O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, abril 27, 2013

A "sedução manipulatória"...


OS ENREDOS DE MULHERES…

 Sabem...eu posso por vezes ser um pouco dura ou inflexível no meu discurso ou demasiado frontal, dizer ou ver coisas que não se dizem normalmente, porque não suporto o fingimento nem o simulacro e sinceramente não suporto essa "sedução manipulatória" que as mulheres fazem umas às outras só na superfície - na maior simulação virtual de amizade - na tentativa de fazer "amigas", tendo como inimigas as outras contra quem estão e em cima disso se unem e formam grupos…
Esta é ainda SÓ MAIS uma manifestação subtil do antagonismo das mulheres, servirem-se de uma tantas “amigas” na mesma onda e contra as rivais…e vice-versa…mais à frente farão a mesma coisa com outras mulheres que surgirão…é um pouco aquela coisa “zangam-se as comadres e descobrem-se as verdades”…e não passa disso.

Não é a primeira vez que vejo isso acontecer dentro de um grupo de mulheres...virarem-se umas tantas contra uma ou duas ou mais que perfilham uma ideia e depois por terem outras ideias, e entrarem em controvérsia tornarem-se opositoras e adularem-se entre si muito amorosamente, as que divergem da “autoridade” e ficam  em despique de domínio ou sedução e como uma espécie de vingança de quem se desvincularam ou de quem sentiram um agravo.

Lembro-me, em criança, das meninas fazerem isso contra as outras...as que por qualquer razão se destacavam ou eram diferentes. Talvez este seja um dos movimentos do Bullying nas escolas...as mulheres são especialistas nisto, de se virarem umas contra as outras como se vê nos Mídea e nas telenovelas e filmes...A necessidade de rebaixar a outra mulher e de a punir está nos próprios complexos e na falta de auto-estima que as mulheres desde pequeninas sentem por si...e isto pode manifestar-se quer na adulação quer na agressão...ou começa por adulação/inveja e acaba na agressão/ódio…
Na verdade elas nem dão por isso, estão tão habituadas a ser assim...eu é que sou a tal "empata fadas"...que teima em varrer os cantos da casa...
E ver estas coisas e desmontá-las não é fácil nem angaria simpatias entre as mulheres, nem na vida, nem no virtual...Não se angaria simpatias para causas! Tenho bem consciência disso, mas não, não posso mudar nada. E pago o preço que for necessário. A ConSciência das nossas artimanhas e de pactos inconscientes e reacções de defesa, faz parte da nossa evolução...

Hoje estava precisamente a pensar como nós deixamos que coisas pequenas pessoais e egos, ou emoções passageiras, interesses mesquinhos e raivas se sobreponham a um trabalho de fundo e dessa consciência - que passaria por tomarmos justamente consciência das nossas manigâncias “femininas”, contradições e expectativas...que passaria por termos consciência da nossa fragmentação e o modo como fomos usadas e ainda somos nesta sociedade e continuamos a dividirmo-nos entre nós e fazendo umas das outras inimigas...
É fácil pensar que são os homens e as outras mulheres que nos manipulam ou enganam...O difícil é ver como nós nos engamos e manipulamos os afectos...como somos susceptíveis e vulneráveis, como reagimos contra tudo o que se nos oponha ao nosso ego e oponha a esses hábitos e vícios de comportamento, resistindo à mudança interior e não vemos como facilmente nos adulamos umas as outras em vez  de nos unirmos e vermos nua e cruamente, sem qualquer julgamento condenatório, porque todas nós sofremos da mesma divisão, da mesma fragmentação, da mesma vitimização.
Eu fico mais chocada com alguém que se diz muito “boa pessoa” e moderada e se choca com alguma frontalidade do que com quem ousa ser sincera e diz umas verdades de forma mais ríspida...mas esta de serem pacíficas e moderadas ou muito boazinhas é uma nova versão “new age” muito na moda que invalida processos de consciência mais profunda ao nível psicológico e desmascarar as nossas posições de defesa, as nossas máscaras, as nossas couraças; isso significa na verdade mais uma fuga a que as mulheres estão habituadas e com que se gostam de enganar a si próprias.

Tanto amor, tanto amor e de repente salta o ódio visceral disfarçado de ofensa  e claro de ego...Eu prefiro não amar como elas amam e ser coerente comigo mesma e a minha verdade. Prfiro caminhar na estrada real. Mesmo a risco de ficar só, claro. Há muitos anos que ando nesta luta e a única coisa que exijo de mim é não me enganar com nada, mas a verdade é que me enganei...
Sonhei que este trabalho com as mulheres seria possível...que haveria algumas mulheres capazes de aprofundar-se e sentir e saber os meandros em que se movem e como se debatem nas suas próprias teias. Pensei que juntas aqui ou ao vivo nos podíamos desenvencilhar de algumas delas...com cuidado e persistência, mas não com mentiras e fugas ao essencial, não com disfarces… 

 Sim, sou aparentemente fria e normalmente céptica, mas ainda acreditava nas mulheres, mas agora por vezes confesso que começo a ficar cansada e descrente deste trabalho… 
Pode ser que persista nele ou pode ser que abandone de vez esta causa ou este sonho de União das Mulheres e de uma irmandade feminina. Certamente não será no meu tempo de vida...

 rlp

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