O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, fevereiro 22, 2019

O ABUSO E A VIOLAÇÃO



 AS MULHERES NÃO SÃO IGUAIS AOS HOMENS!


"As mulheres não são apenas consumidoras na economia de mercado; elas são consumidas como mercadoria. É disso que fala o poema de Oles, e isso é o que Tax chamou de “esquizofrenia feminina”. Tax constrói um monólogo interior para a dona-de-casa-mercadoria:

"Não sou nada quando estou sozinha comigo mesma. Em mim mesma, não sou nada. Só sei que existo se sou desejada por alguém que é real, meu marido, e pelos meus filhos”. *



O ABUSO E A VIOLAÇÃO e a esquizofrenia feminina…

Uma amiga perguntava-me há dias se o facto de as mulheres denunciarem os homens de poder dos abusos e dos seus crimes de violação - como é o caso do Meeto e outros movimentos que surgiram recentemente - não estariam a fazer com que eles atacassem mais ainda as mulheres por vingança.


Não. Penso que não é por denunciar os abusos que estamos a acicatar os homens a estas monstruosidades como é o Feminicídio, a violência doméstica e o abuso sexual, embora em alguma medida haja essa possibilidade, mas a questão começa na infância - naquilo que a criança vê no modelo do pai - começa portanto no casal...na intimidade, na sexualidade, na relação do homem com a mulher…

A sexualidade é o aspecto menos resolvido da vida humana porque foi sempre incómodo e imprevisível e por mais que se julgue já liberto de tabus e preconceitos atávicos - ele foi na verdade camuflado de um pseudo amor e de ideias liberais sobre a atração e o desejo em que tudo se tornou permissivo e libertino ou pornográfico e já não há fronteiras para nada, principalmente depois da mulher se tornar "igual" ao homem. Ela mesma defende a promiscuidade sexual, o ter muitos parceiros etc. como normal e já não se importa com a "virgindade"… e o casamento está em queda...homens e mulher já não precisam casar para ter sexo e agora são os homossexuais e os trans. que querem fazer esses papéis tradicionais mas derrubando os alicerces da família e da identidade de género. O mundo está numa total confusão de narizes. Vale tudo… até mutilar-se.


Eu creio no entanto e voltando a questão inicial é que a grande maioria dos homens não está a aguentar essa liberdade da mulher e a sua exposição sexual, sendo ela mais sensual ou provocante, tomando muitas vezes as iniciativas do "engate", porque se julga emancipada, sobretudo da parte da mulher madura, e isso é demasiado confrontativa segundo os padrões masculinos e porque as mentalidades atrasadas são as mesmas de há um século.

Sim, ai sim, sentem-se provocados e porque muitos são infantis, inseguros e outros são impotentes, ou correm o risco de o ser, como não conseguem dominar ou controlar-se e se sentem rejeitados logo à partida, ou o medo de serem traídos ou abandonados pelas mulheres, eles reagem brutalmente, violentamente nas casas, nos bares e mesmo nas ruas...

Os abusos e as violações vem de tudo isso, mas não podemos ignorar também um facto que custa muito a aceitar: As mulheres que se acham livres vão reagir mal se eu disser que um dos seus erros é pensarem que podiam vestir-se ou despir-se como queriam, e que isso não traria problema nenhum. Como se o homem também tivesse evoluído...mas o sexo animal no homem primário não evolui nem o homem vulgar aceitou essa liberdade da mulher, habituado a ficar por cima…

A posse exclusiva da mulher é uma condição do macho que se preza…é o programa do patriarcado, é o casamento versus prostituição, a mulher vendida no Sistema que não muda. E as mulheres sem identidade focadas no homem e esvaziadas de si também lhe dão todas as oportunidade de abuso...elas confiam ingenuamente, elas sonham com o príncipe encantado, elas vão para encontros de facebook, elas vão para a televisão vender-se e exporem-se na sua "inocência" para "engatar gajos"… tal como os gajos vão...e mantem relações doentias de sado-masoquismo etc..

Agora, dizer, "mas eu sou "livre" e estou-me nas tintas para os homens"? Eu exijo os meus direitos? Então ai estão os direitos iguais aos dos homens… e eles sentem-se no direito que é o seu de exercer a sua posse...o abuso e a violação. Ela começa em casa…ele vê o que o pai fez com a mãe. Essa é a sua liberdade desde sempre num Sistema patriarcal e falocrático.

Não, não podemos continuar a achar que podemos expor-nos e vestirmo-nos como queremos, irmos a qualquer lado em liberdade, ou metermo-nos na "boca do lobo" - pelo menos de forma sensual e provocante -, ou não é provocante a moda? Então para quê o silicone e as operações plásticas e as maquilhagens e todos os cosméticos e artifícios senão para seduzir o homem? Como ficar espantada quando o homem reaja com o falo em riste? Aliás a cabeça do homem vulgaris está sempre lá mais abaixo… e onde quer que a mulher vá está exposta ao predador… eles andam por todo o lado e já nem disfarçam. Não, afinal esta humanidade não evolui muito nesse sentido.
rlp

*[Meredith Tax, “Woman and Her Mind: The Story of Everyday Life”, Boston: Bread and Roses Publication, 1970.]

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