ARTE FISIOGNÓMICA
A Fisiognomia não é uma Ciência quimérica e ilusória
"Para provar o que eu intento, invocarei a natureza; os mais incrédulos não puderam deixar de admitir esta prova, porque um instinto natural os guia como ao resto dos homens. A primeira vista de um indivíduo qualquer, que não conhecemos, não deixa da qual umas vezes nos sentimos inclinados para ele, outras vezes sentimos uma força interior, que nos repele. Consultemos a íntima experiência, e veremos, que esta voz secreta da natureza nunca nos ilude, porque, porque ela é tão infalível, como o seu Autor. Mas não a confundamos com as prevenções de um espírito preocupado, e devemos saber que a beleza não é sempre o templo da virtude, e que a disformidade é muitas vezes acompanhada das mais sublimes qualidades.
As qualidades externas estão em relação com as internas. Todas as Ciências naturais estão baseadas sobre este princípio. O Naturalista pelo aspecto e exame do exterior dos minerais decide da sua natureza, composição, e virtudes. O mesmo acontece nos reinos vegetal e animal: à vista de uma planta reconhece pela sua forma muitas qualidades, de que ela é dotada: em todo o reino animal as formas exteriores estão em relação com certas inclinações e disposições; e o homem estará sujeito a esta Lei? Em tudo, o que ele tem de terrestre, deve ser sujeito às Leis do Universo, e em tudo, o que pertence à vida tomada em um sentido generalíssimo, deve estar sujeito às normas, porque se governam os entes animados. Como o desenvolvimento e a declinação do espírito seguem as mudanças, que o corpo padece, é forçoso reconhecer, que um vínculo invisível, mas real une o físico ao moral. Porque se ousa duvidar da existência da Fisiognomia, quando se vem todos os dias demonstrações da sua mesma existência? Umas faces, para assim dizer escavadas, uma testa enrugada, beiços pálidos e cerrados, dos quais jamais se viu escapar um sorriso, olhos baixos para a terra, todas estas feições podem elas caracterizar a alegria? Entremos nas prisões, onde os delinquentes sofrem a pena do crime, e aí veremos fisiognomias, que parecem pertencer exclusivamente ao vício. A natureza em tudo é previdente; ela fez falar ao mesmo tempo a testa, os olhos e as outras feições do homem para desmentir a lingoa, quando não fosse fiel intérprete dos seus pensamentos. Alguns existem, que negam a realidade desta Ciência; mas que podem suas armas contra o instinto da natureza guiado pela experiência? Existem muitas anedotas, que se podem ler em Lavater, em prova da nossa asserção. Comparemos duas pessoas, cujas notas características sejam opostas, e cujo carácter natural conheçamos, veremos que este em geral é também oposto. As nações em geral têm certas notas, que se distinguem, e por isso um carácter que lhes é próprio. Em todas as Nações, onde existem povos, que se conhecem pelo seu aspecto, estes têm um carácter particular; e em todas as partes onde existem castas, observam-se fenómenos semelhantes. Finalmente naqueles indivíduos, que apresentam relações assinaladas no seu carácter exterior, sempre existem certas disposições comuns no carácter moral. Nas famílias é, que há ocasião de se fazerem observações desta natureza. Tudo é harmónico em o Universo e no homem, que é o compêndio deste Universo: as suas feições não são feitas ao acaso, e como elas estão em mútua dependência, nenhuma pode ser sem expressão. Os que se têm distinguido na arte do desenho têm reconhecido esta verdade. Lavater foi um destes génios raros; uma inclinação decidida o arrastou para o desenho, e a ela deveu o desenvolvimento das suas primeiras ideias sobre Fisiognomia. À força de desenhar figuras humanas, de comparar, e analisar suas feições, chegou a notar e avaliar as diferenças ainda muito delicadas, que as caracterizavam. Empregou muitos anos em juntar os desenhos, que tinha feito, comparou as figuras humanas de todas as condições; foi depois eleito Pároco, e o seu emprego tendo-o posto em relação com grande número de personagens mais ou menos singulares, fez delas objecto de suas observações. Por ventura achamos algum fundamento, para que nossas almas em si tenham qualidades diversas nas perfeições? Não. Logo não se pode duvidar da relação que o físico tem com o moral. " (...)
Extraída de vários autores, e correcta e aumentada, dedicada a sua Mãe
Daniel da Silva Pereira e Cunha Bacharel na Faculdade dos Sagrados Cânones
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