: trata-se da expressão de um pensamento. Há um pensar que leva a agir, um pensar que leva a falar, um pensar que leva ao silêncio. Esse é o pensar profundo que se transforma em acto e obra. A tagarelice é o pensar que não assentou.
A tradição obrigou a mulher a ficar dentro de uma caixa de vidro na qual era visível, mas não audível. Então ela falou desesperadamente, mas sem qualquer efeito. Quando partiu essa prisão de vidro, a sua voz transformou-se num acto revolucionário. A mulher moderna é o efeito dessa explosão, da saída da clausura que é a casa, a família, a beleza obrigatória. Quando toma a palavra, rompe essa teia que a envolvia numa rede de silêncio e de idealização. A mulher não é a Eva, representativa da origem do mal da humanidade, nem a figura platónica que o petrarquismo elevou a ídolo.
“No tempo actual, a voz da mulher junta-se ao coro de vozes discordantes da humanidade, tendo outras raízes - é uma flor gritante que vai dar frutos, mas tem de se aperceber disso e pensar melhor na relação com o Outro. Já nenhuma parede de vidro a protege. Agora, o diálogo das vozes é um novo e duro corpo a corpo: uma batalha que se desenha. E no fundo, ela quer vencer, ser uma nova Amazona, mas não deseja perder um seio. Nem deve. Não deve perder a feminilidade, a singularidade do seu ser, a origem da sua criatividade específica. O seu contributo é o espírito. Mesmo quando se transforma em acto, a sua mão não deve esquece-se de que existe para colher e acolher. Essa é a capacidade específica da mulher: produzir, mas não reproduzir apenas. E o homem não pode ser o seu modelo”
O homem acusa a mulher de não pensar com a mesma estruturação que ele, como se isso fosse um defeito. Essa atitude masculina pressupõe que o sistema criado por ele próprio é o único válido. A mulher tem a capacidade de compreender no concreto, de relacionar. Tem aí uma palavra a dizer.
Não sou feminista. Sou antropologicamente lúcida.”
ANA HATHERLY
in DIÁRIO DE NOTÍCIAS
domingo, outubro 03, 2004
Mas a guerra inflige a morte.
A guerra que aflige com os seus esquadrões o Mundo,
É o tipo perfeito de erro da filosofia.
A guerra, como tudo humano, quer alterar.
Mas a guerra, mais do que tudo, quer alterar e alterar muito
E alterar depressa.
Mas a guerra inflige a morte.
E a morte é o desprezo do universo por nós.
Tendo por conseqüência a morte, a guerra prova que é falsa.
Sendo falsa, prova que é falso todo o querer-alterar.
Deixemos o universo exterior e os outros homens onde a Natureza os pôs.
Tudo é orgulho e inconsciência.
Tudo é querer mexer-se, fazer cousas, deixar rasto.
Para o coração e o comandante dos esquadrões
Regressa aos bocados o universo exterior.
A química direta da Natureza
Não deixa lugar vago para o pensamento.
A humanidade é uma revolta de escravos.
A humanidade é um governo usurpado pelo povo.
Existe porque usurpou, mas erra porque usurpar é não ter direito.
Deixai existir o mundo exterior e a humanidade natural!
Paz a todas as cousas pré-humanas, mesmo no homem!
Paz à essência inteiramente exterior do Universo!
FERNANDO PESSOA
A guerra que aflige com os seus esquadrões o Mundo,
É o tipo perfeito de erro da filosofia.
A guerra, como tudo humano, quer alterar.
Mas a guerra, mais do que tudo, quer alterar e alterar muito
E alterar depressa.
Mas a guerra inflige a morte.
E a morte é o desprezo do universo por nós.
Tendo por conseqüência a morte, a guerra prova que é falsa.
Sendo falsa, prova que é falso todo o querer-alterar.
Deixemos o universo exterior e os outros homens onde a Natureza os pôs.
Tudo é orgulho e inconsciência.
Tudo é querer mexer-se, fazer cousas, deixar rasto.
Para o coração e o comandante dos esquadrões
Regressa aos bocados o universo exterior.
A química direta da Natureza
Não deixa lugar vago para o pensamento.
A humanidade é uma revolta de escravos.
A humanidade é um governo usurpado pelo povo.
Existe porque usurpou, mas erra porque usurpar é não ter direito.
Deixai existir o mundo exterior e a humanidade natural!
Paz a todas as cousas pré-humanas, mesmo no homem!
Paz à essência inteiramente exterior do Universo!
FERNANDO PESSOA
sábado, outubro 02, 2004
BAGDAD DESTRUÍDA PELA GANÂNCIA DOS HOMENS,
COMO HÁ MILHARES DE ANOS...
COMO É POSSÍVEL FALAR DE "CIVILIZAÇÃO"?
