Para a Astrid
sou
eu sou a mãe que escreve
um poema de amor à filha
gerada nos dias estivais
já remotos
do corpo meu aveludado e liso
como uma rosa chá
entreaberta pelo beijo do Amor
sou
eu sou a mãe que fala
hoje dum tempo
em que a terra estremecente se abriu
voluptuosa e magna
no meu ventre prenho do maior sonho
percorrido sem desvios
pela graça infinita da Vida
sou
a Mulher eu sou a Mãe
a que se içou às estrelas
no teu encalço
orei com os anjos
teci com mantras
bordei de ladaínhas
a imbatível escada conducente
à excelsa morada do teu ser
sou assombrada
aquela que beija a tua alma
a que acolhe os teus anseios
enquanto acenas
arrojada e pura
aos longínquos pássaros luzidios
do teu destino
vieste a mim e eu te devolvo à Vida
coroada de poemas de Amor
ó doce Graça Umbral de Luz
amada fresta para Levante
sabes quem sou
e a memória viverá
eu fui será lembrado um dia
a mãe da brisa fresca
na manhã incorrompível
MARIANA INVERNO (1950 - )
"Naître consiste à sortir de la mère et mourrir serait en fait retourner en sa mère.
Alors de quelle mère s'agit-il?
N'est-ce pas le centre, l'omphalos en tant que mère cosmo-tellurique:
conjunction subtil de forces dont toute matière vivante est issue?"
in "L' HOMME ET SON DOUBLE" de Etinne Guillé
Parabéns à Filha e à Mãe ...
Sem comentários:
Enviar um comentário