O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, julho 12, 2018

AS MULHERES MODERNAS...


AS mulheres em geral, mas as mais MODERNAS sobretudo, tem de tal forma a violência sobre si interiorizada que não se apercebem de como foram e são ainda hoje vitimas de violência a todos os níveis, seja da forma mais subtil, verbal e psicológica, seja a manipulação emocional,  seja a prepotência do homem em todos os aspectos da relação homem-mulher. Elas pensam-se livres ou emancipadas e portanto não conseguem ver por dentro (a nível psicológico e emocional) os estragos nem as repercussões dos maus tratos que sofreram, e por isso branqueiam e escamoteiam as realidades que possam contrariar uma ideologia marxista feminista, devia dizer a ideologia machista, que valida os valores do homem exclusivamente na sua maioria ...

MAS SIM, "tenemos la violencia tan interiorizada que ni siquiera somos conscientes de ella."*-

Isto é um facto inegável e indesmentível para quem pensar minimamente olhando a nu a realidade deste mundo COMERCIAL em que vivemos; e é de tal forma verdade que  temos a violência tão interiorizada em nós que não damos por ela e acabamos por lhe chamar doenças. Mas vejamos como e porquê...ela se instala e se dilui no hábito dos comportamento do homem para com a mulher.

Ela começa em casa e talvez na mãe, a má e reprimida mãe ...ou no pai austero e autoritário logo de pequenina .. Pode variar um pouco a forma como somos desvalorizadas desde meninas mas não podemos ignorar esta verdade. Ela acontece sobretudo a partir da adolescente, pelo parte dos pais e irmãos, na repressão da mulher feminina e sensual, ou pelos homens em geral, pelo seu olhar e "piropos"...
O facto é que acabamos tão habituadas a esse olhar que já adultas, no trabalho, nos habituamos à falta de respeito que nutrem por nós, sejam professores, patrões,  e maridos ou amantes e chefes ao longo da vida, tão habituada a ser olhadas como meros objectos sexuais na publicidade, nos placards, nas montras e nos cartazes e anúncios que mostram a mulher de forma degradante, desde a moda a pornografia...que já não a conseguimos distinguir quando a temos de fazer parar... é ai que começamos a adoecer...a morrer aos poucos...a ficar deprimidas ou bipolares... e a sofrer todos os tipos de sintomas e doenças, e da forma com essa violência e dor foi interiorizada ela se transforma em dores físicas, em transtornos psiquicos…

Sim, e as doenças de foro feminino começam ai...nós conhecemos jovens mulheres traumatizadas abusadas por irmãos e pai...sabemos a dor e sabemos que não é só lá longe mas bem perto de nós que tudo isso acontece e nos nossos dias AINDA.
Por isso temos de olhar bem e ver como aceitámos e nos habituamos a esta desvalorização do nosso ser desde pequenas, e entender porque estamos hoje tão habituadas ao desprezo e à violência feita sobre nós mulheres que ela nos passa ao lado...

Por exemplo, nós passamos ao lado da propaganda comercial...do cinema - mas eu sempre que entro num Centro Comercial e olho os cartazes de cinema em que as mulheres estão sexualmente expostas fico constrangida, revoltada e enojada...mas claro vão-me dizer que isto é a vida moderna ou chamar-me "retrógada"...ou démodé… mas eu interrogo-me como é que nenhuma mãe pensa no que uma criança (menino ou menina) pensa e sente quando vê a mulher assim exposta...o que pensa um filho quando vê a irmã ou a mãe à imagem dessas mulheres???

Nós não pensamos no efeito desses cartazes de cinema nas crianças, nem nos filmes (se os chegarem a ver) nem como elas se veem, como se identificam com aquela mulher semi nua exposta de forma aviltante...mas eu asseguro-vos que a VIOLÊNCIA e o abuso sexual e a violação da Mulher ou a VIOLÊNCIA DOMÉSTICA e o FEMINICIDIO começam ai …
Sim, começa dentro de casa e é dentro de casa e em família que se praticam os abusos e falta de respeito de todo o tipo sobre as meninas e as mulheres…

Sim, É nessa educação machista e tratamento inferior da mulher que tudo começou e que vai desaguar nos filmes e telenovelas e que, mesmo sem serem pornográficos, que começa e se alastra o desrespeito pela mulher;

SIM, hoje...em todo mundo são prostituídas milhares de meninas e mulheres, neste momento no mundo inteiro e a toda a hora estão a ser violadas e exploradas milhares de mulheres... algumas mortas e torturadas na guerra e tudo isso PORQUE NÓS INTERIORIZAMOS DE TAL FORMA A VIOLÊNCIA QUE NOS FAZEM QUE ACHAMOS ISSO NATURAL...todos estes crimes contra a Mulher! Digo CONTRA a metade da população do mundo…

Pensem nisso...

  rlp

* citação de Casilda Rodrigañez

1 comentário:

celia disse...

Sim Rosa! E para além disso, os movimentos espirituais femininos de hoje consideram qualquer conversa sobre gênero ou sobre 'patriarcado' algo ultrapassado, sem perceber que ignorar o gênero e o corpo significa tornar invisível a mulher em nome de uma espiritualidade que parece feminina e fala de 'amor', mas é calcada em incorporalidade, superficialidade e escapismo da matéria e de gaia. A mim muito me incomoda que várias deusas pagãs estejam assimiladas como mestras ascensas, canalizando mensagens pasteurizadas e servindo a 'hierarquias'. Nem na espiritualidade, nem na política temos mais a indignação e a busca de soberania feminina. Um abraço, e muita gratidão por seu trabalho.