O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, abril 10, 2004



TER UMA RAINHA...

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Ah, como outrora era outra a que eu não tinha!
Como amei quando amei! Ah, como eu ria.
Como com olhos de quem nunca via
Tinha o trono onde Ter uma rainha.

Sob os pés seus a vida me espesinha
Reclinas-te tão bem! A tarde esfria...
Ó mar sem cais nem lodo nem maresia,
Que tens comigo, cuja alma é a minha?

Sob uma umbrela de chá em baixo estamos
E é súbita lembrança opositoria
Da velha Quinta e do espalmar dos ramos

Sob aos quais a merenda...Oh amor, oh gloria!
Fechem-me os olhos para toda a história!
Como sapos saltamos e erramos...


fernando pesssoa

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