O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, junho 25, 2004

excertos dispersos do ofício de viver

É ridículo supor que as nossas relações vitais com uma pessoa jamais sofrem alteração.

Os "afectos mais sagrados" não passam de uma preguiçosa habituação.

Fazer-se amar por piedade, quando o amor nasce apenas da admiração, é uma ideia muito digna de lástima.

A morte é um repouso, mas a ideia de morte não nos deixa repousar.

A um homem que sofre, tratamo-lo como a um bêbado. "Vá, vamos lá, assim não, basta..."



in OFÍCIO DE VIVER
César Pavese

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