O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, agosto 25, 2007

meus olhos atónitos

Enredei-me por florestas,
entre cânticos e musgos.



DEUSA dos olhos volúveis
pousada na mão das ondas:
em teu colo de penumbras,
abri meus olhos atónitos.

Surgi do meio dos túmulos,
para aprender o meu nome.

Mamei teus peitos de pedra
constelados de prenúncios.

(...)

cecília meireles



Ontem andei pela Serra de Sintra, deambulando, sem tempo, abraçando as árvores centenárias de múltiplos braços, guardiãs da Grande Mãe. Debaixo da sua sombra carinhosa, deitei-me nas pedras milenares sobre o musgo ainda verde e macio...E senti nos dedos a seiva dessas árvores cujos segredos correm nas nossas veias, e como elas são amantes próximas e nos falam da mesma essência.


As árvores são fiéis a Gaia...que nós mulheres traimos perdendo as nossas raízes e os nossos dons.

Dei pelas lágrimas correrem sobre a minha face e chorei de saudade de um tempo que eu me lembro, respirávamos em uníssono...chorei por mim e pelas irmãs que se perdem no caminho e em vez de viver o seu mistério profundo no seio da Terra Mãe, vivem na superficialidade deste mundo em agonia...em busca de um poder mundano...


Neste ritual sagrado só os carros e os homens e os seus ruídos destoavam de tanta paz e serenidade, mas apesar disso o ar era rarefeito e puro, limpando as artérias do medo e a cólera urbana, secando as minhas lágrimas de pena de não poder viver sempre assim em sintonia com a natureza.

4 comentários:

Paula Marinho disse...

Minha amiga, senti uma imensa saudade do lugar que você descreve. Eu estive lá e se me perguntam o q de mais belo vi em Portugal, seguramente do pouco q pude conhecer foi a Serra de Sintra, a beleza da natureza pacífica e exposta de braços aberto como se nos dissesse: Vem, eu te aconchego apesar de me traíres! Aqui tb tenho lugares parecidos q vou pra sentir essa paz harmônica, porque só nesse fabuloso abraço com a mãe natureza podemos sentir a paz verdadeira. Que vc esteja sempre bem! É o q desejo de coração. PAZ!

Anónimo disse...

"a minha vida tal como a vivi, muitas vezes pareceu-me uma história sem principio nem fim.Tinha a sensação de ser um fragmento histórico,um excerto para o qual faltava o texto antecedente e subsquente.
Fácilmente imaginava que poderia ter vivido em séculos anteriores e aí encontrara perguntas a que ainda não estava pronto para responder; que eu tinha que renascer porque não tinha cumprido a tarefa de que havia sido incumbido"
Jung

Viva (o saber) da Rosa!
Estive fora de Lisboa, mas já voltei e direitinha às Mulheres&Deusas e aqui vai o meu:presente!

:) Abraço Eterno como a Mãe.
E o almocinho na Espiral?Não esqueceu, não?

rosaleonor disse...

Cristina:

Bem que eu me perguntava o que era feito de si...
Muito oportuna a citação de Yung, fez-me todo o sentido. Tanto que vou publicá-la...

Não esqueci o almocinho só que lhe queria propor oportunamente outro lugar...a meio caminho. Raramente vou para esses sítios...mas falaremos até lá.

Um abraço
rosa leonor

rosaleonor disse...

Obrigada Paula1 Sei que o Brasil é pródigo em sítios maravilhosos, claro. Pena sé eu não o conhecer, enquanto você já esteve em Sintra...que é uma espécie de Jóia da Coroa, O Monte da Lua, seu verdadeiro nome cheio de magia e sortilégios, não estivesse a Deusa por detrás do seu mistério!

Um abraço minha amiga e mantenha-se firme na sua busca...
Rosa leonor