O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, dezembro 23, 2009

O QUE CONTA A MÃE...NATALINA...

PORQUE SERÁ QUE EU ESTOU FURIOSA?


Uma amiga que acabou de me telefonar, disse-me que estava deprimida e que resolveu ir dar um passeio a pé até à Graça…e a desgraça era tanta que ela fugiu horrorizada e ainda mais deprimida; a seguir contava-me o que viu.

Desde os pobres a remexerem nos caixotes do lixo à procura de comida, de em cada esquina aleijados a pedir esmolas e vagabundos, romenos e drogados, ladrões ou carteiristas que abundam em Alfama à deriva…que ela pensou, estupefacta, o que é que se passa neste mundo?

Será que mais ninguém vê esta realidade?

A Graça, pobre e miserável, local de turismo, no coração de Lisboa, a cidade do “tratado europeu”…cheia de ministros emproados e vaidosos a falar de projectos megalómanos, de aeroportos, pontes e de vias rápidas – comboio super rápido para Madrid e Paris…dá vontade de vomitar.

Onde é que essa gente anda? Em que mundo é que vivem?

Portugal na miséria e endividado, com milhões de desempregados e com toda a corrupção política, como é que pode enfeitar as ruas de luzinhas tremeluzentes e gingó beles para nos distrair…da miséria e da fome do mundo…e não será assim em todo o mundo ocidental?

Para quê compactuar com esta mentira? Que alienação é esta em que todos somos coniventes e mandamos ainda uns aos outros postais de feliz natal, para quê? Mas pior são os milhares de prendinhas inúteis e os pacotinhos e pacotes fantásticos, papel de árvores cortadas para o luxo das cidades, só para embrulhar ilusões e mentiras?


Penso que na verdade e nos nossos dias esta quadra não é senão uma comercialização horrenda do verdadeiro espírito de natal…espírito esse que se perdeu completamente da nossa civilização contemporânea. Que hoje em dia não faz qualquer sentido, senão como folclore!


Todos já sabemos que não adianta ser solidário e amigável uma vez por ano…

Todos já sabemos que a Economia, o Comércio, a Banca, os Governos e a sua manipulação, e até a Ciência nos mente e engana acerca de tudo, para esconder um poder sinistro que está por detrás de todo este comércio cego: a produção de milhões de coisas supérfluas, milhões de carros, milhões de telemóveis, milhões de sapatos para ir parar a qualquer feira, à custa de trabalho escravo na índia, milhões de peças de roupa feita na China por salários miseráveis, que depois de muitas voltas ao mundo acabam nos armazéns e são vendidas aos ciganos por uns trocos, milhões de tanta coisa que não nos serve para nada…e milhões de seres humanos a morrer à fome…milhões de pessoas sem casa, sem nada…

Na Baixa, vi lojas e lojas de rua vazias…e os Centros Comerciais apinhados de gente a olhar as montras…enquanto a falência e o desespero atinge cada vez mais comerciantes...

O mundo está a cair, a ruir nas suas bases falsas.

Não estamos apenas no Inverno... A Mãe natureza está zangada com tantas atrocidades....


Natal?


Não nos devíamos todos mobilizar e em vez de prendinhas de nada comprar arroz, feijão ou azeite para os pobres? Pobres? Não! Mas seres como nós, iguais em tudo...porque o catolicismo permitiu durante séculos os pobrezinhos como se fosse assim que deus os criou...quando a abundância do planeta é para todos e só porque uns resolveram ser os senhores e donos do mundo, as populações vivem na miséria?

Não é tempo de nos mobilizarmos e em vez de ficar em casinha à lareira à volta do peru e do bacalhau, dos sonhos e farturas e bolo-rei, olhar bem à nossa volta e ver quem tem fome?

Mas não, ficamos como animais amestrados, dias seguidos, os dias de festa e feriados nacionais, em frente à televisão a ver a miséria do mundo, a guerra, a destruição, as catástrofes… e a nossa sorte…enquanto não nos toca a nós; e comemos por todos os que nada têm…enchemos a pança de peru recheado e leitão com ananás e presunto fumado e tudo o que temos direitos…porque é Natal…e é festa.

Mas festejamos o quê?

O menino Jesus? O salvador do Mundo?

Mas nós não fomos salvos da nossa miséria, nem da nossa ignorância, nem do nosso egoísmo? Que deus e que menino glorificamos nas nossas casas fartas e deixamos os milhões de refugiados de um mundo em convulsão, os desempregados e os sem abrigo na rua ao frio e à chuva?

Ah! Sim, nós merecemos porque trabalhamos e o Sistema está contente connosco…e dizemos: “Sempre houve ricos e pobres e o mundo foi sempre assim”.

Não foi assim que nos enganaram, os reis, os padres e os governos e nos continuam a fazer acreditar nas democracias e nas guerras justas e nos santos e nos seus ministérios?


