O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, outubro 13, 2011

A INTEGRALIDADE DA MULHER


É O QUE EU ENTENDO POR A DEUSA NA MULHER...

O grande problema nesse excessivo enfoque no sagrado feminino e na deusa é que acabamos nos esquecendo que há um sagrado masculino e um deus. Acabamos por nos tornar meras inversões do cristianismo e do Deus Cristão...
(Beto)


Meu amigo, em parte eu concordo consigo...e sei a que se refere. Mas na verdade este enfoque na deusa não é senão uma teoria, um entretenimento...uma fuga à nossa humanidade limitada...  como o é o enfoque em deus, o deus tradicional...de qualquer religião instituida, tal como diz, do deus cristão. Mas a meu ver esse não é o verdadeiro problema...o problema com a deusa na mulher é a tomada de consciência do que é realmente o seu feminino primordial, a sua essência, para que se torne então sagrada o que só pode ser apreendido na união das duas mulheres cindidas pelo patriarcado. E enquanto  a união das duas mulheres divididas entre os estereótipos da santa e da puta não se fizer não há feminino sagrado. Continua a haver separação entre as mulheres, divisão dentro delas, fragmentação da sua psique e confusão nas suas emoções...projecções e mais projecções da deusa e de deus...

Muita confusão acerca da "prostituição" sagrada...que não é mais do que a interpretação misógina dos estudiosos e dos antropólogos  sobre as sacerdotisas do amor ao serviço da deusa, iniciadoras do amor sexual e do poder da deusa na mulher, gera a nos nossos dias a aceitação da prostituição como "normal" o que é uma forma de degradação da mulher e que resulta na continuação  da divisão das mulheres. Essa visão que cinde as mulheres em duas  não aponta para a integração do ser mulher total, da mulher como um ser uno, a que não diferencia a sua sexualidade e sensualidade da sua maternidade...está a ver? Por isso nada muda no culto da  deusa tal como no culto de deus...e só quando a mulher tiver resgatado essa dimensão do sagrado em si, baseada na sua totalidade, na união do seu ser interior e exterior, não obedecendo a nenhum estereótipo, poderá focar-se e dar lugar ao masculino sagrado...que não existe sem a Deusa, ou seja a mulher completa...porque a Deusa não é possível nem realidade sem que a Mulher seja una e integrada numa só entidade.
Quanto a mim esse enfoque   tem de ser feito pela e na Mulher em si, para si mesma...e isso não está a ser feito nesse domínio.
Quanto ao masculino sagrado é a busca do homem e é o homem que tem de o buscar também em si...a confusão toda deriva de estarmos sempre a pensar e a PROJECTAR NO OUTRO/A  antes de nos integrarmos a nós mesmas/os...

rlp

Sem comentários: