O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, fevereiro 05, 2011

A NOVA MULHER É VELHA COMO O TEMPO...


"Eu sou jovem, acredito eu, saindo da adolescência, ainda.
Arrumei a mesa para o almoço e minha avó entrou em casa. Vendo a mesa, ela me congratulou "Você é uma mulher de verdade. Tudo arrumadinho, é assim que eu gosto de ver."
Realmente me surpreendi com esse comentário. Será que ser mulher é ser dona de casa?
O "ser" da mulher se perdeu, e eu, como tantas outras, vago perdida tentando achá-la. Acredito que seja ainda mais difícil quando as mulheres a sua volta usam tapa-olhos e máscaras, pensando apenas como a sociedade patriarcal (como brasileira, vejo claramente as influencias de um cristianismo doentio aqui) lhes ordena. Nada tenho contra Cristo, mas sim contra seus sacerdotes autoritários e mesquinhos.

Seu blog me ajuda muito na minha busca, mas em minha mente ainda paira a pergunta: "O que é uma mulher?". A mulher que desejamos, nós duas, que fosse a mulher real - as grandes sacerdotisas livres de amarras, que fariam qualquer coisa sem perder sua dignidade, de tão forte sua ligação com a Deusa, ainda está por vir. E, por enquanto, esse fantasma da mulher real é o que temos de começar a contornar e colorir novamente.
Às vezes me pergunto como sou capaz de viver em um país onde 'ser mulher' é pôr a mesa do café da manhã e servir aos homens.
Com todo o amor da Deusa que possuo em meu coração, esperando um ambiente menos hostil para ser devidamente liberto, peço que a Deusa a abençoe, Rosa Leonor."


QUEM É A MULHER?


Minha querida, o que seja a MULHER, a mulher inteira, a mulher que está adormecida na mulher… é JÀ a mulher que no fundo de si mesma se pergunta quem é e que a partir daqui começa a interrogar-se e ousa ser aos poucos aquilo que em si adivinha e que vai descobrindo e vai ousando cada vez mais a ser aquilo que sente - ainda que com todo o cuidado (é precisa muita atenção ao que a rodeia) para não criar reacções, para não ser esmagada…Ela não deve expor-se inutilmente …
Sim, essa MULHER é já você em potencial, é já a mulher que se interroga como é que possível que a sua avó ache que ser mulher é por bem a mesa e servir o homem e ter filho e cuidar deles exclusivamente ou ajudar o marido com trabalho remunerado para comprar um carro…etc.
O que nos aprisiona ainda, mesmo que as aparências das coisas mudem, é esta velha história das mulheres domésticas e domesticadas em casa ou no trabalho para criar filhos e cuidar dos maridos, muito antiga, a história que nos foi contada desde que nascemos; é esta a carga que passa de avós para netas e de mães para filhas que se repete há centenas de anos e pouco mudou na verdade para a grande maioria das mulheres no mundo. Mas não pense que noutros países ou na Europa é muito diferente daí porque as diferenças são só aparentes…
Hoje há muitas mulheres que se julgam “livres”, que são formadas e executivas, polícias e militares, médicas e engenheiras professoras e até presidentes…uma enorme percentagem de mulheres nas universidades na Europa e no mundo ocidental, mas imagine que afinal elas continuam presas aos maridos que as controlam (doentiamente e a quem elas obedecem para não perder a casa e o conforto etc.) e aos filhos e são sobrecarregadas, tendo o dobro do trabalho e das ralações e …das doenças…
Elas continuam a ser vítimas de violência doméstica e as próprias universitárias na Europa são espancadas pelos namorados e julgam-se livres, mas os homens o que fazem é continuar a castigá-la por essa liberdade que dizem aceitar mas que inconscientemente não aceitam e continuam sim a odiar as mulheres mesmo quando dizem que as amam…
É verdade que no ocidente as mulheres têm tudo…têm roupa cara e casas enormes e carros e férias aqui e ali…e fazem operações plásticas (estéticas) e se despem e também usam os homens quando querem… Mas é isso que interessa às mulheres, que tarde ou cedo acabam sempre abandonadas rejeitadas sozinhas a lutar contra tudo e contra todos, nomeadamente contra as outras mulheres que elas acham que são sempre as culpadas das suas desgraças…?
Sim, as mães e as irmãs as filhas ou as rivais…
Hoje as universitárias também são livres, mas muitas não casam e tornam-se acompanhantes de luxo, prostitutas caras, já não são as mulheres da rua e umas desgraçadas expostas aos gigolôs, mas são vestidas por estilistas e têm carros de marca… e acompanham os homens ricos a reuniões de negócios e festas…

