O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, julho 08, 2009

SERÁ QUE O GÉNIO SÓ POR SI EXISTE?


«A ficção é necessária para desembaraço de inconfessáveis segredos e decepções.» ANTÓNIO OSÓRIO


A propósito desta frase, pensei como nunca consegui escrever ficção, (tirando uma vez, em adolescente, em que escrevi um enredo hiper romântico, para captar a atenção de uma professora de quem gostava muito), fora isso nem um conto sequer e menos ainda um romance…por mais que pense fazê-lo às vezes não vejo qualquer utilidade nisso nem sinto a profunda motivação que é sempre a dor de um amor rejeitado, o abandono de alguém muito querido, a sua morte ou a traição do melhor amigo!

Por outro lado, vivi num tempo em que os conceitos e os preconceitos mudaram muito na minha geração, que foi pioneira de novas ideias e liberdades, e por isso mesmo os sentimentos mais inconfessos se tornaram banais e aceites, ou porque tive eu essa coragem, acabei sempre por confessar os meus segredos e expressar as minhas decepções; mas creio sobretudo que nunca escrevi um romance porque não me quero vingar de nada nem de ninguém e já perdoei aos "meus" mortos tanto como aos vivos o mal que porventura ou desgraça me fizeram…as dores ou decepções que me causaram.
Também não quis a vã glória nem a fama e o dinheiro não se ganha a escrever…sem o tráfico das influências…e lutas partidárias, ou não o fiz simplesmente porque eu não tenho génio, admito isso perfeitamente. Mas para escrever um “bom romance” com muito enredo e muito sangue, percebo que tem de haver qualquer coisa muito forte como raiva, ódio ou desespero, em suma: GRANDES COMPLEXOS. Parece ser essa a mola da criatividade, porque a pura inspiração é outra, é sobrenatural, é amor sem reversos nem ódios e essa não é deste plano.
Por outro lado uma certa influência da filosofia hindu contribuiu bastante para este meu sentimento de desistência das coisas mundanas e da entrega do ego; o cedo largar mão das coisas que queremos ou desejamos, porque é perigoso desejá-las pois nunca sabemos Karmicamente o que é mal e bem, nem quem fez ou faz primeiro mal a quem; assim, vale mais acreditar que tudo o que acontece, acontece por bem…e mesmo o mal que nos acontece pode ser a salvação de uma coisa bem pior… como eles dizem, os indianos...
Os enredos humanos tal como as grandes epopeias são sempre histórias de egos, lutas de poder, conquistas e guerras entre o amor e o ódio, vinganças e paixões…
E no final das contas, dos anos, ou séculos depois, vimos como tudo nesta vida passa e muda, como tudo é efémero; nós próprios mudamos tanto por fora (e por dentro), que nos tornamos irreconhecíveis…só a nossa alma que é eterna não muda e essa dimensão só a vivemos na plenitude da solidão…longe das audiências e do enredo humano.
Ai já nada precisamos provar a ninguém, nem sequer confessar os nossos pecados porque os não temos…

Nesse lugar do Ser, inatingível pela mente humana, a que as religiões chamam deus, vemos como são meras ilusões, todas as convicções, visões pessoais deformadas pelo nosso ego, e que todas nos levaram à morte, o espelho derradeiro do verdadeiro SER…

rlp

4 comentários:

paulo disse...

interessante.

Cristina Fernandes disse...

Passei por aqui esta noite e fique a pensar: nunca sabemos karmicamente o que é mal e bem... depois de experiência da dor como limite, entendemos que tudo vale a pena...
Um beijinho
Chris

rosaleonor disse...

Interessante...ou verdadeiro...

rleonor

rosaleonor disse...

É Chris...é mesmo assim...
obrigada por passar por aqui...
e boa noite...se acaso voltar a passar de noite.

um abraço

rleonor