FORA OS 13131 QUE FALTAM NO CONTADOR...
(só porque gosto do número treze... e de gatos pretos...)
“Todo ser criador é uma dualidade
ou uma síntese de qualidades paradoxais.
Por um lado ele é uma personalidade humana, e por outro, um processo criador, impessoal. Enquanto homem, pode ser saudável ou doentio; sua psicologia pessoal pode e deve ser explicada de modo pessoal. Mas enquanto artista, ele não poderá ser compreendido a não ser a partir do seu acto criativo.
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Enquanto pessoa, tem seus humores, caprichos e metas egoístas; mas enquanto artista ele é, no mais alto sentido “homem”, e homem colectivo, portador e plasmador da alma inconsciente e activa da humanidade. É esse o seu ofício, cuja exigência às vezes predomina a ponto de pedir-lhe o sacrifício da felicidade humana e de tudo aquilo que torna valiosa a vida do homem comum.
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Por um lado, o homem comum, com suas exigências legítimas de felicidade, satisfação e segurança vital e, por outro, a paixão criadora e intransigente, que acaba pondo por terra todos os desejos pessoais. Por isso o destino pessoal de tantos artistas é na maior parte das vezes tão insatisfatório e mesmo trágico e isto, não devido a um sombrio desígnio da sorte, mas sim a uma inferioridade ou a uma faculdade deficiente de adaptação da sua personalidade humana. São raros os homens criadores que não pagam caro a centelha divina de sua capacidade genial.
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Quer pense o poeta que sua obra nele se cria, germina e amadurece, quer imagine que deliberadamente dá forma a uma invenção pessoal, isto em nada altera o facto de que na realidade a obra nasce do seu criador, tal como uma criança de sua mãe. A psicologia da criação artística é uma psicologia especificamente feminina, pois a obra criadora jorra das profundezas inconscientes, que são justamente o domínio das mães. Se os dons criadores prevalece, prevalece o inconsciente como força plasmadora de vida e destino, diante da vontade consciente; neste caso, a consciência será muitas vezes arrastada pela força impetuosa da corrente subterrânea, tal como uma testemunha desamparada dos acontecimentos. A obra em crescimento é o destino do poeta e é ela que determina sua psicologia.” (...)
In O Espírito na Arte e na Ciência
De C.G. JUNG
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