"Todos fazemos sofrer quando nascemos e sofremos quando morremos. Mas não é nada que a vida seja atroz; o pior é que seja vã e sem beleza."*
Estava a pensar na nossa superficialidade humana em querer ver o lado "bom" em tudo e pensar a vida como algo que devemos desfrutar como se de uma coisa estável se tratasse e de forma garantida, seja ter o amor a paz a alegria como referências únicas etc. e acharmos que é possível que tudo se submeta à nossa acção "transformadora", como é o caso do "pensamento positivo". O absurdo que é pensarmos que tudo é susceptivel de se submeter a nossa vontade mental…como se a mentalização positivista de fazer acontecer ou mudar algo em nós e no mundo através de ideias positivas fosse possível só por si.
Ah como eu abomino o pensamento positivo! Nunca houve uma armadilha tão nefasta para a humanidade depois da religião. Porque o lado negativo da vida é tão importante como o lado positivo e a sua fusão é essencial. O positivo é o masculino, o solar e a força, enquanto que o negativo é a o feminino a lua e o sentir, é a emoção … os contrários e opostos são fundamentais para o equilíbrio humano e a nossa evolução. Sem um dos lados ficamos coxos e mancos, e esta é a realidade da humanidade que apenas defende e difunde o lado positivo ou masculino da vida em detrimento do feminino e da mulher .
Como nos diz Esther Harding, no seu livro Os Mistérios da Mulher: "Não raramente ouvimos a informação de que não há nenhuma diferença essencial entre homens e mulheres, excepto a diferença biológica. Muitas mulheres têm aceite esse ponto de vista e têm feito muito para alimentá-lo. Têm se sentido contentes em serem homens de sais e assim perderam o contacto com o princípio feminino dentro delas mesmas. Essa talvez seja a causa principal da infelicidade e instabilidade emocional hoje em dia. Ora, se a mulher está fora de contacto com o seu princípio feminino, que dita as leis da integração, não pode assumir o comando do que é, afinal de contas, o domínio de feminino, ou seja, o das relações humanas. E, até que o faça, não poderá haver muita esperança de ordem nesse aspecto da vida. Muitas mulheres sofrem seriamente na sua vida pessoal por esse abandono do princípio feminino.
São incapazes de relacionamentos satisfatórios, ou podem mesmo cair em neurose pela inadequação do seu desenvolvimento nessa área, que é das mais essenciais. Por essa razão, a relação de uma mulher com o princípio feminino dentro de si mesma não é um problema pessoal, mas também um problema geral, até universal para todas as mulheres. É um problema da humanidade. "
Como nos diz Esther Harding, no seu livro Os Mistérios da Mulher: "Não raramente ouvimos a informação de que não há nenhuma diferença essencial entre homens e mulheres, excepto a diferença biológica. Muitas mulheres têm aceite esse ponto de vista e têm feito muito para alimentá-lo. Têm se sentido contentes em serem homens de sais e assim perderam o contacto com o princípio feminino dentro delas mesmas. Essa talvez seja a causa principal da infelicidade e instabilidade emocional hoje em dia. Ora, se a mulher está fora de contacto com o seu princípio feminino, que dita as leis da integração, não pode assumir o comando do que é, afinal de contas, o domínio de feminino, ou seja, o das relações humanas. E, até que o faça, não poderá haver muita esperança de ordem nesse aspecto da vida. Muitas mulheres sofrem seriamente na sua vida pessoal por esse abandono do princípio feminino.
São incapazes de relacionamentos satisfatórios, ou podem mesmo cair em neurose pela inadequação do seu desenvolvimento nessa área, que é das mais essenciais. Por essa razão, a relação de uma mulher com o princípio feminino dentro de si mesma não é um problema pessoal, mas também um problema geral, até universal para todas as mulheres. É um problema da humanidade. "
Mas voltando ao nosso tema inicial, vemos a maneira como as pessoas sofrem em vão face à manifestação de tudo o que se revela fora do nosso controlo e é incontornável e inalterável, tal como é patético o quanto nos rebelamos diante do que são os nossos fracassos e insucessos, e gritamos contra os deuses e os anjos como se a vida fosse algo garantidamente de bom e feliz e nos tivéssemos nascido como se diz banalmente para "sermos felizes" e que contraria toda a história da Humanidade Homem.
Eu penso perplexa em como é que somos tão imaturos e tão ignorantes ainda que não vemos as duas faces de tudo, quando tudo à nossa volta se mostra permanentemente com dois lados opostos e concomitantes , quando vemos como ao dia sucede a noite e ao sol a chuva e à alegria a tristeza. Sim, como é estupido queremos agarrar só uma face da medalha, quando a vida tem sempre duas faces!!
Passamos a vida nisto sem qualquer aceitação, sem compreensão ou discernimento de uma realidade que nos entra pelos olhos a dentro na sua impermanência constantemente.
Sim, tudo tem duas faces e a vida é como um caleidoscópio, gira incessantemente nas suas cores e variantes, e só sofremos o atroz da vida porque estamos tão agarradas a uma só face, a um só lado, por suposto o bom, ou aquilo que achamos que é o bem ou que nos interessa como o prazer e a alegria… que não vemos a beleza colateral que há em tudo. Não vemos sequer a paisagem…
E mesmo que a vida seja atroz, difícil e amarga e às vezes trágica, ela tem sempre os seus opostos: ela já foi suave e fácil e doce ... Mas teimamos em querer ver o mal naquilo que rejeitamos e não gostamos de forma tão primária e egoista porque não queremos aceitar os lados da moeda não aprendemos a lição, isto é um ciclo vicioso. Talvez por isso só largamos mão da nossa vida e de querer controlá-la quando envelhecemos e já nada nos ilude ou engana…quando já nada temos a perder ou a ganhar.
Sim, todas fazemos sofrer quando nascemos e sofremos quando morremos, mas ao menos vejamos a beleza que está nesta dinâmica ou alternância das coisas porque ela é perfeita para quem souber viver em pleno, a dor e o prazer a tristeza e a alegria, o positivo e o negativo...Só essa aceitação nos permite adquirir sabedoria… e sermos livres! Deixar a vida fluir...não é para tod@s... e só tarde se aprende a lição.
rlp
M. Yourcenar. A Alexis ou o tratado do inútil combate.
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