LEMBRAR ANA HATHERLY
RECENTEMENTE PREMIADA PELA SUA OBRA
LÚCIDA E SINGULAR
«A SOLIDÃO E O AMOR»
(...)
Na origem do impulso para a comunicação amorosa estaria, pois, uma consciência da cisão intrínseca do ser humano, da separação dentro de si e em relação aos outros. O corpo é o primeiro sintoma de incomunicabilidade, o corpo é a forma exterior da interior forma hermética do ser humano. Os corpos são entidades, como os seres que transportam e, se por um lado são reflexo, por outro são aquela superfície em que tudo se reflecte. Por isso o corpo é o ponto de partida para o amor. Talvez cessando o corpo também o cesse, mas entretanto tem de ser considerado como o instrumento mais causador da nossa solidão, portanto, o mais imediatamente capaz de nos permitir ultrapassá-la.
(...)
O sexo é a matriz do nexo. O amor pressupõe de facto uma iniciação: o reconhecimento da cisão e a sua ultrapassagem. A Iniciação interessa a todos: homens, mulheres, pessoa, pessoas, espírito, solidão, amor, cisão, fusão: apenas aspiração ao absoluto da comunhão perfeita, impulso para a superação do eu pessoal no eu impessoal superior.
O RISO E O CHORO
(...)
Sendo a condição humana dramática, o seu destino e a sua existência embebidos em dor, o Ser lúcido que possua em alto grau a força de pensar e de sentir, estará mais naturalmente inclinado à tristeza do que ao riso. Assim a tragédia, produto natural de um pensamento-vivência, premente de angústia e de tristeza é, apesar disso, dinamizante na medida em que estimula um progresso. Colocando o ser perante um destino que parece inexorável, aponta-lhe paradoxalmente os caminhos de esperança da transcendência.
IN «AS NOVE INCURSÕES» de Ana Hatherly
Nota: substitui "o homem" por Ser em itálico...
PORQUE O PRANTO NA CASA DO POETA
NÃO É PERMITIDO,
NEM ISSO CONVÉM
Safo - Fragmentos
Sem comentários:
Enviar um comentário