(…)
A prática da verdadeira poesia reclama um espírito miraculosamente desperto e capaz de, por iluminação, juntar as palavras, através de uma cadeia mais-que-coincidência, numa entidade viva, um poema que vai viver por si mesmo, talvez por séculos depois da morte do seu autor, cativando os seus leitores pela carga de magia que ele contem. Porque em poesia a fonte do poder criativo não é a inteligência científica mas a inspiração (mesmo que esta possa ser explicada pelos cientistas) não é através da Musa lunar, o termo mais antigo e o mais adequado para designar esta fonte de inspiração na Europa, à qual a devamos atribuir? Pela tradicional veneração da Deusa Branca ela torna-se uma com a sua representante humana, sacerdotisa, profetisa, ou rainha–mãe.
Nenhum poeta que exalte a Musa pode experimentar conscientemente a existência senão na sua experiência do feminino pois temos de considerar que é na mulher que reside a deusa seja em que grau for; exactamente como nenhum poeta apolínio pode exercer a sua função própria se ele não se submeter a uma monarquia ou a uma quase monarquia. Um poeta que exalte a musa abandona-se absolutamente ao amor e a mulher que ele ama na vida real é para ele a encarnação da Musa.
A prática da verdadeira poesia reclama um espírito miraculosamente desperto e capaz de, por iluminação, juntar as palavras, através de uma cadeia mais-que-coincidência, numa entidade viva, um poema que vai viver por si mesmo, talvez por séculos depois da morte do seu autor, cativando os seus leitores pela carga de magia que ele contem. Porque em poesia a fonte do poder criativo não é a inteligência científica mas a inspiração (mesmo que esta possa ser explicada pelos cientistas) não é através da Musa lunar, o termo mais antigo e o mais adequado para designar esta fonte de inspiração na Europa, à qual a devamos atribuir? Pela tradicional veneração da Deusa Branca ela torna-se uma com a sua representante humana, sacerdotisa, profetisa, ou rainha–mãe.
Nenhum poeta que exalte a Musa pode experimentar conscientemente a existência senão na sua experiência do feminino pois temos de considerar que é na mulher que reside a deusa seja em que grau for; exactamente como nenhum poeta apolínio pode exercer a sua função própria se ele não se submeter a uma monarquia ou a uma quase monarquia. Um poeta que exalte a musa abandona-se absolutamente ao amor e a mulher que ele ama na vida real é para ele a encarnação da Musa.
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Mas o verdadeiro poeta, perpetuamente obsediado pela Musa, faz a distinção entre a Deusa na qual ele reconhece o poder supremo, a glória da sabedoria no amor de uma mulher, e a mulher indivíduo que a Deusa pode tornar seu instrumento por um mês, um ano, sete anos ou mesmo mais. O que é próprio da Deusa fica; e talvez o seu poeta tenha de novo a possibilidade de a reconhecer através da experiência que possa vir a ter de uma outra mulher "
ROBERT GRAVES - LES MYTES CELTES
LA DÉESSE BLANCHE
IN Ed. du Rocher
Mas o verdadeiro poeta, perpetuamente obsediado pela Musa, faz a distinção entre a Deusa na qual ele reconhece o poder supremo, a glória da sabedoria no amor de uma mulher, e a mulher indivíduo que a Deusa pode tornar seu instrumento por um mês, um ano, sete anos ou mesmo mais. O que é próprio da Deusa fica; e talvez o seu poeta tenha de novo a possibilidade de a reconhecer através da experiência que possa vir a ter de uma outra mulher "
ROBERT GRAVES - LES MYTES CELTES
LA DÉESSE BLANCHE
IN Ed. du Rocher
2 comentários:
Achei bonito isso Rosa, sobre o poeta, a musa e a deusa.
sem dúvida, o mais belo e expressivo texto sobre poesia e poetas.
aliás o autor e poeta é um Mestre...
um abraço amigo
rosa leonor
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