O SORRISO DE PANDORA
“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja.
Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto.
Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado
Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “
In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam
quinta-feira, abril 03, 2003
“MULHERES DA CHINA”
o Livro de Xiran
“PALAVRAS NA BRISA DA NOITE”
Em 1989 na China comunista, entre mulheres que cresceram na “revolução cultural”, consta a história de “uma jovem comprada e raptada por um homem de 60 anos que a mantinha presa a uma grossa corrente de ferro” como expressão da insignificância máxima da mulher nos estados e regimes totalitários ou de qualquer ordem ideológica, regimes de domínio que imperam na base dos direitos masculinos quase exclusivamente; este é um dos casos narrados pelas próprias mulheres á escritora do livro “MULHERES DA CHINA”, que vive actualmente em Inglaterra e que acaba de lançar o seu livro baseado nesses depoimentos, durante mais de dez anos em que trabalhou numa rádio chinesa num programa intitulado: “Palavras na Brisa da noite” através do qual manteve contacto com essa realidade e se lhe começaram a revelar as histórias dolorosas das mulheres chinesas: “Histórias de casamentos forçados, de incestos e violações, de abusos de crianças(...)”, expressas por mulheres que jamais na sua história foram possibilitadas DE SE EXPRESSAR EM QUALQUER SENTIDO DA SUA PRÓPRIA VIDA, porque a não tinham sendo totalmente anuladas como seres e como bem lembramos, usaram os pés amarrados durante centenas ou milhares de anos.
“Quanto é que valia realmente a vida de uma mulher na China?”, pergunta-se no artigo sobre o livro e pergunto eu, quanto vale a vida de uma mulher na Rússia e na India ou no Iraque? O que é que vale a vida de uma mulher no mundo inteiro tirada esta “patine” das americanas e europeias, que as faz parecer com vida própria, sim, pergunto o que é que vale realmente ainda a vida de uma mulher em si mesma se as próprias mulheres se mantêm alienadas da sua identidade, mesmo quando se julgam livres e cultas?
Como é que se justifica que o Ocidente se mascare de plásticas e de cosméticos ou de peles luxuosas e desfiles nas passerelles, se 90% das mulheres do mundo são violadas e maltratadas e nada valem para os governantes do mundo? Não serão violadas no Iraque como o foram no Kosovo por soldados inimigos, mas matam-lhes os filhos e destroiem-lhes as casas...
Sou radical sim, enquanto houver mulheres a serem violadas e lapidadas ou vendidas e prostituídas no mundo inteiro! E que mulher no mundo “emancipada” ou minimamente esclarecida ficará sentada a ver o drama do mundo e a guerra, sem se incomodar quando outras mulheres, noutros continentes ou mesmo a sua vizinha do lado é maltratada só por ser mulher? Claro que há homens maltratados por homens no mundo inteiro, mortos por soldados e a morrer à fome também, mas são os homens mesmo a morrer à fome ou maltratados, na Índia ou no Paquistão ou no Islão que ainda se vingam na “besta de carga” ou “bode expiatório” que é a “sua” mulher ou filha - o mais infame e miserável dos homens tem uma mulher para maltratar, como quem “antes” tinha uma escrava...
Tenho uma amiga que me acha uma espécie de sufragista do século passado e outra que me acha fundamentalista do feminismo e o meu discurso ultrapassado...
Será que está? Quem quiser que me responda!
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