E O CULTO DO EROTISMO COMO FORMA SAGRADA DE OFERENDA
a Istar babilónica que se tornou mais tarde Astarteia e Vénus-Afrodite, ou Diana-Artemisia
"Toda a Antiguidade, seja ela mediterrânea ou “barbara”, destacou uma personagem divina de natureza feminina, com diferentes nomes e diferentes aspectos. O povo judeu não escapou a essa intromissão da Deusa, e a Bíblia hebraica está cheia de conflitos que opõem os partidários do Deus pai (o Javé do Sinai, antigo deus-lua dos semitas do Médio Oriente) aos partidários da Deusa Mãe, a Istar babilónica que se tornou mais tarde Astarteia e Vénus-Afrodite, quando não era Diana-Artemisia: uma divindade feminina cuja função materna se desdobrava necessariamente numa função erótica. Sabemos muito bem que essa função erótica iria ser escondida desde o início de um cristianismo inteiramente orientado para uma masculinidade triunfante e uma castidade exemplar, resultante a maior parte do tempo de um terror instintivo relativamente aos mistérios da mulher."
“Sacrificar à Deusa”
A forma mais elevada de amor nos templos da Grande Mãe não era "prostituir-se" mas sim a forma de iniciar os homens e as mulheres ao sagrado e ao amor da Mulher-Deusa e nunca como a lei dos bárbaros invasores fizeram e ainda hoje vigora, cindindo-a em duas e vendendo as mulheres prisioneiras das sua leis e domínio, como bem o mostra o caso das mulheres na Nigéria!
AMINA NOME DE DEUSA E MÃE..
"Com toda a objectividade, apenas podemos constatar a eliminação quase total de uma mulher discípula de Jesus, aquela a quem pudicamente costumamos chamar a “Madalena” e à qual é preferível restituir o seu nome de origem: Maria de Magdala. Os comentadores, prudentes e desconfiados, fazem dela uma prostituta arrependida conquistada pelo amor de Jesus e convertida à sua vista. A realidade deve ser totalmente diferente. Primeiramente para os hebreus, a prostituição não tem o sentido que lhe atribuímos actualmente: prostituir-se, e , nos antigos templos bíblicos, “sacrificar à Deusa”, coisa imperdoável, visto que os hebreus apenas tinham a devoção para com um deus masculino único e por quem eles lutaram durante séculos para estabelecer a sua autoridade apesar dos desvios, referidos na Bíblia em favor da Deusa do Médio Oriente, essa Istar babilónica cujos templo eram lugares de prostituição, dito de outra forma, de culto erótico que consistia na união de um homem com a sacerdotisa, incarnação transitória da Deusa. Trata-se de um ritual sagrado, religioso e não comércio, trata-se de união com a divindade e não simples satisfação carnal."
"Ora sabe-se que Magdala era um lugar consagrada à Grande Deusa. É provável que a enigmática Maria de Magdala, tão cuidadosamente posta de lado, seja a grande sacerdotisa do templo dessa Deusa. Donde o qualificativo de “prostituta” que acompanha, mesmo que, como primeira testemunha da ressurreição de Cristo, se lhe perdoe todo o seu passado “demoníaco”."
(...)
Deus pai ou Deusa mãe ?
"Dessa dualidade - Deus pai ou Deusa mãe - vai nascer uma dupla visão da Deusa dos tempos primordiais: Virgem prudente ou Virgem louca? A questão parece banal, mas ela compromete todos os séculos que irão seguir-se, não apenas no plano puramente estético, mas naquele muito mais carregado de consequências, da especulação religiosa. (...)
Isto denota uma considerável evolução das mentalidades: tudo se passa como se tivesse querido, conscientemente ou não, eliminar a imagem de uma mulher divina forte em proveito de um homem divino todo poderoso, cuja relação com a mulher se limitaria a uma relação filho-mãe. "(...)
A GRANDE DEUSA
Jean Markale
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