SEM RESOLVER A CISÃO DA MULHER NÃO HÁ SOLUÇÃO PARA A RIVALIDADE ENTRE MULHERES…
As mulheres falam em sororidade e procuram respostas para a rivalidade entre mulheres, mas apesar de todos os esforços não conseguem ter sucesso a não ser superficialmente ou aparentemente porque o conflito entre mulheres tem a ver com a sua cisão interior, a sua divisão psíquica entre os dois modelos ou arquétipos - basicamente a Virgem Santa e Maria Madalena a pecadora - que a religião católica e a família tradicional ou comum modelam a mulher desde que nasce e a divide dentro de si (entre a santa e a puta) e isso reflecte-se fora no antagonismo com as outras mulheres quando se veem na sua face oposta...
As mulheres tem uma espécie de má fé em relação a qualquer outra mulher; há sedimentado nelas um antagonismo criado por essa divisão e pela educação patriarcal religiosa que denigre e inferioriza as mulheres e as coloca em guerra umas com as outras . E mesmo quando há afinidades de pensamento e ideias comuns, mais tarde ou mais cedo esse antagonismo, que é sobretudo de foro emocional e psíquico, ele emerge do inconsciente e acaba por se reflectir no convívio entre mulheres e de forma mais ampla ainda e quando se digladiam por causa dos homens...
As mulheres e sobretudo as feministas falam, nem sempre, mas no caso desta entrevista a autora foca o problema, mas apenas tendo essa percepção do que é uma evidência mas sem, como disse, tocar o amago do problema e assim não há forma de resolver esse drama que é transversal a toda a sociedade e que faz muito do seu trabalho cair por terra, mas elas nunca conseguem tocar na verdadeira ferida que é inicialmente a relação com a mãe e o facto de serem filhas do Pai…
Além de não entenderem esta questão básica afastaram-se bastante das primeiras feministas que tinham uma maior percepção de como as mulheres eram afectadas pelo mito católico...As mulheres e sobretudo as feministas falam, nem sempre, mas no caso desta entrevista a autora foca o problema, mas apenas tendo essa percepção do que é uma evidência mas sem, como disse, tocar o amago do problema e assim não há forma de resolver esse drama que é transversal a toda a sociedade e que faz muito do seu trabalho cair por terra, mas elas nunca conseguem tocar na verdadeira ferida que é inicialmente a relação com a mãe e o facto de serem filhas do Pai…
"O cristianismo ressuscitou Maria. Mas essa transformação das deusas pagãs numa virgem cristã marca um progresso para o género feminino? Certamente que não. Nós estamos longe de uma Atena, de uma Diana, de uma Deméter, que iluminaram a humanidade e lhe deram leis. Maria, a partir de então o ideal de mulher no cristianismo, é a encarnação da nulidade, do apagamento; a negação de tudo quanto constitui a individualidade superior: a vontade, a liberdade, o carácter."
Na verdade as feministas acabaram por negar essa Maria e um sec. depois já ninguém fala nisso...mas o facto é que esses estereótipos estão enraizados na sociedade e as famílias, pais mães tias e avós ainda veiculam esses sentimentos e os projectam nas filhas…
Quanto a mim não haverá Sororidade enquanto as mulher não fizerem essa união das duas mulheres dentro de si e resolverem ou pelo menos consciencializarem o seu drama (rejeição) e conflito com a Mãe, a sua ferida que vem de trás de mãe para filha, há séculos…
Deixo-vos um excerto de entrevista desta feminista mexicana Marcela Lagarde - Fundadora Associada da Rede de Pesquisadoras pela Vida e a Liberdade das Mulheres. É a maior referência do feminismo na América Latina. Ativista e teórica, dedicou-se estudo antropológico da condição feminina, tem realizado diversas publicações não impressas, tratando temas como o cativeiro, cuidado, sexualidade, amor, poder, trabalho, violência, subjetividade, religião, direito, maternidade, sororidade, etc.[2] É autora de numerosos artigos e livros sobre estudos de gênero, feminismo, desenvolvimento humano e democracia, poder e autonomia das mulheres, etc.
¿Por qué insistir en la sororidad?
En este contexto, ¿la rivalidad es negativa?
Procuro y recomiendo no hacer relaciones rivales, sino aprender una nueva ética de apoyo, respeto y concordancia para estar mejor en las relaciones con mujeres y sacar provecho.
Hay que hacer consciencia de lo complicado que es entrarle a un conflicto permanente con otras. Lo indeseable que es, lo que nos daña y recorremos esos espacios y vemos sufrimiento de mujeres por las relaciones conflictivas con otras: jefas que son nefastas con sus colaboradoras, o trabajadoras o colegas que son una constante molestia para las relaciones de cooperación que deberían prevalecer.
Entonces, ¿cuál es la propuesta?
La propuesta feminista es desmontar ese afecto rival por nosotras, ese pensamiento propiciado contra las demás y buscar un proceso de reeducación afectiva e intelectual, ir cambiando nuestras opiniones hacia las demás, verlas como compañeras, entender que son mujeres como nosotras, que enfrentan dificultades familiares, conyugales y laborales.
(…)
Marcela Lagarde
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