in "A CAPITAL" lê-se:
CHOQUE FUTEBOLÍSTICO...
(...)
O país está aos saltos, as ruas de norte a sul explodem em alegrias que só o Glorioso justifica. E se é verdade que, citando Luisão, «hoje é feriado em Portugal», a partir de agora as coisas só podem melhorar. Seis milhões de pessoas contentes, moralizadas, um país inteiro insuflado de um novo amor-próprio – isso só pode fazer aumentar a produtividade e a criatividade. Mais do que choques tecnológicos ou fiscais, talvez o país precise disto, um choque futebolístico.
Campeões, campeões, campeões!
J.Lucas Pires
OS HOMENS DO MEU PAÍS ACREDITAM NISTO??????
(...)Está claro
Que isso tudo
É desse pulha austero e raro
Que, em virtude de muito estudo,
E de outras feias coisas mais
É hoje presidente do conselho,
Chefe de infernanças animaes,
E astro de um estado novo muito velho.
Que quadra
Isso com qualquer coisa que se faça?
Nada.
A Egreja de Roma ladra
E a Maçonaria passa.
E elles todos a pensar
Na victoria que os uniu
Neste nada que se viu,
Dizem, lá se conseguiu,
Para onde agora avançar?
Olhem, vão p'ra o Salazar
Que é a puta que os pariu.
Fernando Pessoa - Volume I, Tomo V
O SORRISO DE PANDORA
“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja.
Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto.
Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado
Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “
In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam
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