(...) Quando vejo aquelas mulheres que pensam que emancipação significa a liberdade de serem tão ambiciosas e sedentas de poder como o mais macho dos homens, temo que as mulheres que se mantiveram intactas (autênticas) à sua maneira sejam postas em perigo por outras mulheres. É que já não se tratará apenas de se defenderem dos homens, como também daquelas mulheres que adoptaram a concepção masculina da liberdade. A “liberdade” de perseguir o poder para não terem de saber do medo torna-as cúmplices com o desprezo que os homens costumam ter pelo sexo feminino.
Um Eu que foge do desamparo só até certo ponto pode aspirar a saber algo dos seus processos interiores. Não sabe lidar com os próprios horrores e inseguranças, só os pode negar pelo desprezo e pela perseguição da invulnerabilidade. Essa perseguição é evidentemente um esforço inútil para ambos, já que para os homens e as mulheres o desamparo espreita atras de cada esquina, justamente porque ela é temida. As suas consequências são paranóia, defesa, ameaças de guerra e a loucura da corrida aos armamentos.
A dependência da admiração, isto é, o sermos admirados, parece prometer a força desejada. O homem quer ser admirado pela sua “força”. E esse estado do ser admirado chama-se amor, embora ele tenda mais a asfixiar o amor autêntico. A maior parte das vezes não é essa a intenção consciente, mas isso não altera nada os resultados.
(...)
In “A TRAIÇÃO DO EU “ do autor do livro “A LOUCURA DA NORMALIDADE”
ARNO GRUEN – Professor e Psicanalista de origem alemã
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