O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, novembro 04, 2013

O convívio entre mulheres...não é fácil


DESATEMOS AS CORDAS...

 
 

Ninguém, espera que as mulheres de um dia para o outro, depois de séculos de rivalidade e competição acérrima com as outras mulheres, possam ser amigas e confiar incondicionalmente umas nas outras. Não pretendo nem nunca pretendi ou defendi isso. Já vi muito bem e durante muitos anos a forma como, simulando que estão em sintonia umas com as outras, em pequenos ou grandes grupos, mesmo partilhando coisas e ideias  comuns, tudo muito lindo à partida, tudo  muito conivente, ou muito cor-de-rosa, sejam espiritualistas, feministas ou revolucionárias, seja no trabalho, as mulheres á primeira oportunidade lhes salta a inveja e a raiva, a competição e a tentativa de superiorização...e isto sem se dar por isso....mas por vias ínvias aparece sempre uma a querer vencer a outra ou ganhar protagonismo num grupo ou a lutar para passar por cima da outra e ainda como se forjam amigas e admiram ou competem para ser mais amigas de A e de B para se manipularem as situações para haver ascendência afectiva ou de outros interesses, reproduzindo velhas cenas familiares de intriga antiga entre amigas irmãs e mães...etc.
O pior é que tudo isso se passa de forma inconsciente e sub-reptícia...Há muita susceptibilidade a permear esses encontros...
Por isso aconselho a todas as mulheres que convivem e vivem em grupos, que reúnem para fins alternativos, a uma grande vigilância sobre si e atenção ás suas reacções e sentimentos...às suas antipatias e simpatias...pois por vezes manipulamos e somos manipuladas afectivamente e não percebemos porquê nem como.
Para se estar com mulheres em grupos, virtuais ou não, é preciso ter muita consciência psicológica...saber muito bem de si e ter um grande despojamento do ego.
O ego é um inimigo sempre à espreita (eu sou boa eu sou melhor do que ela e eu sou assim e assado, eu sei tudo e ela não sabe nada, eu sou a mais bela...) quando não é apenas a protecção natural de uma persona social...que todas somos obrigadas a usar em comunidade ou em sociedade e sem ele corremos o risco de sermos engolidas pela mente alheia. Não digo que isto se passe só com mulheres mas é com mulheres muito  mais acentuadas  estas questões do que entre homens, fruto dessa velha e antiga trivialidade e competição...vejam só...pelo macho!
Mas quando chegamos a um certo nível de entendimento e de consciência e queremos fazer  um trabalho em profundidade com mulheres e a sua realidade e o seu saber milenar,  isso implica sinceridade e abertura, entrega e confiança e então temos de deixar cair as máscaras e perder o medo...temos sempre que arriscar um pouco...mesmo que não seja 100 por cento garantida a confiança, o que é mais do que normal, é possível confiar um mínimo dentro destas premissas.
Senão fizermos isso também não se faz nenhum trabalho válido em grupo e  estamos  apenas a fazer de conta...que somos mulheres em busca de si...
Confiar umas nas outras é portanto preciso.
RLP


Por isso de vez em quando é bom lembrar...

“As conexões com e entre as mulheres são as mais temíveis, mais problemáticas e as forças mais potencialmente transformadoras do planeta.”  Adrienne Rich


 

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