O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, junho 29, 2012

SILENCIOSAS ESCRAVAS...


A LIBERDADE FEMININA…


"Porquê, mãe, que sabias tu da liberdade feminina, da opção feminina, da autonomia feminina? Não era a mulher a serva do maridos, como Sara de Jacob, como Maria de José e, ainda, Maria de Jesus o seu filho mítico, Raquel de Abraham? E a Judite, servidora do seu povo? E a tua Teresa de Ávila, sabia para o seu povo? E a Madame Curie, companheira sobrevivente do sábio do radium? Sabia ela também? E as mulheres tuas descendentes, da tua geração descendente, empresas autónomas que partilham a vida com o seu hoje companheiro? Como ias tu explicar o que nunca soubeste nem ver nem fazer? Mãe, porque recuperar a força autónoma quando o pai já não pode mexer? Como sobrevives ao teu objectivo de vida? Ao teu definido objectivo de vida? Ao teu público objectivo de vida? E querias que nos homens, com senhoras senhoras.

Com senhoras de genealogias. Com senhoras graduadas. Querias que tivéssemos senhoras autónomas como as nossas silenciosas escravas?"
(...)

* Paulo Iturra
in: MULHERES PORTUGUESAS DO SÉCULO XX



VARIAÇÃO EM DÓ MAIOR…


Penso nessas mulheres dentro do Sistema...no século XX e antes e depois; penso nas mulheres que pensam e escrevem hoje para o sistema de crenças em que foram muito bem educadas...e que são fiéis aos seus princípios...politicamente correctas e crentes do bom deus...Senhoras senhoras com quem os filhos das altas classes casavam…

Penso nas mulheres das classes "privilegiadas", nessas "senhoras de genealogias. (...) senhoras graduadas. (...) senhoras autónomas como as nossas silenciosas escravas?"*

Senhoras que hoje se julgam livres e escrevem caladas sobre a dor de serem escravas...senhoras moldados no silêncio de séculos, mães, amantes, rainhas e concubinas, divididas entre amantes e maridos, disfarçadas de modernas, que se crêem resolvidas e de bem com Deus e o Estado...Elas dizem O Homem, e elas repetem as suas palavras que são a negação de si como mulheres, a sua servitude, a sua perversa impostura de "boas mães e boas esposas"... Elas escondem a sua frustração e a sua agonia, mas são essas mulheres psicólogas totalmente desequilibradas a nível pessoal ou médicas falsamente dedicadas, que desprezam as outras mulheres, mas podem ser muito caridosas e até fazerem serviço voluntário junto das mulheres pobres e desgraçadas, e até prostitutas de rua e benzem-se piamente depois... Sim, católicas, boas católicas...que antes poderiam ser freiras se o pai decidisse ou beatas de sacristia ...mas agora  são as filhas dessas senhoras, que  são escritoras de sucesso mediático, entrevistadas pela televisão; são mulheres que estão nas montras das livrarias e dão as mãos a padres missionários e senhores ministros...têm deputados por maridos, advogados milionários, donos de Bancos; sim, são essas mulheres que são rapidamente celebradas pela máquina...engolidas pela publicidade...que vendem aos milhares as suas novelas cor-de-rosa e histórias de princesas e de marquesas que gostavam de ser...inventam uma Marquesa de Alorna em versão erótica ou uma rainha louca decapitada...para as milhares de pobres coitadas, senhoras de nada…

Sim, são essas as filhas das "senhoras de genealogias", agora "senhoras graduadas." (...) "senhoras autónomas como as nossas silenciosas escravas?"*

Rlp


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