é o agente de toda a transcendência.
(...)
Destrói e dá nascimento à consciência, sendo como é a vida plena de alma. Eleva ao obscuro ímpeto de vida; essa avidez que é a vida no seu fundo elementar, leva-a na alma. Mas, ao mostrar a inanidade de tudo aquilo em que fixa, revela à alma também os seus limites e abre-os à consciência, fá-la dar nascimento à consciência. A consciência aumenta após um desengano de amor, como a própria alma se dilata com o seu engano.
Mas não existe engano algum no amor, que, por o haver, obedece à necessidade da sua essência. Porque, ao descobrir a realidade no duplo sentido do objecto amado, a consciência de quem ama não sabe situar essa realidade que a transcende. Se não houvesse engano não haveria transcendência, porque permaneceríamos sempre encerrados dentro dos mesmos limites. (...)
In A METÁFORA DO CORAÇÃO
Maria Zambrano
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