O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, dezembro 12, 2011

Googlem as "gajas"...



"Cinquenta anos passados sobre o nascimento do feminismo estamos nisto..."
Experimentem googlar a palavra "as gajas".

Aparecem por esta ordem: as gajas mais boas do mundo; as gajas são como; as gajas mais boas das redes sociais; as gajas mais feias do Facebook; as gajas mais bonitas do Facebook; as gajas do Facebook. Cinquenta anos passados sobre o nascimento do feminismo estamos nisto. Exatamente. Num mundo governado por "gajos" que dão pontuações a "gajas". No meu tempo de faculdade, sendo Direito um curso conservador, os colegas não diziam "as gajas". Diziam "as miúdas", termo que, creio, ainda está em vigor. Claro que diziam as miúdas quando as miúdas estavam presentes (e em Direito não havia assim tantas miúdas, hoje são a maioria), pelo que nunca descobri se diziam as gajas fora da nossa encantadora presença. O sistema de rating seria, em todo o caso, parecido. O mundo muda mas a relação entre miúdas e miúdos, gajos e gajas, não muda. Mudará quando as gajas mandarem em tudo. Já não falta muito.

Vejamos então quem manda na Alemanha. Uma gaja. Vejamos quem manda na Europa. Uma gaja. Dificilmente podemos chamá-la miúda. Podem gostar ou não. Podem concordar ou não com as piadas malcriadas do senhor Berlusconi, acostumado a avaliar as mulheres exatamente como o algoritmo do Google, embora as promova, as melhores, "as boas", a deputadas europeias. É a senhora que manda, a Merkel. Ao lado do facto dela, o Sarkozy, cavalheiro do charme internacional, parece o boneco do ventríloquo. E nos Estados Unidos, vulgo América? Quem manda? Não me digam que é o Obama porque, nos últimos tempos, Obama manda muito pouco.

(...)
Não vou falar de Madonna, Lady Gaga ou Oprah Winfrey. Mrs. Thatcher? Vai agora estrear o filme com Meryl Streep a fazer de dama de ferro. Os que dizem que ela era um homem enganam-se. A Iron Lady nunca gostou de aventuras com o Iron Man. Gostava de sapatos e de malinhas de mão. Como a nossa Agustina. Super-heróis são coisas da imaginação masculina. As mulheres são práticas. Sabem o que custa. Porque é que acham que a ministra italiana chorou? As mulheres conhecem a privação de direitos melhor do que os homens. Googlem a palavra gajos e o que aparece? Os gajos são todos iguais. Exatamente. O algoritmo não engana.


Clara Ferreira Alves, in Revista Única

Expresso #2041 10 Dezembro 2011

Nota à Margem...
Gosto normalmente do que a jornalista escreve, mas tenho algumas dúvidas sobre a pessoa desde queela foi convidada para participar na reunião dos Bilderberg...

A ATRACÇÃO DO PODER...?
"Quem vai segue as regras: não fala sobre o convite, o local, a agenda, as expectativas, sobre nada. “Faz parte do protocolo, não faço qualquer comentário.” Esta foi a única frase que Clara Ferreira Alves aceitou dizer ao DN sobre a sua participação no restrito clube que se reúne uma vez por ano juntando algumas das pessoas mais influentes a nível mundial entre chefes de Estado e de Governo e outros dirigentes políticos, líderes de empresas, banqueiros.
Por indicação de Pinto Balsemão, a jornalista do Expresso e o economista António Nogueira Leite foram os dois portugueses convidados este ano a conviver de perto com o exclusivo grupo que muitos classificam de secreto e a quem atribuem um forte poder. Como uma espécie de “mão invisível” que controla e orienta decisões-chave em momentos chave, pelo mundo fora.

A Clara Ferreira Alves foi convidada para ir à reunião dos Bilderberg? Porquê? Talvez por razões que a razão desconhece, ou então por outra qualquer."

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