O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, janeiro 25, 2008

A MÃE DO MUNDO E O SUBMUNDO


“Como surgiram os conceitos de Mãe do Mundo e do Submundo?

O raciocínio é o de que o homem antigo observou o facto de todos nascermos para este mundo através da fêmea, o que significa que esta (tal como o subconsciente) era percepcionada como estando mais próxima do centro-fonte. Isto é, por vezes, deu origem ao conceito pré-histórico da Deusa-Terra ou Mãe do Mundo. Por outras palavras, a fêmea, isto é, a mulher, actua como intermediária entre a Humanidade e Deus ou, no contexto da experiência de iluminação espiritual, entre a Humanidade e a Divindade. Esta explicação é sustentada pelo papel da xamã, que acompanha frequentemente o xamã nas suas viagens ao interior do Submundo, ao interior da Terra, que o corpo da xamã representa
(…)
Como muitos teólogos saberão, a sabedoria e o conhecimento interiores têm sido associados à fêmea, à Mãe do Mundo xamânica e Deusa Pagã da Terra, personificada pela Sofia Gnóstica, Ísis, a Deusa do Antigo Egipto.”


In O GRAAL E A SERPENTE
Philip Gardiner e Gary Osborn

Assim, temos a mulher ao longo dos séculos, como referência primeira, do caminho iniciático e da iluminação espiritual do homem. Apesar de renegada pelas filosofias e religiões patriarcais nos últimos 2 mil anos, ela foi e continuou a ser, tanto a companheira do xamã como a soror mística dos alquimistas, e tal como Beatriz levou Dante aos infernos (o Submundo ou inconsciente), também antes era a sacerdotisa do Templo da Deusa que iniciava os homens ao amor sagrado através do sexo (tântrico?) e que continuou a ser a Musa dos verdadeiros poetas, a grande inspiradora das obras as mais significativas que o homem na pintura e na literatura jamais concebeu.
Apesar de denegrida, desprezada, submetida à mais vil infâmia nos nossos dias ainda, a mulher continua a ser na essência a geradora da vida e do amor na Terra.
A mulher continua a ser a Guardiã do Graal…e o seu Mistério oculto por desvendar…
Mas só a mulher que tenha consciência da sua dimensão sagrada e integrado as duas mulheres divididas pela igreja de Roma, poderá ser a iniciadora do homem, não esta mulher fragmentada, expulsa do paraíso, que o Ocidente e o Oriente hoje conhece… Do mesmo modo, só o homem com alma de cavaleiro, aquele que é consciente de que o seu corpo é um Templo sagrado (Templário?) tal como a mulher, sua Rainha, poderá chegar ao fim do caminho ou seja, sair da ilusão do mundo dual entrando no Submundo, para depois, após a união dos opostos, dentro e fora chegar à iluminação.
Rlp

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