OS ENREDOS DE MULHERES…
Sabem...eu posso por
vezes ser um pouco dura ou inflexível no meu discurso ou demasiado frontal,
dizer ou ver coisas que não se dizem normalmente, porque não suporto o
fingimento nem o simulacro e sinceramente não suporto essa "sedução
manipulatória" que as mulheres fazem umas às outras só na superfície - na
maior simulação virtual de amizade - na tentativa de fazer "amigas", tendo
como inimigas as outras contra quem estão e em cima disso se unem e formam
grupos…
Esta é ainda SÓ MAIS uma manifestação subtil do antagonismo
das mulheres, servirem-se de uma tantas “amigas” na mesma onda e contra as rivais…e
vice-versa…mais à frente farão a mesma coisa com outras mulheres que surgirão…é
um pouco aquela coisa “zangam-se as comadres e descobrem-se as verdades”…e não
passa disso.
Não é a primeira vez que vejo isso acontecer dentro de um
grupo de mulheres...virarem-se umas tantas contra uma ou duas ou mais que
perfilham uma ideia e depois por terem outras ideias, e entrarem em
controvérsia tornarem-se opositoras e adularem-se entre si muito amorosamente,
as que divergem da “autoridade” e ficam em despique de domínio ou sedução e como uma
espécie de vingança de quem se desvincularam ou de quem sentiram um agravo.
Lembro-me, em criança, das meninas fazerem isso contra as
outras...as que por qualquer razão se destacavam ou eram diferentes. Talvez
este seja um dos movimentos do Bullying nas escolas...as mulheres são
especialistas nisto, de se virarem umas contra as outras como se vê nos Mídea e
nas telenovelas e filmes...A necessidade de rebaixar a outra mulher e de a
punir está nos próprios complexos e na falta de auto-estima que as mulheres
desde pequeninas sentem por si...e isto pode manifestar-se quer na adulação
quer na agressão...ou começa por adulação/inveja e acaba na agressão/ódio…
Na verdade elas nem dão
por isso, estão tão habituadas a ser assim...eu é que sou a tal "empata fadas"...que teima em varrer os
cantos da casa...E ver estas coisas e desmontá-las não é fácil nem angaria simpatias entre as mulheres, nem na vida, nem no virtual...Não se angaria simpatias para causas! Tenho bem consciência disso, mas não, não posso mudar nada. E pago o preço que for necessário. A ConSciência das nossas artimanhas e de pactos inconscientes e reacções de defesa, faz parte da nossa evolução...
Hoje estava precisamente a pensar como nós deixamos que
coisas pequenas pessoais e egos, ou emoções passageiras, interesses mesquinhos
e raivas se sobreponham a um trabalho de fundo e dessa consciência - que
passaria por tomarmos justamente consciência das nossas manigâncias “femininas”,
contradições e expectativas...que passaria por termos consciência da nossa
fragmentação e o modo como fomos usadas e ainda somos nesta sociedade e
continuamos a dividirmo-nos entre nós e fazendo umas das outras inimigas...
É fácil pensar que são os homens e as outras mulheres que
nos manipulam ou enganam...O difícil é ver como nós nos engamos e manipulamos
os afectos...como somos susceptíveis e vulneráveis, como reagimos contra tudo o
que se nos oponha ao nosso ego e oponha a esses hábitos e vícios de comportamento,
resistindo à mudança interior e não vemos como facilmente nos adulamos umas as
outras em vez de nos unirmos e vermos
nua e cruamente, sem qualquer julgamento condenatório, porque todas nós
sofremos da mesma divisão, da mesma fragmentação, da mesma vitimização. Eu fico mais chocada com alguém que se diz muito “boa pessoa” e moderada e se choca com alguma frontalidade do que com quem ousa ser sincera e diz umas verdades de forma mais ríspida...mas esta de serem pacíficas e moderadas ou muito boazinhas é uma nova versão “new age” muito na moda que invalida processos de consciência mais profunda ao nível psicológico e desmascarar as nossas posições de defesa, as nossas máscaras, as nossas couraças; isso significa na verdade mais uma fuga a que as mulheres estão habituadas e com que se gostam de enganar a si próprias.
Tanto amor, tanto amor e de repente salta o ódio
visceral disfarçado de ofensa e claro de ego...Eu prefiro não amar como
elas amam e ser coerente comigo mesma e a minha verdade. Prfiro caminhar na estrada real. Mesmo a risco de
ficar só, claro. Há muitos anos que ando nesta luta e
a única coisa que exijo de mim é não me enganar com nada, mas a verdade é que
me enganei...
Sonhei que este trabalho com as mulheres seria
possível...que haveria algumas mulheres capazes de aprofundar-se e sentir e
saber os meandros em que se movem e como se debatem nas suas próprias
teias. Pensei que juntas aqui ou ao vivo nos podíamos desenvencilhar de
algumas delas...com cuidado e persistência, mas não com mentiras e fugas ao
essencial, não com disfarces…
Sim, sou aparentemente
fria e normalmente céptica, mas ainda acreditava nas mulheres, mas agora por
vezes confesso que começo a ficar cansada e descrente deste trabalho…
Pode ser que persista nele ou pode ser que abandone de vez
esta causa ou este sonho de União das Mulheres e de uma irmandade feminina. Certamente não será no meu tempo de vida...
rlp
Sem comentários:
Enviar um comentário