"Será que também nós aqui poderíamos estar agora a desbravar e a mostrar ao mundo a luz vibrante e inspiradora duma sociedade ginocêntrica florescente do tipo da de Creta ou de Çatal Hüyük? A nossa querida Dalila Lello Pereira da Costa acha que sim. Para ela, nunca nós conhecemos verdadeiro progresso nem desenvolvimento como no Neolítico, em que a sociedade era… ia dizer “matriarcal”, mas não digo, era ginocêntrica.
Ginocêntrica, diz a Riane Eisler, é muito mais correcto.
UMA HISTÓRIA QUE NÃO É NOSSA
Qual séc. XVI, qual quê! Como é que nós mulheres podemos enaltecer um tempo em que os homens (não confundir, foram eles!) saíram daqui para impor a outros povos que estavam sossegadinhos no seu canto, a sua Lei da Espada, a escravatura, a conquista, a dominação?!
Essa não é a nossa história, queridas irmãs, e precisamos de nos distanciar dela se queremos chegar a algum lado. Não esquecer que primeiro, antes de agirem dessa maneira reprovável em todos os sentidos, tiveram eles de nos dominar e escravizar a nós!
Essa história que nos contam na escola é aquilo que em inglês se designa por “history” (a história dele), diferente de “herstory” (a história dela).
Enquanto mulheres, precisamos de nos dissociar dessa história oficial, da qual mais legítimo seria sentirmos vergonha do que orgulho e voltarmo-nos para a nossa história, aquela de quando éramos nós a dizer como se devia fazer.
E é aqui que a Simone de Beauvoir em “O Segundo Sexo”, não tem razão quando afirma que o domínio do homem sobre a mulher sempre foi uma constante na história humana. Não foi. Graças a arqueólogas feministas, como a Marija Gimbutas, e às descobertas de sociedades do passado altamente desenvolvidas e prósperas que cultuavam a Deusa e em que as mulheres detiveram papéis muito importante, não dominando ninguém nem sendo dominadas, sabemos que nem sempre os homens dominaram as mulheres.
AS NOSSAS ANTEPASSADAS DO NEOLÍTICO
Então, a Dalila Pereira da Costa, que é muito discreta em relação às reivindicações feministas, diga-se, mas supereficaz na defesa dos valores femininos, dá-nos esta ideia de irmos atrás da nossa glória de mulheres, descobrindo a força e o valor das nossas antepassadas, as mulheres do Neolítico. E onde estão elas? Pois, muito perto… é lerem a Dalila (parece difícil mas ultrapassado o medo de não percebermos nada, torna-se do mais fascinante que já li nesta vida…) é lerem a Dalila, repito, com este objectivo concreto: perceber aonde andam as nossas mulheres poderosas do Neolítico, aquelas que não foram trucidadas ou deformadas pelos patriarcas (romanos e cristãos e outros igualmente pouco recomendáveis), as nossas Irmãs das Hespérides, que bailam felizes, livres e formosas como na gruta de Cogul, nos vasos de Creta, nos templos de Çatal Hüyük… Aqui elas eram tão fortes que, ao mesmo tempo que fiavam, podiam transportar à cabeça as tais “pedras formosas”...
Guardam elas tesouros e riquezas que vale a pena descobrir, as nossas gloriosas antepassadas do Neolítico, a nossa Idade de Ouro…
UMA VISÃO QUE VALE A PENA
Algumas pessoas podem dizer que tudo isto é mentira, pura invenção. Seja como for, é uma visão que vale a pena seguir, e atenção, conheço famosas académicas que dizem que a verdade é dessa ordem…
Fontes: Dalila Pereira da Costa, "Da Serpente à Imaculada", Lello Editores
Riane Eisler, "O Cálice e a Espada", Via Óptima
Simone de Beauvoir, "O Segundo Sexo"
Imagens: Google - Hespérides, Edward Burne-Jones e Pedra Formosa da Citânia de Briteiros
PUBLICADO POR LUIZA FRAZÃO
IN círculo de estudos sobre mulheres
3 comentários:
Fantástico Rosa. Não perco a esperança de que tudo possa voltar a ser realidade um dia.
É IMPORTANTE, criar no mundo todo circulos de estudos sobre a mulher, a deusa. O mundo voltará a ser algo viável e prazeroso. Bj
Agenor. Rio de Janeiro.
Esperemos que sim, que um dia tudo seja diferente...
Obrigada pelo seu comentário e esperança...
abraço
rleonor
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