"O Brasil abre suas portas para Amina.
"Aqui nós vamos ajudá-la a resgatar a sua auto-estima e respeito como cidadã"
Brasil oferece asilo a nigeriana condenada à morte
Governo africano admite conceder indulto; mulher será julgada de novo por adultério no dia 25
"O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já tinha enviado uma carta ao presidente Olusegun Obasanjo manifestando sua preocupação com os desdobramentos do processo. No encontro de ontem, Egbuson apresentou uma nota indicando que Obasanjo poderá conceder o indulto, em caso de condenação. "O ato seria uma demonstração idônea das obrigações fundamentais do governo nigeriano no sentido de garantir a inviolabilidade da vida de sua cidadã", afirma a nota entregue pelo embaixador.
Durante a reunião, o embaixador da Nigéria não escapou de ouvir a opinião de Emília sobre as leis islâmicas. "É uma lei muito conservadora, uma aberração total", disse a ele. "O Brasil abre suas portas para Amina. Aqui nós vamos ajudá-la a resgatar a sua auto-estima e respeito como cidadã", completou.
A secretária avalia que o caso de Amina transformou-se em um símbolo pela luta dos direitos humanos. "O esforço das mulheres do Brasil e do mundo vão ajudar na decisão democrática do presidente Obasanjo de salvar uma vida e impedir que a morte continue em manchete". Ela pediu que embaixador transmitisse a mensagem ao presidente Obasanjo.
Mesmo depois de separada, a nigeriana foi processada por adultério. Pelas leis islâmicas, é preciso que a mulher aguarde pelo menos 15 meses depois da separação antes de se relacionar com outro homem. "O próprio embaixador admitiu que seu País não quer ser lembrado por um ato como este."
Da sentença dada pela corte dia 25, caberá recurso. "É preciso esperar o processo percorrer todas as instâncias para que o indulto seja concedido e para que nós formalizemos o oferta de asilo." O embaixador afirmou à ministra que o governo nigeriano já adotou postura semelhante para uma mulher, também condenada por adultério. "Ela recebeu indulto e hoje mora na Suécia."
EM CONTRAPARTIDA...
Portugal nega asilo a queniana que fugiu à mutilação genital feminina
Pedido já foi rejeitado duas vezes
Sofia Branco
Domingo, 18 de Maio de 2003
"Susan chegou a Portugal em Junho de 2002. Dois meses depois a queniana pedia asilo, alegando ter fugido à mutilação genital feminina. O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), primeiro, e o Comissariado Nacional para os Refugiados, depois, rejeitaram o pedido. Susan continua em Lisboa, ilegal, sem dinheiro e sem trabalho, à espera de uma decisão do tribunal"
NOTA À MARGEM:
QUE INTERESSA AO GOVERNO PORTUGUÊS, UMA CAMBADA DE ARROGANTES E SNOBES, UMA POBRE MULHER QUENIANA?
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