O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, julho 31, 2017

É BOM NÃO ESQUECER



AS DUAS ÍSIS…


(…)

“A busca da verdade é também a busca do outro. Essa questão toca bem claramente o problema da dualidade masculino/feminino, dia/noite….Quando... essa dualidade é dominada, leva a um outro nível de consciência, tal como é expresso na grelha integrada. A mulher – conhecimento/sabedoria – tem um substrato de facto, enquanto o homem precisa partir sem demora em busca de si mesmo. A mulher é para ele uma iniciação ao progresso, um catalisador do futuro. Nesse sentido a mulher parece ter vantagem em relação ao homem.
As duas buscas de Ísis demonstram muitas facetas dessas vantagens. Considerando Osíris como o representante do homem mítico a construir, vemos que ele precisa a toda a hora de ser reconstruído. Os catorze pedaços são catorze centros energéticos e esses mesmos centros foram escolhidos para nomear províncias do Egipto, os nomes. O corpo decepado do deus vivo que se tornará deus morto. É o fio invisível que assegura a continuidade ao longo da alternância vida/morte. É também o símbolo do grão que morre no solo para renascer em outro ser. Cada grão de Osíris estava ligado a uma província do Egipto. Ísis não encontrou o sexo, engolido por um peixe. Não existe província ligada ao sexo. Esse facto evoca outras ideias que encontramos em muitas religiões – reveladas ou não -, a de que o deus fundador foi concebido sem reprodução sexuada. O segundo aspecto está ligado ao facto de que são as mulheres que concebem. As mulheres são MA e o AM. A primeira matéria realizada seria a da mulher.


Existem tipos de fecundação em que podemos questionar qual é o verdadeiro papel do macho. Em certas fêmeas, o espermatozóide só traz um sistema de forças criador, apenas um stresse para o óvulo. Não existiria transmissão de património genético proveniente do macho, enquanto as recombinações genéticas teriam lugar unicamente no material genético proveniente da fêmea. A mulher já tem nela as infrastruturas para criar o ser inteiro. Falta-lhe justamente o impulso criador. Na Bíblia, o episódio da costela de Adão apresenta as coisas de maneira inversa.
Com a linguagem vibratória, a tradução da mulher dá a letra Z. E a constela de Adão seria a letra Z, que significa responsabilidade. Ora, a letra Z pertence ao mundo transcendental. A mulher já é portadora do mundo transcendental (A Virgem maria, Ísis, as virgens negras etc.). O homem, em contacto com a mulher, teria acesso ao germe da iluminação. E o casal alquímico exteriorizaria isso.
(…)
Chegarei mesmo a dizer que, nesta evolução do conhecimento, a mulher leva vantagem, mas não sei se ela sabe disso. Ainda mais que na situação actual ela se choca com o poder do homem. Sejamos claros: constitutivamente não existem relações de superioridade ou de inferioridade entre o homem e a mulher. Tudo depende do contexto sócio-cultural da época considerada cujas consequências extremas se manifestam nas sociedades do tipo patriarcal e matriarcal. O facto principal que se expressa no caso ideal é a complementaridade da infra-estruturas constitutivas de cada um…O resultado no mais alto nível vibratório de tal complementaridade é a fusas integral dos duplos que se traduz por um alargamento prodigioso do campo de consciência do casal alquímico. Trata-se de um verdadeiro processo de transcendência cujas consequências são múltiplas, principalmente transformações profundas e duráveis de cada um dos componentes do casal. Penso mesmo que esse estado ideal e final do casal alquímico, caracterizado pela fusão dos duplos, continua após a morte física. Mas atenção: eu não digo que tal resultado do casal alquímico seja verdadeiramente realizável.” *
(…)
*Etienne Guille
in O homem entre o Céu e a Terra

Sem comentários: