O caldeirão da bruxa...
VAMOS LÁ VER SE CONSIGO DESFAZER ESTE FEITIÇO... Ou esta praga...
Vamos lá tentar defazer toda essa mistela baseada nessa COISA verde e pegajosa que se pega ao corpo, essa negatividade em nome de ideias e que leva a esse sentimento de avesso e de raiva que põe as mulheres a odiarem-se umas às outras, as mães às filhas e às outras, as mulheres diferentes, ou as melhores amigas... Cada uma contra a outra, cada qual convencida do seu saber e a acusar a outra, ora é amor ora é ódio, vivendo só da raiva e acusando por nada: as que não são iguais ou não pensam como elas...
ALIANDO-SE PARA MELHOR ODIAR, as mais novas as mais velhas, as mais cultas as mais ignorante, as comunistas as ricas e as mais estúpidas as mais inteligentes...a loura, a morena, a negra a branca...
Isto passa-se quase sempre de forma subtil, disfarçada, com sorrisos e falinhas mansas...muitas vezes nem elas estão conscientes desse ódio mas reagem de acordo com esse fundo de rejeição de que foram vítimas das mães...
Afinal as mulheres vivem desse ódio antigo umas das outras que salta à primeira sensação de rejeição e vivem da competição pelos homens ou pelos filhos e amntes. São amigas das que concordam com elas e odeiam as outras que não são do mesmo grupo ou não falam a mesma línguagem, como todos as filhas e filhos de famílias desfuncionais... cheios de raiva de ideias de vingança, revoltas e fanatismos, esquerdismos, infantilismos, convicções e idealizações, manias e modismos extremados.
Chega de de atirar pedras...basta de raiva...de confrontos de ideias feitas...esta é a nossa velha herança e só nos envenena. Assim não vemos que vivemos numa caldeirada feita da nossa ignorância e da raiva MESCLADA DE MUITA INFORMAÇÃO E INTERNET...
Quando é que vamos aceitar e respeitar as nossas diferenças, as nossas dores sem complexos, com humildade e discernimento? Com grandeza de alma?
Se o não fizermos sabemos que mulher pode ser a maior inimiga da outra... os padres sabiam-no...elas podem ferir muito mais do que o homem, tal como o amor se transforma em ódio. Era assim que se denunciavam umas às outras na Idade Media, por ciúme e inveja e assim se tornavam também aliadas dos inquisidores.
Será que alguma coisa mudou? Não continua a cultura patriarcal a usar essa inimizade das mulheres? Lá no fundo no fundo, enraizado, está lá o mesmo ódio pelas mães e a conquista do amor do pai...O velho cisma. Toda esta velha inimizade sempre à flor da pele que se solta e agride, mesmo quando se prega a lealdade...mesmo quando se julga que se está do mesmo lado...
As mulheres são ainda desfuncionais porque sofreram todo o mal na pele ao longo de milénios e só há uma mudança possível...aprenderem a amarem-se a si mesmas e perdoarem as mães, senão são sempre os mesmos ódios...que se reflectem sobre as "outras"...e a melhor amiga se torna inimiga...
Ou será que continuaremos em competição? Quem é que tem razão? Quem é que sabe mais? Qual é a mais bela a mais culta ou a mais esperta? Quem tem o melhor blogue?
Afinal será como diz o poeta?
Dizem-se amigas... Beijam-se... Mas qual!
Haverá quem nisso creia?
Salvo se uma das duas, por sinal,
For muito velha, ou muito feia...
*
*Da Amizade Entre Mulheres
de Mário Quintana
O SORRISO DE PANDORA
“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja.
Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto.
Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado
Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “
In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam
2 comentários:
Essas richas entre mulheres são o que mais ferem o meu coração.Tudo bem que não devemos dizer amem a tudo o que uma amiga nos diz mais tambem não precisamos atacar lhe para mostrar que somos melhores ou mais sabias ou que temos mais vantagens que as outras.No fundo é o mesmo modelo masculino de sempre:guerra e vingança são o que herdamos de Zeus,e posterior mente de Deus Pai e todos os outros.Dizem que Hera era uma megera,mas Zeus ninguem nunca criticou na mitologia.E em outros tempos continua a mesma mulher contra mulher a grande loucura.
o PROBLEMA MINHA AMIGA é que não são richas...são formas subtis de reacção mesmo em nome de valores femininos e da amizade ou bem da causa...não é directo nem frontal. e sei que nos fere de qualquer maneira. é sempre uma dor sentir essa traição, sentir essa rivalidade entre a mãe e a filha...entre irmãs por causa das ideias patriarcais ainda que fingidas de lutas pela mulher. Sem uma conciência profunda dos nossos complexos e contradições não iremos a nenhum lado e repetiremos as mesmas asneiras. Mas as mulheres enganam-se com as promessas e facilidades do mundo materialista...
enfim, uma velha e triste história.
um abraço
rleonor
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