Escritora, sim; intelectual, não
“Outra coisa que não parece ser entendida pelos outros é quando me chamam de intelectual e eu digo que não sou. De novo, não se trata de modéstia e sim de uma realidade que nem de longe me fere. Ser intelectual é usar sobretudo a inteligência, o que eu não faço: uso é a intuição, o instinto. Ser intelectual é também ter cultura, e eu sou tão má leitora que agora já sem pudor, digo que não tenho mesmo cultura. Nem sequer li as obras importantes da humanidade.
[...] Literata também não sou porque não tornei o fato de escrever livros ‘uma profissão’, nem uma ‘carreira’. Escrevi-os só quando espontaneamente me vieram, e só quando eu realmente quis. Sou uma amadora?
O que sou então? Sou uma pessoa que tem um coração que por vezes percebe, sou uma pessoa que pretendeu pôr em palavras um mundo ininteligível e um mundo impalpável. Sobretudo uma pessoa cujo coração bate de alegria levíssima quando consegue em uma frase dizer alguma coisa sobre a vida humana ou animal.”
clarice lispector
2 comentários:
Cara Rosa,
Do meu sítio (http://saberdesi.blogspot.com)"vê-se" o seu, que visito muitas vezes e de onde já retirei textos e imagens... (devidamente identificados, claro).
O texto de Clarisse Lispector, de quem gosto muito também, remeteu-me para o livro de Kay Hoffman, "Carisma-um Training para Mulheres", onde ela aconselha a certa altura: " Permita-se a si mesma não ter de saber nada. Talvez, especialmente como mulher, esperem de si um saber específico e de perita. Deve provar a si própria que saber é poder. Mas no fundo essa demonstração de poder é um comprovativo de pobreza, uma vez que apenas prova que se sente sob pressão, uma pressão que ainda por cima aceita.Não se deixe, portanto, pressionar; liberte-se agora da ambição de saber tudo e de ter de mostrar tudo aquilo que sabe. Permita a si mesma o relaxamento e a descontracção que lhe vai possibilitar relacionar-se com as pessoas que a circundam em vez de reagir aos seus medos e às suas ânsias de poder."
Cada vez mais o meu enfoque também pretende ser facilitar, cooperar para o retorno da Deusa à nossa consciência. Acredito no poder dos círculos de mulheres, como preconiza Jean Shinoda Bolen no seu livro "O Milionésimo Círculo" ou Clarisse P. Estés em "Mulheres que Correm com os Lobos". Sinto que precisamos passar à prática e unirmo-nos enquanto mulheres com outras mulheres.
Obrigada pela sua mensagem tão forte e tão bonita.
Um abraço
Luíza
Sem dúvida minha amiga: tem toda a razão e se é portugesa, presumo que sim, ainda mais contente fico pois é raro haver portuguesas a compreender a importância da nossa união. Espero que continuemos a partilhar e reforçar a importância da Deusa. Já visitei o seu sítio e também agradeço a cumplicidade.Precisamos unir as nossas forças e passar à prática. Quando quiser diga porque estou com uma ideia de juntar as mulheres que quiserem para uma troca de impressões...quem sabe um trabalho conjunto?
Um abraço
rosa leonor
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