O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, junho 10, 2013

UMA MULHER MATRIZ


EM BUSCA DA MULHER INTEGRAL:
"casar as duas Marias"
OS PONTOS DE VISTA SÃO TODOS DIFERENTES

E cada uma de nós MULHERES situa-se num desses pontos que adopta e defende. Aqui eu defendo logicamente o meu ponto de vista porque o considero essencial para a mulher moderna...

Queria com isto apenas dizer  e alertar para o facto de que eu tenho um ponto de vista diferente; que o meu ponto de vista muitas vezes não responde à visão comum das mulheres sobre as questões  que as concerne  nem à visão que as  próprias mulheres tem de si e que eu sei isso perfeitamente...
Eu parto para as minhas análises muitas vezes dessa visão singular e não de um entendimento intelectual ou psicológico apenas da mulher em si, a mulher de hoje que é fruto quase exclusivo de um estado social e político e não de uma mulher matriz. É uma mulher feita pelo homem e não uma mulher que nasce mulher...Porque a Mulher nasce mulher e só depois, por educação  é dividida ou desconstruída de acordo com os padrões e os papéis que lhes destinam...ou de esposa e séria ou de prostituta e livre...(grosso modo). 
Quando falo da mulher, penso na MULHER integral, aquela que ainda não é, na mulher ontológica e não a confundo com a mulher social e política, fruto desta sociedade patrista, falocrática e machista que a dominou e programou de forma redutora, baseada a sua vida em sociedade na divisão da mulher em duas espécies de mulheres à partida, uma divisão basilar que dá origem a múltiplas divisões a partir dessa divisão fulcral.

Essa divisão fulcral ou essas duas mulheres dividias em si mesmas, correspondem hoje a uma fragmentação cada vez maior das mulheres em geral que se desmembram a partir de um centro fulcral e que se estende aos extremos da concepção alargada do que é a mulher "santa e a pecadora". A sociedade moderna e  mediática inventou muitos termos para designar as mulheres dentro dessa divisão de modo a que já nem se perceba qual é ela. Quero dizer que a nossa sociedade por já nem se aperceber dessa divisão intrínseca e social e psíquica na mulher, que gera as duas espécies de mulheres básicas, (a santa e a pecadora) porque cada uma delas sofreu uma extensa variedade de formatações, mas que derivam de cada uma dessas partes em questão mas que culturalmente se escamoteia e branqueia como questão essencial...dentro de um espírito de libertinagem dentro de uma suposta  democracia que banaliza e explora o corpo da mulher como um produto de consumo...ou de reprodução, tal como as sociedade comunistas e actuais fizeram e continuam a fazer da mulher e ela aceita passivamente e sem consciência para se defender. Por isso é urgente unir em nós conscientemente esses fragmentos de mulher dividida em estereótipos e CASAR AS DUAS MULHERES...

"No cristianismo tradicional, as falsas divisões deram-nos duas personagens: a Virgem Maria e Madalena. Claro, para que uma cristã se sentisse realizada, estas duas personagens deviam ser unidas - e não polarizadas - na sua psique. A Virgem Maria foi desprovida da sua sexualidade conservando a sua espiritualidade, enquanto que Maria Madalena foi despojada da sua espiritualidade ficando apenas com a sua sexualidade. Ora cada uma delas devia aceder à sua plenitude. É o que eu chamo "casar as duas Marias"... *

*Tori Amos - in Os Segredos de Maria Madalena, ed. Via Medias, 2006

1 comentário:

Anónimo disse...

Revi-me. Nos meus tempos de adolescente e jovem mulher não cabia em lugar nenhum... Não era a Santa, nem a pecadora.
Nunca conseguia ser tão perfeita e pura. Nem "doida" e leviana o suficiente...
Ainda hoje procuro casar as duas Marias...
Carla Moreira