O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, dezembro 30, 2008

A DOENÇA DO SONO...


INDEPENDÊNCIA EMOCIONAL


"No início da nossa vida e de novo quando envelhecemos, precisamos da ajuda e da afeição dos outros. Infelizmente, entre estes dois períodos da nossa vida, quando somos fortes e capazes de cuidar de nós, negligenciamos o valor da afeição e da compaixão. Como a nossa própria vida começa e acaba com a necessidade da afeição, não seria melhor praticarmos a compaixão e o amor pelos outros enquanto somos fortes e capazes?"
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As palavras acima são do actual Dalai Lama. Realmente é muito curioso ver que nos orgulhamos da nossa independência emocional. Mas, é claro, não é bem assim: continuamos a precisar dos outros a nossa vida inteira, mas é uma "vergonha" mostrá-lo, por isso preferimos chorar às escondidas. Quando alguém nos pede ajuda, esta pessoa é considerada fraca, incapaz de dominar os seus sentimentos.
Há uma regra não escrita segundo a qual "o mundo é dos fortes", e "sobrevive apenas o mais apto". Se assim fosse, os seres humanos não existiriam, porque pertencem a uma espécie que precisa de ser protegida por um longo período (os especialistas dizem que só somos capazes de sobreviver por nós mesmos depois dos 9 anos, enquanto uma girafa só precisa de 6 a 8 meses e uma abelha torna-se independente em menos de cinco minutos). Estamos neste mundo. Eu, pela minha parte, continuo - e continuarei sempre ­a depender dos outros. Dependo da minha mulher, dos meus amigos, dos meus editores. Dependo até dos meus inimigos, que me ajudam a estar sempre adestrado no uso da espada. É claro que há momentos em que este fogo sopra noutra direcção, mas pergunto sempre a mim mesmo onde estão os outros. Será que me isolei demais? Como qualquer pessoa sadia, também necessito de solidão, de momentos de reflexão. Mas não posso viciar-me nisso.
A independência emocional não leva a absolutamente lugar nenhum – excepto a uma pretensa fortaleza, cujo único e inútil objectivo é impressionar os outros.
A dependência emocional, por sua vez, é como uma fogueira que acendemos.
No início, as relações são difíceis. Da mesma maneira que o fogo tem de se conformar com a fumaça, desagradável - que torna a respiração difícil e nos arranca lágrimas dos olhos. Entretanto, uma vez aceso, a fumaça desaparece e as chamas iluminam tudo em seu redor - espalhando calor, calma, e eventualmente fazendo saltar uma brasa que nos queima - mas é isso que torna uma relação interessante, não é verdade?
Comecei esta coluna a citar um Prémio Nobel da Paz numa matéria que diz respeito à importância das relações humanas. Termino com o professor Albert Schweitzer, médico e missionário, que recebeu o mesmo Prémio Nobel em 1952.
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"Todos conhecemos uma doença da África central chamada doença do sono. O que precisamos de saber é que existe uma doença semelhante que ataca a alma - e é muito perigosa, porque se instala sem ser percebida. Quando notar o menor sinal de indiferença e de falta de entusiasmo em relação ao seu semelhante, esteja atento!
A única maneira de nos prevenirmos contra esta doença é entendendo que a alma sofre, e sofre muito, quando a obrigamos a viver superficialmente.
A alma gosta de coisas belas e profundas."

PAULO COELHO

1 comentário:

Ná M. disse...
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