in A METÁFORA
DO CORAÇÃO
"Separado da loucura da carne, do engano das sombras, o filósofo retoma a sua natureza, a verdadeira natureza humana. Natureza que não possui sem esforço nem violência.
Aquilo de que a alma é parente está na outra margem do rio da vida.
A filosofia é um exercitar-se em morrer, e a estada de um filósofo entre os homens é muito semelhante à de alguém que já morreu e que, por privilégio especial, obteve a graça de voltar para junto dos homens como mensageiro da violência que faz falta para para que se realize a conversão; como uma chamada do que do outro lado é parente da alterada natureza humana.
(...)
O conhecimento não é uma ocupação da mente, mas um exercício que transforma a alma inteira, que afecta a vidana sua totalidade. O amor ao saber determina uma maneira de viver: Porque é primeiro que tudo, uma maneira de morrer, de ir para a morte. Estar maduro para a morte é o estado próprio do filósofo
(...)
- E não é à libertação e separação da alma do corpo que se dá o nome de morte?
- Evidentemente.
- Ora só os filósofos, afirmamos nós, aspiram, de contínuo e mais do que ninguém, a libertá-la; e precisamente por isto é a sua tarefa; separar e libertar a alma do corpo?
- Certamente.
- não seria então ridículo o homem, como eu ao princípio dizia, que, depois de de ter feito esforços durante toda a vida, por se aproximar o mais possível da morte, se indignasse, quando esta sobreviesse?
- Seria ridículo sem dúvida.
É portanto, inegável que os filósofos verdadeiros, Símias, exercitam-se realmente em morrer, e a ideia da morte, não lhes causa, ao contrário dos outros homens, o mínimo receio. (Fédon, 67d)
MARIA ZAMBRANO
"O ORGASMO É UM PAROXISMO; O DESESPERO TAMBÉM.
UM DURA UM INSTANTE; O OUTRO UMA VIDA "
EMIL CIORAM
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