O SORRISO DE PANDORA
“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja.
Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto.
Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado
Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “
In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam
segunda-feira, maio 19, 2003
O DESASSOSSEGO DA VIDA...
HÁ MÁGUAS ÍNTIMAS...
"Há máguas íntimas que não sabemos destinguir pelo que contêm de subtil e de infiltrado,
se são da alma ou do corpo, se são o mal estar de se estar sentido a futilidade da vida,
Se são a má disposição que vem de qualquer abismo orgânico - estômago,´fígado ou cérebro.
Quantas vezes se me tolda a consciência vulgar de mim mesmo, num sedimento torvo de estagnação inquieta!
Quantas vezes me dói existir, numa náusea a tal ponto incerta que não sei destinguir se é tédio,
se um prenúncio de vómito! Quantas vezes..."
(...)
SABER DIZER!
Dizer! Saber dizer! Saber existir pela voz escrita e a imagem intelectual!
Tudo isto é quanto a vida vale: o mais é homens e mulheres, amores supostos e vaidades factícias,
subtergúgios da digestão e do esquecimento, gente remexendo-se, como bichos quando se levanta uma pedra,
sob o grande pedregulho abstracto do céu azul sem sentido.
27-7-1930
LIVRO DO DESASSOSSEGO
Fernando Pessoa
MEA CULPA
(...)
A natureza é minha mãe ainda...
É minha mãe... Ah, se eu à face linda
Não sei sorrir; se estou desesperado;
Se nada há que me aqueça esta frieza;
Se estou cheio de fel e de tristeza...
E de crer que só eu seja o culpado!
Antero de Quintal
AFORISMOS - de AGUSTINA BESSA-LUÍS
"Nada há de mais desgraçado como as mulheres; carregam com a miséria e não dão por isso."
"É insondável o coração de uma mulher."
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