O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, janeiro 31, 2008

Cartas de Helena Roerich - DESDE 1929...


CARTA ÀS MULHERES
1 de março de 1929

"A grande época que se aproxima está intimamente ligada à regeneração da mulher. Como nos melhores dias da humanidade, o tempo futuro novamente oferecerá à mulher seu lugar certo ao lado de seu eterno companheiro viajante e cooperador, o homem. Vocês devem lembrar que a grandeza do Cosmos é construída pelos dois princípios. A base da existência jaz na igualdade dos dois princípios. Será possível, pois, menosprezar um deles?!

Todas as infelicidades actuais e futuras, e os cataclismos cósmicos, em grande parte resultam da sujeição e do aviltamento da mulher. O terrível declínio da moralidade, as doenças e a degeneração de algumas nações são também os resultados da escravizante dependência da mulher. A mulher é privada do maior privilégio humano - a participação completa no pensamento criativo e no trabalho construtivo. Ela é privada não só de direitos iguais, mas, em muitos países, de educação igual à do homem. Não se permite a ela expressar suas habilidades, não se permite a ela participar na construção da vida social e governamental, da qual, pela Lei e Direito Cósmicos ela é membro pleno. Porém, uma mulher escrava só pode legar escravos ao mundo. O provérbio «grande mãe, grande filho» tem base cósmica, científica. Como os filhos, em sua maioria tomam emprestado de suas mães, e as filhas, ao contrário, de pais, grande é a justiça cósmica! O homem, humilhando a mulher, humilha-se a si mesmo! Nisto encontra-se a explicação da pobreza actual do génio masculino. Poderiam os terrores e crimes de hoje serem possíveis se ambos os Princípios se tivessem mantido equilibrados? Nas mãos da mulher está a salvação da humanidade e do nosso planeta. A mulher deve conscientizar-se do seu significado, a grande missão da Mãe do Mundo; ela deveria preparar-se para assumir a responsabilidade do destino da humanidade. A mãe, a que dá à luz, tem todo direito de dirigir o destino de seus filhos.

A voz da mulher, da mãe, deveria ser ouvida entre os líderes da humanidade. A mãe sugere os primeiros pensamentos conscientes de seu filho. Ela dá direcção e qualidade a todas as suas aspirações e capacidades. Mas a mãe privada da cultura do pensamento, desta coroa da existência humana, só pode contribuir para o desenvolvimento de expressões inferiores dos desejos humanos. A mulher que aspira ao conhecimento e à beleza em plena consciência de sua responsabilidade, elevará muito seu nível de vida. Não haverá lugar para vícios repulsivos que levam à degeneração e à destruição de povos inteiros. Porém, em sua aspiração à educação e ao conhecimento, a mulher deve lembrar que todos os sistemas educacionais são somente meios para o desenvolvimento de um conhecimento e cultura superiores. A verdadeira cultura do pensamento desenvolve-se pela cultura do espírito e do coração. Somente tal combinação provê aquela grande síntese sem a qual é impossível conscientizar a grandeza real, a diversidade e a complexidade da vida humana em seu infinito aperfeiçoamento cósmico. Portanto, enquanto aspira ao conhecimento, que a mulher se lembre da Fonte de Luz e dos Dirigentes do Espírito - aquelas Mentes grandiosas, que, na verdade, criaram a consciência da humanidade. Ao aproximar-se desta Fonte, na uníão com este dirigente Principio de Síntese, a humanidade encontrará o caminho para a verdadeira evolução.

E a mulher é quem deveria conhecer e proclamar este Princípio Dirigente porque, desde o começo, a ela foi entregue o fio de ligação dos dois mundos, o visível e o invisível. A mulher foi dado manifestar o poder da energia sagrada da vida. A era vindoura trará ao mundo o conhecimento desta grande energia omnipresente, que manifesta suas melhores qualidades em todas as criações imortais do génio humano. A mulher ocidental já despertou para a conscientização de suas forças. Suas contribuições culturais já são evidentes. Todavia, a maioria das mulheres ocidentais - como todos os principiantes - começam imitando; entretanto, não é na imitação, mas sua individualidade e irrepetível expressão que se encontram a verdadeira beleza e a harmonia. Gostaríamos de ver o homem perder a beleza da masculinidade? Também um homem que possua o sentido da beleza, certamente não gostaria de ver uma mulher imitando seus hábitos e competindo com seus vícios. A imitação sempre começa com o mais fácil. Porém, esperamos que este primeiro passo seja logo ultrapassado e que a mulher, ao aprofundar seu conhecimento da Grande Mâe-Natureza, encontre a verdadeira grandeza da sua expressão criativa. (...)HELENE ROERICH

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