AS MULHERES EM TODO O MUNDO ESTÃO DIVIDIDAS em categorias, não são só as diferenças de classes…mas uma diferença na pele; elas continuam a ser as esposas ou as prostitutas…só que agora são umas engenheiras e doutoras e outras…artistas, cantoras ou modelos… Mas são elas sempre as sacrificadas nas relações, são elas que tomam a pílula…e sofrem das doenças sexualmente transmissíveis…morrem anorexia ou de sida e são exploradas por máfias.

E foram essas religiões de que fala que fizeram essa separação, que se mantém no inconsciente colectivo…que se mantém na cultura social actual, na psicologia das massas; e é essa Igreja sim que condenou as mulheres ao martírio, às foguearias e ao pecado, é essa mesma Igreja que domina o mundo ainda com os seus dogmas e preconceitos e tabus, sempre contra as mulheres, mas ainda é pior nos países orientais onde em nome de outros deuses, a mulher é vendida e desde menina explorada sexualmente ou morta por adultera à pedrada, a quem não se dá a menor importância, muitas nem têm nome ou data de nascimento.

Você pergunta o que é a mulher…e eu digo-lhe, a Mulher-Mulher ainda não existe, ela foi apagada da história, foi dizimada, foi anulada como ser, transformada num verbo-de-encher tornada uma mula de carga, o bode expiatório dos homens, explorada sexualmente e violada, espancada e morta em todo o mundo em todas as sociedades…em África na Índia e no Irão…
Mas a mulher verdadeira a mulher primeira, a Mulher ancestral que um dia foi livre e senhora de si voltará a ser ELA dentro de cada uma de nós.
Ela renascerá em cada nova mulher que como você se pergunta QUEM É A MULHER em si e basta-lhe ouvir o ECO da Deusa Mãe no mais fundo do seu coração, no mais fundo da sua alma e do fundo do seu Útero que a sua resposta virá.
Então sim, saberá a resposta dentro de si mesma porque ela foi semeada no início dos tempos e este é o tempo do seu resgate, o tempo de grandes mulheres que vão começa a contar a História daquela que foi esquecida e condenada aos infernos pelos patriarcas…
Essa Mulher é LILITH e ela tem a Chave da nossa história e com ela as novas mulheres que são velhas como o tempo, surgirão de todos os lados, de todos os continentes…unidas, brotando como flores sobre a planície deserta e seca e semeando frutos de consciência e de amor em seu redor dando-se as mãos e não mais inimigas umas das outras…essas são as mulheres em que eu creio e sei que virão…em breve…elas estão a acordar do maldito sonho que as aprisionou ao Pai e ao Filho! Elas serão Mãe e Filha e iniciarão o novo homem ao amor da Natureza, da Terra, da Deusa e da Mulher.

rleonorpedro

3 comentários:

Anónimo disse...

Obrigada do fundo do meu coração, Rosa... a senhora mesma disse, "basta-lhe ouvir o ECO da Deusa Mãe no mais fundo do seu coração, no mais fundo da sua alma e do fundo do seu Útero que a sua resposta virá."
Minha maior felicidade é dizer-lhe que a ouço. A Voz que todas as mulheres ouvem, mas para a qual não dão vazão, e, presas, usam como válvula de escape a dependência ao masculino, já que seu feminino foi-lhe retirado... Preenchendo-se de algo que não é seu.
E entre nós e todas que lêem o seu blog maravilhoso, e os blogs espalhados pela internet que também clamam pela Mãe, fica o apelo para que as flores desabrochem outra vez.
Que a Mãe a abençoe.

Nana Odara disse...

todos os rios correrão para o mar...
uns mais lentos outros devastadores, mas todos se encontrarão um dia...
o encontro das águas...
todas as filhas e a Mãe

Angeles disse...

Adoro leer este blog y leer los comentarios de ustedes, me ayudan mucho, las quiero a todas.