O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, dezembro 05, 2016

QUEIRAMOS OU NÃO...

Anónimo
SOMOS MULHERES DESTE MUNDO...

Queria destacar e agradecer os dois comentários de leitoras que se seguem ao meu texto,  pela sua lucidez e assertividade.
É um facto que me tenho debatido e escrito demasiado sobre os "círculos de mulheres" que vão crescendo e se propagando sem que a meu ver tenham consistência e faltando as bases de ensinamento e de conhecimento fidedigno - fundamentalmente a consciência de si como mulheres a nível individual - mas  ainda porque lhes falta realmente uma consciência geral do grave problema que a mulher enfrenta neste momento no mundo...e que urge compreender e debater e na medida do possível fundamentar objectivamente,  mudando o nosso comportamento individual para que não sejamos sistematicamente prisioneiras ou vitimas do Sistema...ou ainda assimiladas por ele, desviadas de um verdadeiro processo de auto-conhecimento...
Convém ter todos estes aspectos  em conta: ver bem a forma como a violência e o descrédito sobre a mulher avança, cada dia mais,e em todo o mundo,  das formas mais subtis e ela é ameaçada de perder todos os direitos e conquistas de anos de luta e por isso há que ter todo o cuidado na atitude e na abordagem das nossas vivências...

Para mim é um facto de que a maioria das mulheres me parecem alienadas de si e da realidade que as circunda, refugiando-se num mundo imaginário (idealizado) ou mesmo real, mas desfasado desta realidade...Como por exemplo, antes ninguém sabia do Útero, do sangue sagrado ou da importância dos ovários ou das plantas medicinais que curam...ou sequer se tinha a reverência natural pela Terra e pela Natureza e os animais e só se pensava nos direitos e liberdades das mulheres a nível social e económico (as feministas) e agora as mulheres do "sagrado feminino" tomam consciência de aspectos fundamentais do seu ser instintivo e sábio, mas parecem alienar-se da sua condição social e económica e fundamentalmente psicológica e afastam-se assim de um CENTRO nuclear que é a Consciência do Ser Mulher actual e o não perceber quais as consequências da  sua divisão intrínseca...que continua a criar a divisão psíquica e a fragmentação da mulher  e também a gerar a separação entre as mulheres, mesmo dentro desses círculos ditos "sagrados" e para mim isso é que é mais grave.

De qualquer modo quero agradecer a estas amigas - leitoras por me fazerem também  reflectir sobre este meu conflito interior...se bem que eu já andasse um pouco a ressentir-me de insistir tanto na mesma tecla - mas isso aconteceu talvez devido ao facto de eu própria ter passado pessoalmente por essas situações de há um ano a esta parte e me sentir defraudada e até magoada com mulheres em que acreditei e confiei, me sentir traída na minha boa fé, e por isso tenho exagerado a enfase neste problema.
Concordo inteiramente  com os comentários destas amigas. Elas têm toda a razão no que dizem...afinal cada mulher tem de fazer o seu caminho  e cada uma só por si aprenderá a sua lição; além do mais, os actos ficam sempre para quem os pratica.  Tudo o que se constrói sem alicerces, mais tarde ou mais ceda vem a ruir...Sabemos que  a verdade sempre virá ao de cima como o azeite...
Talvez eu tenha ainda acreditado ingenuamente  (apesar de "anciã) que ainda podíamos fazer algo grande e colectivamente umas pelas outras, quando na verdade é sempre individual o caminho e  compete a cada mulher fazê-lo sozinha...pois sem percorrer essa via solitária da noite escura da alma não chegamos a lado nenhum...
Obrigada as duas mais uma vez pelos vossos sábios comentários!
rleonor

1) Anónimo disse...

Eu percebo isto. Andei a saltitar e auscultar certos ambientes de que fala no último ano e pude-me aperceber da superficialidade destas pessoas, da confusão mental, da mistura de assuntos, dos gestos egóticos, as referências básicas (da cultura pop por vezes - o que não teria mal nenhum não fossem ser por vezes as únicas!)... Tudo isto soa a uma certa altivez, a um certo snobismo da minha parte, e se calhar é. Já vinha sentindo um certo mal-estar, todas estas experiência me eram insuficientes, e depois "caiu-me a ficha" aquando das eleições nos EUA com a vitória de Trump e a superficialidade com que esta gente "despachou" o assunto. Agora tanto post que a Rosa tem feito sobre isto ultimamente não acha que há aí qualquer coisa a trabalhar também? Porque a irritam tanto estas mulheres? É deixá-las! É o seu processo, não o nosso. Claramente, por certos testemunhos aqui, há mulheres que são mais exigentes e que, mais tarde ou mais cedo, se apercebem da insuficiência de tudo aquilo e fazem o seu caminho de outra forma. Porque é desejável fazer o caminho sozinha. Atravessar a noite escura consigo mesma. Julgo não haver outra forma. Só assim se pode estar depois (bem) com as outras. - ? dezembro 04, 2016
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2) Anónimo disse...

Observando de fora, diz-me a intuição que algo está a emergir, e que vai manifestar-se, pois, como força natural que é, não pode ser impedida nem bloqueada. As empreendedoras do "espiritual" atentas, não deixaram passar a oportunidade e fizeram o que o patriarcado sempre fez: quer, pode e apodera-se, manipula, desvirtua e destrói, enquanto monetiza e afirma o seu "poder".
É muito importante discernir, quem não estiver atenta facilmente se perde na nuvem densa que se tornou o meio "espiritual"... MAS, por mais que mentirosas se vendam como sendo os portadoras da verdade, a Verdade jamais é afectada (e não é possível enganar toda a gente, o tempo todo). Portanto, há esperança que talvez tenha sido um mau (re)começo em vez de uma oportunidade perdida... acredito que sim. - Um beijinho grande Sónia

4 comentários:

Anónimo disse...

Desabafámos um pouco sobre as nossas inquietações, desabafámos porque nos importamos, e importamos o suficiente para ficármos profundamente magoadas. A mágoa custa a digerir e ultrapassar e penso que resulta, também, da frustração de ver sempre o mesmo mecanismo a agir (sabendo que o ser humano é capaz de tão melhor do que isto...).

Um abraço forte

Sónia

rosaleonor disse...

É verdade, muito verdade...obrigada por apalavras tão justas.
Um grande abraço também.
rleonor

Anónimo disse...

Cara Rosa:
Saiba que não está sozinha em pensar que esta nova consciência da mulher em conexão com a natureza, com os animais e com o corpo físico não pode ser construída à custa do descarte da condição social e económica das mulheres. Da história delas. Não é só do resgate das bruxas e das curandeiros que o caminho se faz; ele também se faz resgatando as feministas (desde as sufragistas à segunda e terceira vagas), que igualmente abriram caminhos. Essa dialéctica é produtiva, sem necessidade de uma síntese.
Abraços

Anónimo disse...

Rosa, isto talvez lhe interesse. Abraços https://www.scienceandnonduality.com/kali-takes-america-im-with-her-vera-de-chalambert/