SOBERBO TEXTO
“Em Um Quarto Só para Si, Virgínia Woolf descreve satiricamente a sua perplexidade perante os volumosos catálogos da biblioteca do Museu Britânico: porque é que há tantos livros escritos por homens acerca das mulheres, pergunta-se ela, e nenhum escrito por mulheres acerca dos homens? A resposta a essa pergunta é que desde o começo dos tempos os homens se têm debatido com a ameaça do domínio feminino.
Essa torrente de livros foi instigada não pela fraqueza das mulheres, mas pela sua força, a sua complexidade e impenetrabilidade, a sua omnipresença aterradora. Ainda não nasceu o homem, nem sequer Jesus, que não tenha sido tecido, a partir de uma pobre partícula de plasma e até se converter num ser consciente, no tear secreto do corpo feminino. Esse corpo é o berço e a fofa almofada do amor feminino, mas é também o cavalete de tortura da natureza.”*
(…) "É correcta a identificação mitológica entre a mulher e a natureza. O contributo masculino para a procriação é fugaz e momentâneo. A concepção resume-se a um ponto diminuto no tempo, apenas mais um dos nossos fálicos pico de acção, após o qual o macho, tornado inútil, se afasta. A mulher grávida é demonicamente (diamon), diabolicamente completa. Como entidade ontológica, ela não precisa de nada nem de ninguém. Eu defendo que a mulher grávida, que vive durante nove meses absorta na sua própria criação, representa o modelo de todo o solipsismo, e que a atribuição do narcisismo às mulheres é outro mito verdadeiro. A aliança masculina e o patriarcado foram os recursos a que o homem teve de deitar a mão a fim de lidar com o que sentia ser o terrível poder da mulher. O corpo feminino é um labirinto no qual o homem se perde. É um jardim murado, o hortus conclusus do pensamento medieval, no qual a natureza exerce a demónica feitiçaria. A mulher é o construtor primordial, o verdadeiro Primeiro Motor. Converte um jacto de matéria expelida na teia expansível de um ser sensível, que flutua unido ao serpentino cordão umbilical, essa trela com que ela prende o homem.”*
**CAMILE PAGLIA
1 comentário:
Isso é o que a mulher era. No entanto ela não era bem assim. Pelo menos não tinha esse deleite na auto imagem de superioridade nem esse desejo por competir como se tem visto e é tão antagónico. Quem tem uma mãe de verdade sabe o que é uma mulher e sabem como é bom ama-la e ser por ela amado. E não! Não há coleira no pescoço, nem qualquer luta por superioridade. O que ninguém entendeu, infelizmente, é que... a mulher de hoje tem tudo para ser, mas está cada vez mais cúmplice deste erro humano, e cada dia mais longe de vir a ser mulher. A mulher e o homem integral também nasce nos dias de hoje e nascerá sempre. Só há um lugar para elas e eles, a solidão, é o único lugar que lhes foi destinado. Se tiverem mãe ao lado dela permanecerão, pois é a única pessoa que conhecem que verdadeiramente as ama, pois é de amor que são feitos e facilmente reconhecem a ignorância sobre a mãe e sobre o amor, e principalmente, homem e mulher integral não podem sem muita dor, fazer de conta, omitir, fazer de conta, mentir, encenar, ser hipócrita, e lhes doi muito tudo isso. Por isso e cada dia mais é a solidão o seu destino. Os integrais não podem reconhecer-se senão numa atracção avassaladora, mútua, e não é meramente sexual, é completa, no entanto isso é raro, porque no mundo de gente falsa, de muitas mentiras e falsidades difundidas por homens e mulheres, é muito complicado distinguir o que é falso do que é verdadeiro. Mas desengane-se quem julga que estas pessoas são tristes por ser sós, por não usufruírem dos prazeres mundanos da manada, elas lamentam por não poder ser o que sabem podem ser no casal, mas 0 ainda assim têm assim mesmo em si mesmas a amizade mais forte que se possa imaginar.
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