O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

domingo, setembro 28, 2003



Vem cá…

Salta de dentro desse eterno cansaço
aflitivo e baço
- que há-de continuar, bem sei –
mas dá-te agora
por uns quaisquer instantes uma só hora
a imperiosa consolação
do nosso abraço

Vem cá…
Assimilemos as devastadoras forças
que nos estiram para além de nós
impiedosas cruas
os necessários agentes do devir…
será talvez a consciência
só pura consciência a emergir.

Vem cá, vem cá…
Não perguntes, nada expliques
Retem apenas a fundamental
a suprema, inadiável pulsão
de ser
neste intemporal amplexo
em que máscara alguma prolifera

Em ti segura e por ti calma
desço contigo ao vale de trevas
onde tantas vezes choras
acossada
- esse abissal fundo qualquer
donde tu rezas
e eu encontro
as sombras da minha alma.


TESSA ESTATE (1943-2001)

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