O DESASSOSSEGO DA VIDA...
HÁ MÁGUAS ÍNTIMAS...
"Há máguas íntimas que não sabemos destinguir pelo que contêm de subtil e de infiltrado,
se são da alma ou do corpo, se são o mal estar de se estar sentido a futilidade da vida,
Se são a má disposição que vem de qualquer abismo orgânico - estômago,´fígado ou cérebro.
Quantas vezes se me tolda a consciência vulgar de mim mesmo, num sedimento torvo de estagnação inquieta!
Quantas vezes me dói existir, numa náusea a tal ponto incerta que não sei destinguir se é tédio,
se um prenúncio de vómito! Quantas vezes..."
(...)
SABER DIZER!
Dizer! Saber dizer! Saber existir pela voz escrita e a imagem intelectual!
Tudo isto é quanto a vida vale: o mais é homens e mulheres, amores supostos e vaidades factícias,
subtergúgios da digestão e do esquecimento, gente remexendo-se, como bichos quando se levanta uma pedra,
sob o grande pedregulho abstracto do céu azul sem sentido.
27-7-1930
LIVRO DO DESASSOSSEGO
Fernando Pessoa
MEA CULPA
(...)
A natureza é minha mãe ainda...
É minha mãe... Ah, se eu à face linda
Não sei sorrir; se estou desesperado;
Se nada há que me aqueça esta frieza;
Se estou cheio de fel e de tristeza...
E de crer que só eu seja o culpado!
Antero de Quintal
AFORISMOS - de AGUSTINA BESSA-LUÍS
"Nada há de mais desgraçado como as mulheres; carregam com a miséria e não dão por isso."
"É insondável o coração de uma mulher."
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