« AMOUR, COEUR, COURAGE:
COURAGE VIENT DE COEUR ET LE COURAGE DU COEUR C’EST L’AMOUR.
AIMER C’EST AUSSI ACCEPTER L’AUTRE AVEC SES LIMITES. »
L’homme entre Ciel et Terre
de Étienne Guillé
Vem e embala-nos,
vem e afaga-nos,
Vem Soleníssima
Soleníssima e cheia
De uma oculta vontade de soluçar,
Talvez porque a alma é grande e a vida pequena,
E todos os gestos não saem do nosso corpo
E só alcançamos onde o nosso braço chega,
E só vemos até onde chega o nosso olhar
Vem, dolorosa,
Mater-Dolorosa das Angústias dos Tímidos,
Turris-Erbúrnea das Tristezas dos Desesperados,
Mão fresca sobre a testa em febre dos Humildes,
Sabor de água sobre os lábios secos dos Cansados.
Vem, lá do fundo
Do horizonte lívido
Beija-nos suavemete na fronte,
Tão levemente na fronte que não saibamos que nos beijam
Senão por uma diferença na alma.
(excertos da Ode à noite de F.P)
"Porque este homem era mulher na maneira de me falar "
"Encontrei-o uma vez ao pé de Jerusalém
e ainda o tenho assim no coração. (...)
Falou-me, como aos outros que estavam e,
eu vos digo sem que tenhais que crer-me,
tudo em mim se tornou a mãe de todo o mundo.
O que ele disse não sei o que era, mas fiquei sentindo comigo
que todos somos como irmãos pequenos
e que somos como mendigos que
se encontram por acaso na casa da estrada
onde os ventos sopram e se abrigam, abrigando-nos juntos
contra o temporal do mundo e do destino.
Minha mãe, como minha mãe, amava-me, mas este
falava-me dum modo que eu vi que ela não me amava de todo.
Senti-me como a criança que quer subir para o colo,
e chora no chão com os braços estendidos.
Porque este homem era mulher na maneira de me falar
pois parecia nossa mãe melhor;
e era homem porque falava como mestre;
e sempre no seu olhar haverá aquele outro que nos via"
FERNANDO PESSOA --INÉDITO
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