(Artigo de opinião da Visão)
>De que é que nos libertámos ganhando um desafio de futebol vivido como uma batalha campal? De nada.
(...)
Essa Espanha (ou Inglaterra) não é para nós uma autêntica realidade, quer dizer, um verdadeiro adversário que realmente detestemos, que nos ameace e que sintamos prazer em vencer. A Espanha é outra coisa. É a face da Lua que nós não vemos, que nós não queremos ver, ou a própria Lua. Melhor, é aquele espelho que só de imaginá-lo, como se fosse uma cabeça de Medusa, nos roubaria a nossa imagem.
Fugimos durante séculos, consciente ou inconscientemente, à sua proximidade inquietante. Inventamos um Brasil para a não ver, mas basta um mero jogo, em que no fundo, não podemos estar tão dramaticamente interessados.
(...)
Não me atrevo a desejar que, sublimemente, possa ganhar como quem perde. Á portuguesa, pelo menos à Mourinho, cujo snobismo desdenhoso impressionou Filomena Mónica - à parte a beleza dos joelhos...Bendita sociologia.
In A VISÃO
Eduardo Lourenço
"O nacionalismo é a degenerescência gordurosa
do patriotismo e o patriotismo também."
F.PESSOA
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