O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, abril 04, 2019

(en general una cosa como una muerte)



O PODER DAS PALAVRAS

Há muito que ando a escrever sobre as palavras...
Já o fiz muitas  vezes, mas hoje queria focar um aspecto algo diferente, talvez no intuito de querer perceber  como há palavras, que embora em si às vezes pouco ou nada digam, para além do seu significado, mas que em determinadas circunstâncias tem um peso devastador.
Sabemos que há palavras que nos salvam, que há palavras que beijam, como diz o poema, como há palavras que matam…Palavras que matam não a pessoa, mas os afectos, que matam a confiança em alguém, que afastam inexoravelmente irmãs e amigas do coração…
Com a minha irmã aconteceu uma vez…e com um tio outra vez, e várias vezes aconteceu com amigas que estavam acima de qualquer reserva…(dos homens nunca acreditei na sua palavra…)
Sim, as palavras tem uma força enorme e veiculam uma energia da forma como se diz e como se sente...por isso há palavras de excomunhão, que excomungam, que exorcizam, palavras de evocação e mantras, palavras que ferem de morte sim… e leva muito tempo a sarar… ou que talvez nunca sarem.
Eu sou uma pessoa que perdoa facilmente, que relativizo o mal que me fazem e que não tenho dificuldade em compreender e aceitar os males entendidos e sem retaliação...mas nunca esqueço as ofensas - não retribuo, não reclamo -...apenas me fecho… e nunca mais sou a mesma. O interessante disso e que acho deveras curioso, é que não depende de mim nem da minha vontade. É uma coisa que acontece por uma ordem oculta e interna, penso que a nível do coração...É o coração que decide, porque o coração é sábio e ele sabe melhor que nós e os nossos conceitos de bem e mal o que é justo e injusto.
Normalmente eu suporto muitos mal entendidos e desfeitas e mágoas e até ofensas...sim porque compreendo a nossa susceptibilidade e o nosso ego...sei que também erro! Mas quando alguém nos fere e o nosso coração sofre, ele resguarda-se e não se abre mais à pessoa que desfere o golpe. Aí é definitivo. Eu até tenho pena, por mim continuaria exposta e a dar-me de coração aberto, mas o coração é mais exigente e só ele pode saber quando se deve fechar ou abrir, porque conhece o poder da palavra e filtra o sentido exacto do mal e do bem que nos fazem… só ele sabe a intenção, só ele sabe a razão...
Sim, há palavras que nos salvam e palavras que nos matam por dentro. Por isso temos de ter muito cuidado com elas…


rlp


(en general una cosa como una muerte)

"Conocemos a las personas durante años, incluso decenas de años, habituándonos a evitar los problemas personales y los asuntos verdaderamente importantes, pero guardamos la esperanza de que, más tarde, en circunstancias más favorables, se puedan justamente abordar estos asuntos y estos problemas.
La esperanza, siempre aplazada, de una relación más humana y más completa no desaparece totalmente, porque ninguna relación humana se contenta con límites definitivos, restringidos y rígidos.
Permanece, por tanto, la esperanza de que haya un día una relación "auténtica y profunda".
Y permanece durante años, incluso durante décadas, hasta que un acontecimiento definitivo y brutal (en general una cosa como una muerte) viene a decirnos que es demasiado tarde, que esa "relación auténtica y profunda", cuya imagen hemos amado, tampoco existirá; no existirá, tal como las otras."


Michel Houellebecq "las partículas elementales"



2 comentários:

Anónimo disse...

É interessante porque acontece precisamente o mesmo comigo. Não odeio a pessoa, não lhe desejo mal, mas há um fim. O espaço que existia para ela fechou-se. Algo vital e extremamente importante foi consumido e, mesmo que queira, não há mais espaço para essa pessoa, acabou.

Ana

rosaleonor disse...

É verdade Ana… esse fim as vezes é mais doloroso que uma morte…