Se ao menos acordássemos…só uns poucos e fizéssemos a diferença…se ao menos pudéssemos acreditar em nós e não no Sistema que diz que faz tudo por nós e decide quem faz o quê, quem come ou quem não come e faz de nós apenas espectadores de um mundo absurdo só porque pensamos que somos impotentes e que nada podemos contra os poderosos que dominam o mundo.

Se nós disséssemos que não a todo este cenário burlesco que nos dizem ser o nosso e em vez das prendas e pacotes de coisas inúteis comprássemos comida e produtos realmente necessários e fossemos “a casa” de quem não tem nada entregar um cabaz de natal…isso sim…era para festejar!

Sim, lá estou eu pessimista e constipada a dar uma ideia negativa do mundo…

Ah! Pois sim! Que belo que é de facto o papel de embrulho…e os pacotes maravilhosos se eu não soubesse que são feitos na Índia por crianças mal nutridas e mal tratadas…

Etc., etc., pronto, desejo-vos um Bom Natal e muitas propriedades…como quem diz, muito consumo e barriga cheia!

rlp

3 comentários:

Anna Geralda Vervloet Paim disse...

NOVAMENTE MAIS UM NATAL...
Vejo a Saudade como folhas secas
Dançando ao vento numa espiral
Me apertando os olhos e a garganta
Me sufocando e entristecendo
É NATAL!É NATAL...
Sinto um vazio,há tantos ausentes...
Me envolvem em véus de seda
As lembranças de outros Natais
Como miríades de vidros estilhaçados
Revoando como pássaros perdidos...
Piscam luzes como lágrimas quentes
Em bolas multicoloridas
Iluminando a Noite Feliz
No triste verde de cada Árvore
De cada casa,de cada sala
Nas melancólicas canções de Natal
Será que há Ceia em todas as mesas?
Será que há Mesa em todas as casas?
Será que há Casa para todas as famílias?
Será que há Família para todas as mães?
Será que há Mãe para todas as crianças?
Será que todas as Crianças ganharão presentes?
Que a Magia do Natal se faça Presente
Iluminando nossos corações e fechando nossos olhos
Para as luzes das vitrines que nos cegam
E transformam esta Festa numa imensa Máquina Comercial
Que se abram os olhos da Alma para reconhecer que TUDO é Sagrado
E que se iluminem os corações dos Poderosos das Nações
Para que a Vida continue na Terra...
Que o meu coração amargurado
Seja banhado pela suave Luz da Estrela-Guia
E seja recarregado de Esperança
Que os meus olhos sejam o olhar de uma criança
E vejam o mundo novamente com assombro
E que extasiada eu contemple a Estrela
Descendo sobre nossas cabeças
Seus raios de luz prateada
E se abrindo como flor em nossos corações
Em milhares de pétalas luminosas
Irradiando Amor por todo o planeta
Envolvendo a Terra numa teia de Luz
E que pelo menos por uma noite
A Noite do seu aniversário
O berço do Menino esteja dentro de nós
Embalado pelas batidas dos nossos corações
Com sentimentos de PAZ,AMOR e ESPERANÇA!
E se conseguirmos fechar os olhos
Para todas as misérias da Terra
Que todos tenhamos um
FELIZ NATAL!!!

Anna G. Vervloet Paim

Anónimo disse...

Em nome da Deusa!
Será que não existe uma comemoração religiosa que seja verdadeira, e não que sirva aos interesses economicos e religiosos do estado...Todos gordos e (in)felizes...e toda a falsidade eo medo de falar a verdade...Ter de fingir mil alegrias e risotas e quando pensamos que ninguem esta olhando , termos de ouvir...Que "Cara horrivel voce esta fazendo!"

Desculpem, desculpem a minha falsidade de querer agradar de querer ser legal...Tdos dizizem que se amam, mas estão uns a falar mal dos outros em pensamentos e cochichos...E no altar Deusa enfraquecida em sem poder na figura de maria...todos odeiam o Cálice e se reunem para adorar o poder letal da espada...

Enquanto milhares,milhões talvez zilhares se esguelam trabalhando para esta festa inutil...Com menos dinheiro no bolso e as crianças chorando porque não tem presente...quando não tem nem teto nem comida!!!

Será que tudo que nos podemos fazer e sentar e rezar?

E porque diabos ninguem faz nada e todos parecem cegos...
E tantos filmes sobre o nascimento do Prometido...
A mesma historia repetida igual ao tempo dos gregos quando o povo não sabia ler eprecisavam firmar os novos costumes do patriarcado...

Essa é a lei dizem...este é o Deus...

Senhora da Terra nos ajude a dar de comer a quem tem fome e de beber a quem tem sede...E casa pra quem não tem nem papelão sobre a cabeça!

Gaia Lil

Valdecy Alves disse...

Meus parabéns pela mensagem. Se puder também leia a mensagem que escrevi no meu blog:

www.valdecyalves.blogspot.com