Olá querida rosa.
A mãe acolhedora, fonte de amor e paciência, que guia e inspira, doce e gentil... não se sustenta num mundo patriarcal sem a outra face da mãe - a de dentes e garras, a fera sanguinária, que mata para alimentar e defender sua cria (seja ela uma criança, uma ideia, um talento).a docilidade sozinha não muda o mundo, veja as orientais, mestras em suavidade mas tão incapazes quanto nós ocidentais, mais agressivas, de trazer à luz gerações de amor e alguma evolução para os homens…“
Falta algo, que é: que o próprio homem desenvolva uma mãe interna sadia, permitindo que a mãe real, concreta exerça seu pleno poder, sem estar à serviço do sistema masculino, incompleto” - Célia
Minha querida tem em parte razão, e eu compreendo o seu ponto de vista, mas permita-me dizer-lhe que é esta a Mãe necessária e nada se perde se essa mãe exercer esse dom! Ainda mais esta Mãe, Amma, que é um poder manifestado do Divino Feminino. Ela não representa uma simples mulher oriental, mas a encarnação do Amor da Mãe Divina…e aqui depende do que você quiser ver nela!
NO ENTANTO Eu percebo-a quanto à mulher comum, mas é preciso cuidado em discernir estes aspectos, pois na realidade nunca será o homem a consentir nem a desenvolver como você diz essa mãe nem essa mulher interna, mas a própria mulher a resgatar a sua totalidade em si mesma.
Uma nova mulher nascida de dentro, nascida de outra mulher terá de construir esse novo mundo que só agora começa a despertar…
Há uma nova Consciência do Sagrado feminino ligada à Terra Mãe, Gaia, e activada a nível planetário e a que é urgente aceder senão podemos voltar a cair na contradição das feministas que lutaram por uma mulher igual ao homem, sem nunca sair do seu controlo, banindo essa outra face, a face doce de mãe e mulher, essa face de receptividade e percepção, essa face de compaixão e perdão…e criaram, embora diferente dessa que você fala, eu sei, mas que é afinal uma mulher quase masculina. Eu não digo que a mulher não deva mostrar as suas garras para defender-se se necessário…mas não como o homem nem com as suas armas.
Repare agora na sua contradição: a sociedade patriarcal não pode pela força das suas leis e filosofia própria permitir a integração das duas mulheres porque os seus fundamentos, os alicerces do seu domínio baseam-se na divisão e na submissão da mulher e ainda na exploração das mulheres e de outros homens! E enquanto eles homens não nascerem dessa outra mulher nascida de si mesma não poderão saber o que é a Mulher nem a Mãe...e muito menos respeitá-la! Portanto, a meu ver não será uma nem outra, cada uma no seu extremo oposto – as duas faces divididas da mulher pelas religiões católica e mussulmana – que conseguirão esse milagre da totalidade do feminino, pois é preciso fazer coexistir as duas na mulher verdadeira e uma não pode negar a outra nem dentro nem fora de si!
Essa Consciência plena do Feminino integrado começa no encontro da Mulher com o seu SER Essencial Profundo, na ligação às suas raízes Terra Mãe, como uma árvore... Sem dúvida que isso passa pela integração dessa outra mulher selvagem que tem de despertar na mulher passiva e vice-versa e isso assusta quer os homens quer a própria mulher...
A mulher aprendeu a ser metade de si e tem medo da outra metade que foi ensinada a odiar! Mas só depois dessa integração, dessa longa caminhada interior, dessa descida ao seu âmago, depois dessa Travessia para Avalon, a mulher se poderá transformar na mulher total, amiga e leal às outras mulheres porque finalmente partirá de um conhecimento integral de si mesma!
É-nos ainda muito difícil minha amiga discernir todos estes aspectos à partida, mas não podemos voltar a cair nos erros das feministas que apesar das boas intenções e conquistas importantes ao longo do século passado, se desviaram da essência do feminino e das suas características e quiserem apenas liberdade e igualdade quando a diferença é o nosso apanágio….nós queremos ser deusas… e servir os valores do feminino sagrado.
Ou não?
rlp
O SORRISO DE PANDORA
“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja.
Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto.
Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado
Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “
In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam
2 comentários:
olá minha querida mestra.
respondi a este seu post no meu blog, pois não ia caber aqui nos comentários.
fique à vontade para replicar.
agradeço demais a honra de conversar sobre essas coisas com vc. tenha sempre meu respeito e completa admiração.
obrigada,
celia
Já li Célia e tem todo o direito a replicar...eu sei o que você quer dizer e quanto à honra é mútua pois no coração da mulher está a mestria...e você como eu caminhamos para lá. Nem sempre comento e nem sempre respondo, mas estou atenta e fico feliz pelo seu trabalho.
Eu volto lá à sua página.
Beijinhos
rosa leonor
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