O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

domingo, agosto 01, 2004



UM NOVO BLOGUE COM A GARANTIA DE UMA SELECÇÃO ÚNICA DE POEMAS A GOSTO MUITO PESSOAL, COM SENTIDO ESTÉTICO APURADO E COM O TRATO DE QUEM VIVE A POESIA DE CORPO E ALMA E ENCARNA PELA SUA PRÓPRIA VOZ, O DOM DO VERBO, ECOANDO NO NOSSO CORAÇÃO AS MAIS SUBTIS MEMÓRIAS DO SER.
SE ACHAREM EXCESSIVO O QUE VOS DIGO VÃO LÁ VER...


POEMARIO DE MARIANA


ITACY - mulher e a lua

A NOITE

Busco-te, noite, amorosamente trémula, como as noivas de outrora...
Sou muitas faces da Dor e, no entanto, poderás ver-me sorrir
quando a brisa roçar suavemente o meu respirar de amante silenciada,
envolta na escuridão do teu colo prenho de teias cósmicas.

Vem, noite, vem leito último, dossel de esperanças em farrapos,
costa abrigante onde inscrevo o meu registo de bruxa solitária.

Vem e suavíssima, envolve os meus sonhos nas tuas limalhas secretas,
não me abandones, que em ti me recolho
como a inútil rainha de um reino fantasmagórico e manchado.
Deposita-me, depois, nos braços da aurora,
quando tudo passar e eu puder tentar outra vez o gesto,
a palavra, a indescritível densidade do expressivo coração que é o meu.

Vem, minha amada, vem doce amante...
Vem, noite, e que sejas duradoura.


TESSA ESTATE (1943-2001)

(posted by mariana | 8:45 AM | 2 comments)

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