Gastaram-se e gastam-se milhões de dólares em armamentos e guerras, destruíndo Países em nome da Democracia e da Liberdade (?) enquanto outros tantos milhares de seres humanos morrem à fome, e depois, gastar-se-iam outros tantos milhões para "re-construir" uma falsa cidade condenada desde já à chacina fundamentalista e no meio desta insanidade mundial que são as guerras de interesses, de todos os lados, as centenas ou milhares de pessoas, mulheres e crianças indefesas que morrem, não significam nada para os Senhores da Guerra, do ocidente e do oriente, os mesmos bárbaros de sempre, uns e outros sem excepção, que matam em nome de um mesmo Deus cruel e vingativo...que é o deus dos homens!
INANA Deusa do céu e da terra, da soberania e da fertilidade, era a mãe da cultura humana, a que trouxe a civilização a este mundo.
Era a Deusa primordial da antiga Suméria,
na região que agora chamamos IRAQUE.
COMO HÁ MILHARES DE ANOS...
COMO É POSSÍVEL FALAR DE "CIVILIZAÇÃO"?
Gastaram-se e gastam-se milhões de dólares em armamentos e guerras, destruíndo Países em nome da Democracia e da Liberdade (?) enquanto outros tantos milhares de seres humanos morrem à fome, e depois, gastar-se-iam outros tantos milhões para "re-construir" uma falsa cidade condenada desde já à chacina fundamentalista e no meio desta insanidade mundial que são as guerras de interesses, de todos os lados, as centenas ou milhares de pessoas, mulheres e crianças indefesas que morrem, não significam nada para os Senhores da Guerra, do ocidente e do oriente, os mesmos bárbaros de sempre, uns e outros sem excepção, que matam em nome de um mesmo Deus cruel e vingativo...que é o deus dos homens!
INANA Deusa do céu e da terra, da soberania e da fertilidade, era a mãe da cultura humana, a que trouxe a civilização a este mundo.
Era a Deusa primordial da antiga Suméria,
na região que agora chamamos IRAQUE.
"Dessa dualidade - Deus pai ou Deusa mãe - vai nascer uma dupla visão da Deusa dos tempos primordiais: Virgem prudente ou Virgem louca? A questão parece banal, mas ela compromete todos os séculos que irão seguir-se, não apenas no plano puramente estético, mas naquele muito mais carregado de consequências, da especulação religiosa. (...)
Isto denota uma considerável evolução das mentalidades: tudo se passa como se tivesse querido, conscientemente ou não, eliminar a imagem de uma mulher divina forte em proveito de um homem divino todo poderoso, cuja relação com a mulher se limitaria a uma relação filho-mãe. "(...)
in A GRANDE DEUSA
Jean Markale
NESTA TERRA SEM MÃE...
Esta terra, ó discípulo ignaro, não é senão a triste entrada para aquele crepúsculo que precede o vale da verdadeira luz - essa luz que nenhum vento pode apagar, e que arde sem óleo nem pavio.
A VOZ DO SILÊNCIO
sexta-feira, outubro 01, 2004
à qual vivi, na esperança de abrigo e descanço, ancorada...
Por tão pouco tempo dançou o meu barco nas tuas vagas...
De novo o meu coração deambulará à deriva na procura de uma miragem...
Ou do espelho que me devolva o meu reflexo nas águas matriciais
ou ainda a ilha encantada que em ti julguei ter encontrado...
Era falsa a tua ilha, a tua imagem, quimera desfocada...
e a mentira inflamada de um engano mais, deu-te corpo por empréstimo.
Eras afinal ainda um erro meu, por errâncias forçado...
No meu sempre à deriva andar de credo em credo...
Procurarei agora mais fundo em mim e só na minha alma o Verdadeiro Eco
e o gesto puro da ternura que me salve sem omissões nem rescaldos.
(Anónimo)
"Ergo a cabeça de sobre o papel em que escrevo... É cedo ainda. Mal passa o meio-dia e é domingo. O mal da vida, a doença de ser consciente, entra com o meu próprio corpo e perturba-me. Não haver ilhas para os inconfortáveis, alamedas vetustas, inencontráveis de antes, para os isolados no sonhar! Ter de viver e, por pouco que seja, de agir; ter de roçar pelo facto de haver outra gente, real também, na vida! Ter de estar aqui escrevendo isto, por me ser preciso à alma fazê-lo, e, mesmo isto, não poder sonhá-lo apenas; exprimi-lo sem palavras, sem consciência mesmo, por uma construção de mim próprio em música e esbatimento, de modo que me subissem as lágrimas aos olhos só de me sentir expressar-me, e eu fluísse, como um rio encantado, por lentos declives de mim próprio, cada vez mais para o inconsciente e o Distante, sem sentido nenhum excepto Deus."
Fernando Pessoa, O Livro do Desassossego
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